“Hoje é muito complicado investir. Para abrir uma empresa tem que saber se não há nenhum osso embaixo”.
Palavras do sr. Atnônio Balhmann, presidente da Adece [Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará] ao responder a uma pergunta em reunião que ele participou na Fiec [Federação das Indústrias do Ceará], na terça-feira.
Ele respondia a um questionamento sobre o porquê da demora da construção da refinaria e da sidrúrgica, que deverão ser instaladas no porto do Pecém.
Mas o que tem a ver a citação que ele fez a “ossos” ao responder a pergunta? Lendo a matéria publicada hoje no O POVO – Solução para o estaleiro deve sair em até 6 meses – ficar-se-á sabendo que a referência desrespeitosa remete à reivindicação indígena de que, no local onde passaria uma estrada, haveria um antigo cemitério de seus antepassados, o que obrigou à construção de um desvio.
Vamos admitir que pode haver algum exagero na reivindicação indígena, mas isso é forma de um agente do Estado se referir a uma comunidade étnica?
O sr. Balhman é a mesma pessoa que quer, por fina [e bruta], força iniciar as obras do estaleiro no Titanzinho a todo custo.
Pode-se esperar diálogo de quem se comporta dessa forma?
Olá Plínio,
muito bom ver que vc nao deixou essa grosseria desmedida passar em branco.
Cá entre nós, aí neste comentário infeliz vai um bocado de ignorância, num vai nao?
Falar desse jeito de um povo que já ocupava esta terra há centenas, talvez milhares de anos… Quem sabe que riquezas culturais, étnicas se perdem com o passado dos índios sulamericanos. De dezenas de milhoes, no séc XV, eles estao reduzidos a alguns milhares que muito dificilmente conseguem manter o que restou de suas tradicoes.
O comentário em si é entristecedor. Mas saber que ele nao passou em branco é um alento.
Abracos,
Caro Plinio, diante de tanto descaso ético (ou “ecosófico”, diria Guattari), ninguém se lmebrou ainda de indagar ao sr. presidente da Camara Municipal, sociólogo formado pela UFC, o que ele acha de estar hoje enfileirado a posições como a do sr.Balhmann? Quem diria: o sr. Salmito, recentemente secretário de “Juventude” do PT (perigo:”Juventude” tem associações com as origens do fascismo na Europa), não considerar o capital cultural do surf… Envelheceu precocemente, o “sr.” Salmito. Ele, que tem entre alidados no PT gente que vem das comunidades praianas do interior, afirmou, recentemente:”Quem é que utiliza? A comunidade do Titanzinho, que continua com uma imensa e longa faixa de praia”. Ate agora, a exceção de artigo de minha autoria contra o estaleiro publicado no site de um dos aliados do sr. Salmito, José Airton (a minha revelia mas com todo apoio, e fico feliz por Jose Airton, meu amigo pessoal, tê-lo feito), ninguém questionará ao sr. Salmito: Afinal, o que ele e sua história pessoal tÊm a ganhar com isso? Abraços.
Tulio Muniz,jornalista e historiador (graduação e mestrado pela UFC) douturando no Centro de Estudos Sociais da univ de Coimbra, Portugal.
Plínio, não conheço pessoalmente o Ver.Salmito, nem tenho procuração para defendê-lo,muito menos comungo com suas posições,mas os comentários servem para exemplificar o que ocorre ultimamente na nossa imprensa.A intolerãncia.Será que o sujeito não pode ter uma opinião diferente da nossa que já vira um demônio..O pior é que essa intolerãncia é extremada, sem qualquer respeito pelo outro.Isso, penso eu, é um reflexo das atuais gestões dos governos.Eu sou deus, o outro é o diabo..
Caro Antônio,
Se você está se referindo ao comentário de Túlio Muniz, ela não pode ser considerada “da imprensa”, pois, apesar de jornalista, ele está afastado das redações, estudando em Coimbra, como v. pode ver. Mesmo que fosse na imprensa, como um artigo assinado, não veria problema – ainda que discorde, em muitas ocasiões, em se julgar as ações do presente pela histórico do passado de uma pessoa.
