Por Mariana Amorim (do blog Memórias de Gaveta)

Baseado em fatos, O Navio das Noivas foca a vida das mulheres no período pós-segunda guerra mundial

A britânica Jojo Moyes é um dos nomes mais respeitados no universo das histórias de amor. A romancista, que terminou 2016 na lista dos autores mais lidos do Brasil, é conhecida por seus dramas arrebatadores. Após o sucesso de Como eu era antes de você, a Editora Intríseca, responsável pelas publicações de Jojo Moyes no Brasil, lança mais uma narrativa da escritora inglesa: O Navio das Noivas. A obra traz para os leitores um romance baseado em fatos reais vivido no período pós-segunda guerra mundial.

A narrativa se passa em duas épocas diferentes. O livro inicia em 2002, na Índia, onde avó e neta estão em uma viagem e acabam chegando a um estaleiro. No local, a senhora encontra um antigo navio com um nome familiar. Trata-se do HMS Victoria e, a partir daí, o leitor é levado pelas memórias daquela senhora e embarca no navio em 1946.

Após o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1946, a Marinha Real Britânica recebe as esposas do pós-guerra. São mulheres e meninas que haviam se casado com oficiais ingleses que estavam prestando serviço no exterior. Um desses navios é o HMS Victoria que parte de Sidney, na Austrália, com cerca de 600 mil mulheres. A narrativa foca na vida de quatro delas: Margaret, Jean, Avice e Frances que, com personalidades e objetivos completamente diferentes, são obrigadas a dividir a mesma cabine durante dois meses.

Jojo Moyes

Jojo Moyes

A viagem se mostra difícil. O navio, um porta-aviões, é repleto de restrições para as mulheres apesar de elas serem maioria na embarcação. Durante os dias em alto mar, as passageiras são obrigadas a realizarem atividades e aulas que as auxiliarão na adaptação na nova vida em Londres. Além disso, era restrita o contato das mulheres com os tripulantes e qualquer outro homem dentro do navio.

Uma série de eventos e alguns segredos acabam unindo ainda mais as quatro mulheres. Porém, toda a tensão e os acontecimentos da viagem, deixam marcas profundas na vida delas. E cada uma vai levar algo diferente daquela embarcação.

Para escrever O Navio das Noivas, Jojo Moyes se inspirou na história da própria avó. A obra é diferente dos romances anteriores da autora. As mulheres são as protagonistas e possuem personalidades fortes e bem definidas. Narrado em terceira pessoa, o livro foge do roteiro já conhecido pelos leitores da britânica. Durante a leitura não é possível identificar de quem são aquelas memórias. Apenas no desfecho, é que fica claro o rumo que cada uma tomou e quem narra à história.

Uma história real
A avó da autora, Betty Mckee, tinha apenas 22 anos quando deixou a Austrália em busca do seu grande amor, Eric, um jovem oficial da marinha escocesa que ela havia conhecido algumas semanas antes. Ela, assim como outras 600 mulheres, viajou cerca de dois meses em busca do mesmo sonho: retomar a vida após a Grande Guerra e encontrar os soldados por quem eram apaixonadas.

A partir dos fatos narrados pela avó, Jojo começou uma pesquisa sobre esses navios. A única pista que a autora tinha era o nome da embarcação que a avó chegou a Londres, o HMS Victorious.

Para escrever o romance, Jojo Moyes resolveu imergir fundo em pesquisas. No início a dificuldade para encontrar dados foi tão grande que Jojo chegou a achar que a avó estava equivocada. Porém, dias depois, ela descobriu, na internet, um livro sobre a embarcação e a trama de O navio das noivas começou a existir.

O fato é que a obra apresenta outro lado de Jojo Moyes. A leitura, mesmo um pouco maçante em alguns momentos, é emocionante. O livro mostra o papel das mulheres durante o período da guerra, fatos históricos e como a vida funcionava diante do caos e do horror daquela época. O Navio das noivas surpreende mesmo que não gosta de histórias de amor.

livro-o-navio-das-noivas-jojo-moyes-8725993Serviço
O Navio das Noivas – Jojo Moyes
Editora Intrínseca
385 páginas
Quanto: R$ 23,50

About the Author

Isabel Costa

Inquieta, porém calma. Isabel Costa, a Bel, é essa pessoa que consegue deixar o ar ao redor pleno de uma segurança incomum, mesmo com tudo desmoronando, mesmo que dentro dela o quebra-cabeças e as planilhas nunca estejam se encaixando no que deveria estar. É repórter de cultura, formada em Letras pela UFC e possui especialização em Literatura e Semiótica pela Uece. Formadora de Língua Portuguesa da Secretaria da Educação, Cultura, Desporto e Juventude de Cascavel, Ceará.

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