A campanha “Adote um Pequeno Torcedor”, lançada pelo Sport Club do Recife em agosto de 2015, entra agora numa nova fase. Isso porque o primeiro projeto de adoção apoiado por um time de futebol acaba de ganhar um documentário. “Depois dos Sete – Uma reflexão sobre a adoção tardia” tem como objetivo despertar o interesse daqueles que querem ser pais para a possibilidade de adotar uma criança com mais de sete anos e também esclarecer as principais dúvidas sobre o tema.

 

O documentário traz depoimentos de psicóloga, pedagoga, coordenadora de casa de abrigo, da Justiça, do próprio Sport e de algumas crianças envolvidas no projeto “Adote um Pequeno Torcedor”. Quarenta e três crianças acima de sete anos, todas da Segunda Vara da Infância e Juventude de Recife, fazem parte da ação.

 

[youtube]https://youtu.be/wumbJeQ0P5E[/youtube]

 

Desde que foi lançada, campanha tem como objetivo central conseguir famílias para estas crianças. Todo o trabalho social foi criado e desenvolvido em parceria com o Juiz Elio Braz, da Segunda Vara de Infância e Juventude do Recife, e com o Ministério Público de Pernambuco, em acordo com as leis brasileiras. Um dos motivadores da campanha é o fato de que, no Brasil, quase 94% dos pais interessados em adotar buscam crianças menores de 7 anos. No entanto, 8 em cada 10 crianças que estão esperando por uma adoção já passaram dessa idade. Os dados são do Cadastro Nacional de Adoção e foram fornecidos pelo Conselho Nacional de Justiça.

 

E, em geral, as crianças mais velhas já escolheram um time do coração. Acreditando que a paixão pelo mesmo time pode ser uma conexão entre pais e filhos, o Sport acredita muito na força da campanha Adote um Pequeno Torcedor. Agora, com este documentário de quase 9 minutos, a ação entra mais a fundo neste problema que muitas pessoas da sociedade desconhecem.

 

Para a psicóloga Carolina Albuquerque, uma das entrevistadas do documentário, preconceito é o principal obstáculo para que os pais interessados em adoção venham a considerar uma criança de maior idade. Mais uma vez entra a importância da campanha. Os profissionais ligados direta ou indiretamente com o trabalho de adoção são unânimes em dizer: os pais buscam uma criança idealizada, mas na verdade se esquecem de que filhos perfeitos simplesmente não existem. Nem adotivos, nem biológicos.

 

O Juiz  Elio Braz destaca que o processo de escolha, de ver e apontar esta ou aquela criança para adotar, é proibido por Lei. “Quando um bebê nasce, na maternidade, você olha para ele e esquece tudo o que idealizou. Aceita a criança da forma que ela veio. E sempre é uma grande surpresa”, diz Braz. Para o Juiz, quando você adota uma criança maior, recebe de presente uma pessoa. “’Trata-se de alguém com uma historia de sofrimento, mas por trás também existe uma história de coragem, de força, de luta pela sobrevivência e um desejo imenso de que tudo dê certo na vida.”

 

O presidente-executivo do Sport, João Humberto Martorelli, comenta que é um orgulho para o clube fazer parte e apoiar o projeto “Adote um Pequeno Torcedor”. “É uma forma de usar o futebol como instrumento de paz e amor; de dar alegria e cidadania a essas crianças que querem ter uma família e um lar.” Martorelli lembra ainda que, apesar de esta ser uma ação apoiada pelo Sport, com o objetivo de sensibilizar a sua torcida, quando o tema é adoção, não há rivalidade. “Pessoas de qualquer região do país e não apenas torcedores do Sport podem apoiar a causa. Queremos que a campanha mobilize todo o Brasil para que o maior número possível de crianças que vivem em abrigos sejam adotadas”, completa o presidente.

 

Há cerca de um ano e meio, estão trabalhando no projeto “Adote um Pequeno Torcedor”, além do próprio clube, as promotoras de Justiça do Ministério Público de Pernambuco Ana Maria Maranhão e Daniela Brasileiro, Dr.  Elio Braz e a Ogilvy Brasil, agência de comunicação responsável pela conta do clube desde 2012. O apoio de cada um dos órgãos públicos foi indispensável para a realização da campanha. A produtora é a Academia de Filmes, que atua em parceria com a Urso Filmes.

 

Além do documentário, foram criados também dois filmes para divulgar a campanha. Um é chamado de “Paixão em Comum” e o outro,“Dia de Jogo”. A comunicação visual de todo o material foi feita em cordel, com uma caricatura de cada criança. No site (www.adoteumpquenotorcedor.com) há também informações sobre a Lei brasileira que trata de adoção e os contatos da Justiça caso alguém se interesse em adotar.

 

O site e toda a campanha são apenas uma ferramenta para divulgar a causa – não facilitam nem encurtam nenhuma das etapas. A partir dali, todos os processos devem seguir os trâmites legais, sem nenhuma interferência dos envolvidos no projeto “Adote um Pequeno Torcedor”.

About the Author

Joelma Leal

Jornalista, formada pela Universidade de Fortaleza (Unifor) e especialista em Gerência Executiva de Marketing - Cetrede/UFC. Assessora de comunicação do Grupo O POVO. Titular da coluna Layout, publicada às sextas-feiras, no O POVO, e editora-adjunta do Anuário do Ceará, composto pela publicação impressa, site e especiais para TV. Apresentou o programa Faixa Conexão Layout, da TV O POVO.

View All Articles