Antes de mais nada, já escrevi e falei diversas vezes que é importante que o torcedor se coloque em presença, ou seja, que proteste e cornete o time, qualquer que seja. É até uma obrigação. Dito isto, há situações que passam do limite do razoável e mais atrapalham do que ajudam.
Fortaleza 3×2 Moto Club pela Copa do Nordeste e mais uma vez o comportamento da torcida do Fortaleza que foi ao Castelão foi um dos destaques.
Sem a menor paciência – a menor, repito – qualquer episódio que desagradasse o torcedor já virava vaia, cobrança e xingamento, situações que não guardam qualquer relação com apoio e, sim, com perseguição.
Se tem limitações técnicas e táticas evidentes, ficou claro que o grupo está forte do ponto de vista de objetivo traçado e tem lutado muito nas partidas. Há raça e entrega. O grupo também está fechado com Hemerson Maria. Não por acaso, após o gol de Ze Carlos, no final da partida, muitos atletas foram abraçar o treinador.
Mas a torcida, entretanto, está contra o técnico. Há uma má vontade enorme e sem explicação razoável para tão pouco tempo de trabalho. Após o jogo, dezenas foram na porta dos vestiários exigir a saída de Hemerson Maria que, sereno, avisou que não vai pedir demissão.
A torcida está contra o elenco. Desde os 11 minutos do primeiro jogo da temporada – é absurdo, mas real – segue gritando “time sem vergonha” e pedindo por reforços. Neste domingo foi exatamente o mesmo discurso.
A torcida está contra os dirigentes. Acha todos incompetentes e incapacitados para a função.
Convenhamos, fica difícil assim. Difícil porque ainda que mudasse treinador, o elenco todo e a diretoria por completo, as frustrações que não são desta temporada continuariam presentes.
O ano mal começou. Ainda dá tempo de uma reflexão do torcedor. Ele pode efetivamente ajudar e isso não quer dizer não cobrar, pelo contrário, até porque há o direito e o dever de se fazer isso sempre, mas é tempo de se ter o mínimo de bom senso e não atrapalhar.