Minha irmã Cecília, mãe do Caetano, fez um relato bem legal sobre postar, ou não, as fotos do seu filho nas redes sociais. Vem ler, gente!

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Essa semana eu vi essa dúvida pairando por aí e me senti provocada em responder.
Caetano nasceu num domingo de fevereiro, um dia lindo, quente e ensolarado. Nasceu de manhã cedo. Fomos para a maternidade acompanhados de algumas pessoas da família, porém, quando saio da sala de cirurgia (sim, foi cesária), encontro o quarto lotado de amigos e familiares que foram nos ver, ou melhor, vê-lo, já que esse é o dia em que você, antes grávida, passa de centro das atenções para coadjuvante! E é isso mesmo… Fiquei impressionada. Era tanta gente que, foi mal pessoal, eu nem consigo lembrar de todo mundo que tava. Uma das enfermeiras, muito simpática, até deu um chilique por não me deixarem descansar. Eu tava gostando apesar de não poder falar e de estar bem fraquinha. Mas ok, no fim tudo deu certo, todos viram o Caetano e nos deram muitos e muitos votos de saúde e demonstrações de carinho.

Nas semanas seguintes ao nascimento, vivendo a montanha russa emocional de ter em casa um recém nascido, vivenciamos a intensa experiência das VISITAS. É muito bom para os pais receber os queridos, os afagos e afetos de familiares e amigos, mas confesso, às vezes pode ser desconfortável, diante da recuperação da mãe, da adaptação à amamentação, a preocupação em proteger aquele pequeno bebê que sai da sua barriga e vem respirar o mesmo ar que nós. Recebemos muitas, principalmente das pessoas mais íntimas, que acabavam por ajudar e contribuir com o que lhes era possível. Minha irmã compartilhava não só das minhas dúvidas e dificuldades como também da louça suja. Meu cunhado Robertinho veio muitas vezes, ajudou em banhos e trocas de fraldas, além de trazer muita conversa boa. Minha amiga Simone veio cozinhar pra mim num dia em que o Rodrigo precisou viajar. Minhas tias e os pais do Rodrigo enchiam a gente de carinho e a geladeira de comida. Minhas primas/irmãs compravam remédios, nos levavam em médicos e ficavam com o Caetano em momentos como: um simples banho ou como no dia em que eu e o Rodrigo arriamos na cama com dengue! Amigas e amigos passaram simplesmente para nos ouvir. Chorei para algumas pessoas… medo, cansaço, alegria e amor. Mas não conseguimos receber todo mundo! E as outras pessoas, talvez menos íntimas, mas não menos amadas? Fiquei com uma sensação estranha de querer dar conta de receber todo mundo, de fazer com que esse momento fosse compartilhado com todos.

Na gravidez, a cada ultrassom, eu enviava por email ou em mensagens no Facebook, uma imagem e as informações sobre a saúde do meu bebê para amigos e família. E sentia que de certa forma, eu trazia todo mundo para perto, incluindo toda uma família que mora em São Paulo, minha segunda casa. Após o nascimento veio a vontade acompanhada da dúvida: será que devo publicar imagens dele na internet? Pensamentos como: “a internet é um perigo”, “é muita exposição”, “pode rolar mau-olhado”, e várias loucuras passam pela sua cabeça, todas baseadas em algo que considero perda de tempo, o velho “o que os outros vão pensar?”. Fui obtendo aos poucos minhas respostas e motivações. Postei uma foto dele no seu 2º dia de vida, todo encolhidinho, dormindo, com a legenda: Bom dia.  A próxima foi uma foto com o papai, deitados “barriga com barriga”. Em seguida vieram imagens com tios, tias, avós, amigos, na medida em que o tempo foi passando. Sempre que completa mais um mês, coloco uma nova imagem.

Bom dia!

O que antes parecia preocupante virou para nós um prazer. Todo o carinho que recebemos ao vivo das pessoas que nos visitaram e visitam até hoje, recebemos também através dos comentários e felicitações virtuais e muito reais! Ai você pode me perguntar se isso não é expor a intimidade… desculpa, nossa intimidade está bem longe de estar exposta. O sorriso ao acordar, a felicidade do banho, a dor da cólica, a coceira do dente nascendo, amamentar, a atividade da madruga, a dor nas costas, o choro de mãe, o choro de pai. Voltar a trabalhar, ciúme da babá, suspender a lactose, ver o pescoço ficar duro, ouvir os primeiros sons, banho de sol e passeio de carrinho. A primeira gargalhada, trazer pra dormir na nossa cama. Escolher o pediatra, seguir o seu instinto. O beijo de boa noite, mesmo sabendo que dali a no máximo 3 horas vocês vão se ver novamente e nesse momento tem sempre um “eu te amo”. Isso não tem como expor.
Tenho consciência de problemas em estar “nas nuvens”, mas não consigo confundir com a realidade. Se minha relação com a rede é intensa, ela se dá na medida a que lhe cabe. Na minha vida ela ocupa um pequeno pedaço, porém, para meus amigos e chegados, o que eu público é uma maneira de se aproximar e eu gosto dessa idéia. Isso pode significar também aproximações não desejadas, mas, por favor, mau-olhado aqui não cola. Uma curtida indesejada? Sim, de vez em quando rola e são difíceis de entender, mas a internet tem dessas, tem gente que não sabe usar e acaba sendo invasivo. Depois você pode “cutucar” pra tentar entender, mas cuidado, cutuque ao vivo pra não criar constrangimento virtual!

E assim a gente vai caminhando, aprendendo a conviver com a virtualidade, fazendo bom uso e aproveitando as coisas que ela oferece de mais interessante, dentre elas, a aproximação, o encurtamento da distância e um alívio pra saudade. Fazer dela uma via de mão dupla, onde se dá e recebe coisas boas.
Quem gosta de ver as fotos do Caetano levanta a mão ai! o/

About the Author

Carol Bedê

Jornalista. Mãe da Laís e do Vinícius. Já quis ser muita coisa...depois de terminar a faculdade de letras, uma especialização e a faculdade de comunicação social (jornalismo), de uma coisa tive certeza: o que eu quero mesmo é escrever. Já escrevi sobre muitos assuntos. Tentei até fazer poesia, mas nunca achava que conseguia. Depois de ser mãe resolvi escrever sobre ser mãe, sobre bebês, sobre crianças e sobre esse mundo. E só agora acho que consigo fazer poesia.

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