Canal no Youtube Mostra a Dor e os Motivos de Quem Vive Dentro do Armário.

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Segundo semestre de 2012 e o grupo de amigos da faculdade mais consolidado do que nunca, não fosse o fato de eu ser o único gay assumido entre eles e ouvir constantemente o questionamento de algumas amigas: “Tua acha que fulano é gay?”. Não era pra ser nada demais, mas acaba sendo. Veja só:

Essa era a pergunta que elas sempre faziam sobre um dos nossos colegas, e minha reposta era quase que imediata, “Não sei se ele é gay, mas se um dia ele se sentir a vontade para dizer que é, com certeza assim fará”. É incrível pensar como a sexualidade de alguém pode ser tão interessante para outros, e como esconder o fato de você ser gay pode ser tão doloroso; e revelar isso pode ser libertador para alguns.

Mas o que leva alguém a viver no armário, esconder sua sexualidade e sufocar seu desejo?  Como é viver dentro do armário? Essa foi a pergunta de partida do último vídeo postado pelo Canal Põe na Roda. Com pouco mais de 2 meses de existência, o portal excessivamente gay  sempre ousou em fazer graça, e na última terça surpreendeu com um vídeo sério, verdadeiro e ao mesmo tempo emocionante.

Foram quatro rapazes com diferentes perfis e estruturas familiares. Jovens, religiosos ou não, idealistas, e uma única coisa em comum: todos gays e ainda dentro do armário. Com seus rostos ocultos eles responderam perguntas sobre família, trabalho, religião, amigos e como tudo isso pode ser um martírio para quem precisa durante todo o tempo esconder sua sexualidade. Mais do que revelador o vídeo é emocionante e com uma surpresa recheada de coragem e autoafirmação.

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[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=JfLFn345Cm0&feature=share&list=UU1cpNboD3WmXMq4wFt6C2eA[/youtube]

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Sobre o amigo enrustido do começo do texto: numa festa cerca de 3 meses depois, ele se deu ao direito de expressar sua sexualidade ao beijar um outro rapaz na nossa frente. O questionamento depois disso acabou e a amizade apenas fortaleceu. O fato é que questionar a sexualidade de alguém é deselegante, e talvez o mais correto seria propiciar um ambiente de confiança onde cada um possa se sentir livre para ser o que é sem medo de repressão. Isso vale para amigos, família, trabalho, emfim, deveria ser assim em todo o mundo.

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Thiago Silva é jornalista, editor do blog Para Mocinhos e colunista do Homem ETC