Jornais de todo o Brasil trouxeram correção às matérias que informavam que o piloto de Fórmula Felipe Massa teria dito que não seria “um segundo Rubens Barrichello na Ferrari”, uma clara manifestação pejorativa a seu colega de profissão. Isto é, seria se Barrichello houvera dito – e que ele não disse.

Massa corrigiu: “Eu nunca diria uma coisa dessas”

A declaração correta é esta: “É claro que na minha cabeça eu nunca serei um segundo [piloto]. Se um dia eu for o segundo vou achar outra coisa para fazer”. Veja no O POVO.

Bild

Quem divulgou a informação pondo na boca de Massa um “Barrichello” que ele não pronunciou foi o jornal alemão “Bild”, conhecido por seu sensacionalismo. Os jornalistas do impresso alemão pediram desculpas a Massa e Barrichello.

Mas a se levar em conta a trajetória do Bild, descrita no livro Fábrica de Mentiras [ed. Globo, 1990], de Günter Wallraff, o negócio não deve ter sido um simples descuido.

Disfarçado de repórter, Wallraff passou alguns meses como funcionário do jornal e descreveu como é o seu funcionamento, que ele ilustrou com uma piada que era contada na redação do próprio Bild (pág. 165, edição de 1982:

— «Sabe a última piada do Bild? [pergunta uma jornalista aos colegas] Trata-se de alguém que chega ao céu e então acende-se uma luz vermelha. Ele pergunta e São Pedro explica: “Um homem mentiu. Em seguida acende-se uma luz verde e São Pedro esclarece: “Agora foi uma mulher que mentiu”. De respente, toda a terra é inundada por uma mar de luzes flamejantes e o céu inteiro cobre-se de fogos de artifício. E então São Pedro diz: “Agora é o jornal Bild que está sendo impresso. E, juntos e coniventes [os jornalistas] riem às gargalhadas.»

Imigrante

Walrraff é também autor de Cabeça de turco [1985, Ganz unten]. Disfarçado de turco (ele usou lentes de contato castanhas para esconder os olhos azuis), ele viveu na própria pele a discriminação da sociedade alemã contra os imigrantes, que ficavam com os trabalhos sujos.