Discreto, útil e elegante. Assim é descrito por muitos o trema, sinal gráfico da língua portuguesa que indica quando a letra U é pronunciada nos grupos GUE, GUI, QUE e QUI. Sua sentença de morte foi decretada com a oficialização do novo Acordo Ortográfico, formulado em 1990 por vários países lusófonos e em vigor no Brasil desde janeiro de 2016.

Com a morte do trema, o sequestro virou banal, a liquidação perdeu a graça e a língua ganhou mais uma armadilha. Agora, lingüiça, seqüestro, liqüidação e tantas outras palavras não são mais escritas com o sinal, passando a ser grafadas assim: linguiça, sequestro e liquidação. Contudo, segundo as novas regras, a pronúncia continua a mesma.

Esse fato, bem como vários outros pontos do novo Acordo, tem gerado inúmeras discussões entre os especialistas. Um deles é Ernani Pimentel, professor de Língua Portuguesa e crítico ferrenho às alterações. Em entrevista à Agência Brasil, ele disse que “é absurdo ter tirado o trema, porque o acordo é ortográfico, só pode mexer na escrita, e o trema não é ortográfico, é ortofônico (é um sinal que significa que a letra sobre a qual há trema se pronuncia). Ele [o Acordo] mudou a pronúncia”.

De fato, a supressão dos “dois pontinhos voadores” trouxe consigo muitos transtornos. Como se pronuncia quinquênio? E eloquente? Em “distinguir”, eu falo ou não o U? Atualmente, não se dá mais para saber só olhando, o jeito é sempre consultar o velho e bom dicionário.

Vale lembrar que a supressão do trema – também chamado de diérese