A ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, disse o seguinte a respeito da crise que abala o Senado:
«Tem uma prática no Brasil que não esta correta que, é achar que sempre que você pega uma pessoa e joga ela aos leões você está no caminho de solucionar as questões éticas. Colocar a culpa em uma pessoa por uma crise que tem mais de quinze anos não é certo […] Quem é responsável pelos contratos, pelas passagens, por tudo? Soube eu que os integrantes da primeira secretaria foram do DEM e estranhamente o DEM pede o afastamento do Sarney. Se a casa foi dirigida pelo DEM, o partido também tem que prestar contas.»
Quem poderia dizer que ela está errada?
Ninguém. É fato que as irregularidades do DEM e do PSDB estão fora da berlinda. Agora, isso não implica aliviar a responsabilidade de Sarney, como querem alguns aliados do governo.
Outros se queixam de uma aliança entre a oposição e “setores da imprena” para a produção de denúncias.
Quem poderia dizer que isso não acontece?
Ninguém. Agora isso vale em qualquer momento histórico. Quem está na situação é o telhado de vidro da vez. Certo ou errado, é assim que a banda toca. O PT já foi malho, agora é bigorna. “Setores da imprensa” já lhe acudiram, agora o cutucam.
Outros dizem que a enxurrada de denúncias tem a ver com a disputa à Presidência de 2010.
Quem pode dizer que isso é mentira?
Ninguém. Mas os políticos – de oposição ou de situação – são assim mesmo: estão sempre pensando na próxima eleição. Certo ou errado, é assim que caminha a humanidade.
Outro dizem que se faz carga em cima de Sarney pelo papel de destaque que ele ocupa como presidente do Senado.
Quem poderia discordar?
Ninguém. Mas – para o bem ou para o mal – e assim que funciona a narrativa jornalística. Pega-se quem está em evidência. Os supostos malfeitos de Renan Calheiros, depois de apeado da Presidência do senado, evaporaram-se. O “deputado do castelo”, hoje é nota de pé de página dos jornais.
Mas não são os políticos que podem reclamar disso, a não ser que haja alguma mentira nas publicações. Se eles não cometessem irregularidades, não haveria matéria-prima para a “imprensa sensacionalista”.
Agora é fato, quando alguém é escolhido como a Geni da vez, o sujeito pode preparar os couros. Hoje é Sarney, amanhã será uma próxima vítima, como modo de dizer, pois, de regra, tais “vítimas” também têm culpa no cartório.