Creio que foi um filósofo a ter dito que o homem nunca se banha duas vezes na mesma água do rio; e foi Walter Lippman quem escreveu: “Aquilo que você vê é uma combinação do que está lá com aquilo que você quer encontrar”.

Filmes

Pois bem, assim são os filmes – e os livros -, nunca se os vê com os mesmos olhos vistos originalmente. Nunca esqueço o impacto que senti ao ver, por volta dos 19 anos, Sem destino, saindo meio sem rumo do cinema, as cenas me martelando a cabeça. Depois – muito depois – vi de novo em vídeo, achei o filme ok, ainda muito bom, mas perdera-se o choque original. Mudou o filme ou mudei eu?

O planeta

Com 12 anos eu vi o Planeta dos Macacos (o original), também saí atordoado do cinema, mas sem entender bem  a cena final, quando o astronauta, interpretado por Charlton Heston, com a nova Eva na garupa do cavalo, exclama algo como: “Loucos, maníacos, destruíram tudo” – em frente à Estátua da Liberdade semidestruída, soterrada até à altura do peito. Creio que eu nem sabia que a famosa estátua era o símbolo dos Estados Unidos. Foi meu irmão mais velho que me explicou: eles voltaram a uma Terra do futuro.

Franquia

Vi todas as sequências da “franquia”, como se chama hoje (e é a única que acompanho, pois tenho rejeição a essas sequência e acabo não sabendo qual é qual). Uma delas, se não me trai a memória, também tenta explicar a “origem”, com os macacos, perdão, os símios, tendo sido escravizados pelos humanos para trabalharem nos mais diversos serviços – o que causa a revolta.

O Planeta dos macacos – A origem

Pois bem, fui ver o novo filme,  que conta a “origem” de movo diverso, e aproveitando-se agora dos mais novos recurso da tecnologia – para dar uma expressão “humana” aos macacos, substituindo-se as máscaras usadas antes. Não é um filme ruim, apesar de algumas cenas que soam risíveis, como aquele em que César – o chimpanzé que lidera a revolta –  “conversa” com um orangotango por meio da linguagem de sinais.

Consciência

O que julguei mais interessante no filme foi a, digamos assim, “tomada de consciência” que assalta César quando, passeando em um parque com o seu dono, ele começa a questionar o que é: um animal de estimação? Não, responde o seu “pai” humano. “O que César é então?”, pergunta que fica sem resposta.

Humanidade

Creio que foi mais ou menos isso que se passou com a humanidade, que instante brilhante deve ter sido este – talvez o mais importante, pois fundador – quando os nossos antepassados, campeando nas planícies, começaram a perceber que eram seres individuais, que podiam pensar e transformar o mundo.

Bom, o que vem depois, e que não é tão bonito assim, todos conhecemos. (Incluindo outra lição do “Planeta”: os oprimidos de hoje são os opressores da amanhã, quando tomam o poder.)