Agora, se v. se refere ao meu post, eu venho criticando a instalação no estaleiro no Titanzinho neste blog, que é um meio pessoal de se manifesta. E, no caso, fiz referência à forma brutal como o sr. Balhmann se referiu às tradições indígenas.
Agradeço o seu comentário,
Plínio
Plínio, não conheço pessoalmente o Ver.Salmito, nem tenho procuração para defendê-lo,muito menos comungo com suas posições,mas os comentários servem para exemplificar o que ocorre ultimamente na nossa imprensa.A intolerãncia.Será que o sujeito não pode ter uma opinião diferente da nossa que já vira um demônio..O pior é que essa intolerãncia é extremada, sem qualquer respeito pelo outro.Isso, penso eu, é um reflexo das atuais gestões dos governos.Eu sou deus, o outro é o diabo..
Caríssimos,
Também não tenho procuração para defender o Sr. Balhmann, administrador que deve ser visto com reservas depois de suas malsinadas iniciativas da Fábrica Gurgel e das cooperativas de máquinas de costura Chong, durante o Governo Ciro.
Mas, antes de criticá-lo duramente, devemos analisar o contexto em que tais declarações foram dadas:
Um pouco antes, falando-se em impactos ambientais, foi citado a paralisação da Ponte sobre o Rio Cocó, em 2002, após ser encontrado um CACHIMBO nas escavações das pilastras, gerando um diagnóstico de “Sítio Arqueológico” no local.
Após exames detalhados e demorados (com a obra paralisada) concluiu-se que o cachimbo e outros artefatos nada mais eram que “ferramentas” atuais para o consumo do famigerado CRACK, que tanto assola a nossa periferia e, de modo especial, aquela orla da Praia do Futuro.
Daí o comentário pertinente, considerando que, no calor do embate, qualquer osso comum pode ser confundido com material originário do cemitério indígena, que merece todo o nosso respeito.
Caro Luiz Carlos,
Agradeço suas observações, inclusive por contextualizar a situação em que as palavras foram ditas pelo sr. Balhmann: espero que sua análise esteja certa.
Plínio
Plínio, já ia começar a redigir quando li a manifestação do Luis Carlos.Pensei logo em pedir desculpas pela má colocação “da nossa imprensa”.Realmente na hora achei deslocada,sem expresar o que queria dizer,mas face a rapidez do comentário, deixei.Me referi não apenas ao caso do estaleiro, mas a todos casos polêmicos que se apresentam ultimamente, principalmente o problema da insegurança.Com sua quase única exceção, vejo uma parcialidade doentia de outros jornalistas e do próprio jornal.Já pensei até em deixar de lê o OPOVO, mas é uma violação muito grande aos meus hábitos,aos meus sentidos.Sendo sincero, ainda não deixei de fazê-lo por sua conta, pois admito que um jornal que tem um jornalista de seu quilate, não pode ser tudo o que penso.
Caro Antônio Alencar,
Se v. se refere ao estaleiro, O POVO vem mantendo posição muito equilibrada em sua matérias. Você poderá verificar isso revisando todos os textos que foram publicadas sobre o assunto. Agora, quanto aos comentários assinados, a responsabilidade é de quem os escreve. E o jornal vem publicando artigos tanto de quem defende o estaleiro no Titanzinho como daqueles que são contra a instalação do equipamento no Serviluz.
Agradeço a sua leitura, o seu comentário e a referência generosa ao meu nome.
Plínio
Plínio, já ia começar a redigir quando li a manifestação do Luis Carlos.Pensei logo em pedir desculpas pela má colocação “da nossa imprensa”.Realmente na hora achei deslocada,sem expresar o que queria dizer,mas face a rapidez do comentário, deixei.Me referi não apenas ao caso do estaleiro, mas a todos casos polêmicos que se apresentam ultimamente, principalmente o problema da insegurança.Com sua quase única exceção, vejo uma parcialidade doentia de outros jornalistas e do próprio jornal.Já pensei até em deixar de lê o OPOVO, mas é uma violação muito grande aos meus hábitos,aos meus sentidos.Sendo sincero, ainda não deixei de fazê-lo por sua conta, pois admito que um jornal que tem um jornalista de seu quilate, não pode ser tudo o que penso.