Bernardo Kucinsky, autor do livro “Jornalistas e revolucionários – Nos tempos da imprensa alternativa”, obra fundamental para quem quiser entender a imprensa “nanica”, principalmente da década de 1970, falou ao O POVO sobre os 40 anos do lançamento do Pasquim [a primeira edição saiu em junho de 1969].

Kucinski autou em vários jornais da imprensa alternativa, é atualmente professor e pesquisador. Foi assessor especial de Lula, para o qual escrevia as “Cartas Ácidas”, análise do que a imprensa publicava sobre o governo

Veja alguns trechos da entrevista ao O POVO:

«O Pasquim foi o jornal da liberação dos costumes e, por isso, despertou a ira dos militares. Eles viam ali havia uma ação conspiratória, uma reunião mundial comunista para acabar com a família, esse besteirol todo.»

«O estilo descontraído e desbocado foi uma grande novidade.»

«Acho até que [os que faziam o Pasquim] eles eram mais anárquicos do que se davam a entender. Num episódio, surgiu a oportunidade de comprar uma gráfica e o Jaguar não quis porque precisaria contratar operários, ser patrão.»

«Ele [o Pasquim] não se renovava, não trazia os jovens para redação como nos outros jornais. Eram sempre as mesmas pessoas e na medida em que elas foram ficando velhos, seu humor foi ficando velho também. Isso ficou evidente quando eles relançaram o Pasquim anos depois e não pegou. O humor foi envelhecendo junto com eles. Hoje eu não leio o Millôr. Tenho um enorme respeito, mas o humor dele não diz nada para mim. Esse seria o principal fato para o fim. Esgotaram-se e passou.»

Veja o texto completo aqui.