Por Thaís Brito (thaisbrito@opovo.com.br)
Por Isabel Costa (isabelcosta@opovo.com.br)
Em 1816, a escritora Jane Austen estava com 40 anos e começou a sentir os efeitos de uma doença misteriosa, provavelmente a Doença de Addison. Um quadro que foi piorando até o ano seguinte, 1817. Há exatos 200 anos, ela aproveitava o mês de janeiro para começar o manuscrito de um novo romance. Conseguiu concluir 11 capítulos de The Brothers (hoje conhecido por Sanditon) até que, em março, deixou o 12° capítulo de lado: não tinha mais forças para continuar. Ela foi definhando até morrer no dia 18 de julho.
A genialidade da autora inglesa continua cativando admiradores até hoje. Seja pelos livros publicados ou pelo romantismo evidenciado em adaptações do cinema e da TV, lembra Adriana Sales, fundadora e presidente da Jane Austen Sociedade do Brasil (Jasbra). Desde 2009, a Jasbra promove encontros anuais para discutir trabalhos acadêmicos sobre a escritora. “Os eventos mantêm a memória viva da autora e reúnem amigos, pessoas com este interesse em comum”, relata.
Há oito anos, a Jasbra nasceu a partir de um café com amigos para falar sobre as obras, o que acabou virando uma proposta para reunir trabalhos de diversas áreas sobre Jane Austen e seguir os moldes de organizações de outros países, como a Jane Austen Society of North America (Jasna), nos Estados Unidos, e a Jane Austen Society of Australia (Jasa). Outros países foram criando estruturas semelhantes depois, como Itália, Espanha e Portugal.
Aqui no Brasil, o grupo de fãs já utilizou de diversas plataformas para trocar informações: comunidade no Orkut, fórum de discussão e lista de e-mails, por exemplo. Hoje, as duas plataformas mais usadas são grupos no Facebook e no Whatsapp. Este fluxo online de comunicações sobre a autora está rendendo a pesquisa do doutorado de Adriana Sales em Estudos Linguísticos na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Os encontros presenciais ocorrem em Minas Gerais com temas diferentes a cada edição. Para este ano do bicentenário da morte da autora, o tema será “Celebrando o legado de Jane Austen”, com inscrições de trabalhos a serem iniciadas em janeiro. O evento será em Belo Horizonte, no Memorial Minas Gerais Vale, em junho ou julho.
Em dezembro de 2016, o encontro realizado na cidade histórica de Ouro Preto aproveitou ainda o bicentenário de publicação de Emma, lançado em 1815. “Tivemos essa sorte de ser da geração em que os livros dela vão fazendo 200 anos. Podemos voltar o olhar para cada um deles”, frisa Adriana. No próximo ano, por exemplo, é a vez dos livros A Abadia de Northanger e Persuasão, que tiveram publicações póstumas. Mais um ano convidativo para celebrações.
Também para quem mora em Minas Gerais, uma programação para 2017 é a exposição sobre vida e obra de Jane Austen na Biblioteca Pública de Minas Gerais, começando no dia 3 de julho. No dia 18 do mesmo mês, a data de falecimento da autora contará com palestra ministrada por Adriana Sales sobre o legado da escritora na biblioteca. Para este ano, a Jasbra também planeja a publicação de duas revistas reunindo trabalhos acadêmicos para serem disponibilizadas na internet.
Como tradutora de Mansfield Park e Razão e Sensibilidade para a editora Landmark e de Emma para a Martin Claret, Adriana comemora o fato de que o mercado editorial tenha despertado para alimentar a “Austenmania” no Brasil. Os pesquisadores do fenômeno identificaram o boom de fãs no mundo após as adaptações para TV e cinema dos anos 1995 e 1996: Orgulho e Preconceito (com Colin Firth), Razão e Sensibilidade (com Emma Thompson) e dois filmes de Emma (um com Kate Beckinsale, outro com Gwyneth Paltrow), por exemplo. No Brasil, Adriana percebe que o número de publicações dos livros no Brasil tem crescido nos últimos dez anos.
A escritora Carina Rissi, autora da série Perdida, estuda e acompanha a obra de Jane desde a juventude. “Apesar de terem sido escritos há muito tempo, os livros abordam temas totalmente atuais. E, por isso, há identificação dos leitores. São obras universais”, pontua. Para Carina há, ainda, o fato das protagonistas serem mulheres fortes e que caminham muitos passos à frente do próprio tempo. “Jane foi uma mulher totalmente atípica para a época na qual viveu e isso se reflete nos livros”, explica Carina.
O bicentenário da morte de Jane Austen motiva os fãs a planejarem programações especiais em memória da escritora em todo o mundo. Principalmente nas cidades inglesas. Mas para quem fica aqui pelo Brasil, quais são as outras novidades? Veja a lista de algumas certezas e possibilidades para este ano: aqui!
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Obrigada pela divulgação dos eventos da Jasbra!