Pedro Parente em vídeo divulgado no começo da semana, no qual explicava as medidas que vinha tomando

Fortaleza –  Pedro Parente até demorou. Vinha sendo atropelado pelo Governo. E quando se perde a confiança do principal acionista não há saída. A não ser, sair. Ao optar pelo caminho da demissão, Parente demonstrou auto-estima. O desapego a cargos é uma virtude dos grandes gestores. Todo mundo sabe qual o perfil dos fracos. São pusilânimes e aguentam todo tipo de sapo. Aceitam cascudos.

Parente fez o que deveria ser feito. Ajustou os preços ao mercado internacional, como mandam os interesses da Petrobras e dos acionistas, nós, os contribuintes – não apenas o majoritário. Ao assumir a companhia, há dois anos, estabeleceu a frequência diária dos reajustes, como forma de poder lidar melhor com a participação no mercado. Fizesse mensal, correria o risco de ficar exposto à perda de participação de mercado. Antes dele tentaram um falso aditivo no tanque da inflação.

A carga tributária que alimenta o (tirano)ssauro público explica o preço das coisas. Livro é caro, saúde é cara, carro é carro e combustível é caro porque os impostos são altos e muitos. O sistema tributário brasileiro é cruel, concentrador de renda e intencionalmente confuso. A máquina pública nos três níveis e nos três poderes vive um universo paralelo, de mármore, granito, arquitetura arrojada, vidro fumê, primeira classe, férias em excesso e excesso de gente.

O presidente que sai encontrou ao chegar um cenário de campo arrasado por uma quadrilha.

Em suma, o antecessor indicado pela então presidente Dilma Roussef (PT), em plena crise na estatal, era Aldemir Bendine. Sabem o Bendine? A nomeação dele causou espanto pois ele já tinha problemas com a Receita Federal, com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e com um empréstimo fora de padrão do Banco do Brasil, presidido antes por ele.

Ao ser inquirido pela Receita por conta de  “evolução atípica” de seu patrimônio, bem como pela compra de um imóvel com pagamento em espécie, o presidente do banco 001  dissera que mantinha o dinheiro em casa.  Chegou a pedir propina a Odebrecht após um ano de Lava-Jato, a propósito. Coisa de bandido com trânsito livre no Palácio do Planalto de Lula e Dilma. Hoje, está na cadeia. Foi condenado pelo juiz Sérgio Moro a 11 de prisão na Operação Lava Jato pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.

Inoportuna para a Petrobras, a saída da Presidência neste momento foi oportuna para Parente. Nestes dois anos conseguiu aquilo que se usa em qualquer gestão, uma boa marca. O mesmo que  que os melhores prefeitos, governadores, presidentes, gestores privados (nisso incluindo editores de jornal) buscam todo dia. Fora disso, mais do mesmo.

A queda de um presidente porque fez o que deveria ser feito deixa no ar uma pauta: em que medida faz sentido uma indústria petroleira sujeita a partidos?

 

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Jocélio Leal

Editor-chefe dos núcleos de Negócios e Economia do O POVO- POPVeículos/ POP Imóveis e Construção/Empregos& Carreiras/ Editoria de Economia/ Colunista de Economia e Política no O POVO/ editor-executivo do Anuário do Ceará desde 2001/ Apresenta flashes do Blog nas rádios O POVO-CBN e Nova Brasil FM/ Apresentador da TV O POVO (Canal Futura)

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