Já escrevi neste blog – discordando de um certo senso comum – que não acho  o brasileiro ou os políticos deste país predispostos à corrupção. Defendo a seguinte tese: o que evita a corrupação ou o desrespeito à lei – desde uma infração de trânsito até a malversação de recursos públicos – é a fiscalização e a severidade dos controles.

Obviamente, uma educação voltada para os valores éticos e o bem comum ajudam muito, mas não resolvem, por si só o problema.

O POVO publicou neste domingo a matéria Escândalo [na Inglaterra] provoca mudança em benefícios parlamentares, referência à malversação de verbas públicas que envolveu creca de 170 integrantes do parlamento britânico.

Pois bem, as conseqüências foram as seguintes:

a) caíram o presidente da Câmara dos Comuns, Michel Martin, e nove ministros do governo do primeiro-ministro Gordon Brown;
b) devido ao escândalo caiu a popularidade do Partido Trabalhista [do primeiro-ministro], que pode sair derrotada nas próximas eleições de 2010;
c) foram cortados vários benefícios dos parlamentares, como o auxílio para a compra de imóveis;
d) foi criada a Autoridade Independente de Padrões Parlamentares [Ipsa, na sigla em inglês]. A Ipsa não será dirigida por parlamentares; seu primeiro coordenador será Ian Kennedy, um advogado especializado em temas de saúde e ética médica.

Observem que o comportamento de alguns parlamentares britânicos se assemelha ao de alguns deputados brasileiros. A diferença é que a reação aos malfeitos dos ingleses teve conseqüências, levando a punições e ao aperfeiçoamento do controle da atividade parlamentar – por uma agência independente.