Meu artigo publicado na edição de hoje (16/5/2013) do O POVO:
Bem vindos, médicos cubanos
Plínio Bortolotti
Desabou sobre o Ministério da Saúde uma enxurrada de críticas depois do anúncio que seriam contratados seis mil médicos cubanos para trabalhar no Brasil. Tirante a palhaçada da revista Veja, vibrando em suas páginas a acusação de que o país seria inundado de “espiões comunistas” – parlapatice indigente, que merece citação apenas pela teratologia circense – sobram os argumentos risíveis e os supostamente técnicos.
Entre os risíveis está dizer que os cubanos teriam dificuldade de entender a língua dos brasileiros. Pelo tipo de formação, os médicos da Ilha terão menos dificuldade para compreender os males do povo do interior do que elite médica nativa, que conhece Miami, porém nunca esteve nos grotões. Um destes ficaria com cara de abestado frente a um sertanejo queixando-se do pé desmentido ou de uma mãe aperreada, prestes a ter um farnesim, dizendo: “Doutor, trouxe o meu bichim porque ele está com o bucho quebrado”.
Quanto aos argumentos “técnicos”, as corporações médicas – conselhos e sindicatos – alegam faltar aos cubanos a preparação para o exercício da medicina. Poder-se-ia dizer o mesmo de boa parte dos médicos nativos, porém dos cubanos será exigida prova de qualificação, o que descredencia a crítica.
O suposto argumento técnico, na real, visa a garantir reserva de mercado. Mas fica difícil entender, mesmo desse ponto de vista, pois a maioria dos médicos tupiniquins recusa-se a clinicar em áreas remotas. Assim, essa reserva assemelha-se às “áreas de engorda” de especuladores imobiliários, que seguram grandes lotes urbanos, esperando valorização. Pelo jeito, do mesmo modo agem as corporações médicas. Querem, talvez, criar uma reserva preventiva, pois, por ora, não se dispõem ao trabalho distante.
Aceitem-se os motivos dos médicos brasileiros que preferem os grandes centros. Mas eles não têm o direito de atrapalhar os profissionais dispostos a mergulharem no Brasil profundo.
Caro Plínio,
Ah! como lamento não ter acúmulo para opinar com mais substancia esse tema.
Restrinjo-me externar minha impressão sobre tal medida, encarando-a(a medida) como mais um arranjo do governo para sua incapacidade de resolver o problema da saúde pública brasileira com o plantel de médicos brasileiros. Acho que os temos com suficiencia.
É isso aí…
Olha Plínio, acompanho sua coluna há muito tempo e geralmente gosto do que leio, mesmo discordando em algumas questões. Há muito mais tempo eu e minha familia acompanhamos e preferimos o O Povo pela seriedade e compromisso que esse grupo tanta preza, mas hoje eu tive um susto ao ler essa sua opinião.
Me surpreendi com a pobreza de argumentos e a falta de informação. Em um espaço tão importante, não se admite desperdiçar palavras com argumentos bobos.
Mas vamos ao que interessa: como você vai tratar de assunto tão complexo e amplo se baseando em argumentos de uma revista semanal que não tem a menor credibilidade? Pessoas sérias que eu conheço que se posicionam contra a chegada indiscriminada de médicos cubanos também acham risíveis os argumentos da Veja. Por quê não foste atrás de ler o que essas pessoas sérias têm a dizer? Por quê não se informou melhor acerca das pretensões do Governo e o que está por trás disso tudo
Plínio, as portas do Brasil estão abertas para qualquer médico do mundo que queira trabalhar aqui, inclusive cubanos. Basta ser aprovado no teste de revalidação, que é prerrogativa universal em todo e qualquer país. Plínio, entenda, o Governo não quer fazer uma prova de qualificação como você erradamente desinforma. A tal “prova” já existe e se chama Revalida, um processo bem menos rigoroso que em outros países. Anda assim o índice de reprovacao gira em torno de 90%. O Governo vem tentando costurar uma maneira de dar legalidade e permitir que esses médicos venham trabalhar no Brasil sem passar por essa avaliação, através de um contrato “provisório” de 3 anos que dispensaria a tal prova. Esse é justamente o ponto central dessa polêmica.
Plínio, não importa a posição ideológica ou religiosa do médico que queira exercer Medicina no Brasil. Acredite, somos bastante tolerantes. Acredite em mim, não esta os preocupados com o fato deles serem comunistas, muito menos suspeitamos que eles sejam espiões.
Olha Plínio, trabalhei por 2 anos nos grotões mais distantes e pobres desse Ceará ao lado de outros médicos igualmente dispostos a fazer a coisa certa. Acho uma tremenda injustiça essa generalização irresponsável que você se utilizou. Gostaria muito de conhecer Miami, mas infelizmente ainda não tenho condições para tal. Fugi do interior muito antes do programado, motivado pelos calotes que levei de algumas prefeituras que não me pagaram o prometido, por não ter meios e condições mínimas para exercer Medicina com dignidade e como se ensina na faculdade. Não, eu não gosto de atender sentado em um baquinho de 15 centímetros feito para um aluno de creche, mas me submeti a isso e a muito mais pra tentar atender a essas populações carentes. E posso também garantir uma coisa a você, caro Plínio: garanto que consigo me comunicar com um sertanejo pobre e desprovido de vocabulário muito melhor que você e qualquer cubano que venha a aportar nessas terras.
Eu juro que não entendo de onde vem tanto rancor com a classe médica a ponto de cegar até o mais ilustre jornalista que, a principio, deveria ouvir todas as partes e entender a raiz do problema. Sei que você não leu os manifesto dos Conselhos Regionais de Medicina, nem leu ou ouviu o que dizem alguns médicos especialistas no assunto e que não ouviu a entrevista que o presidente da AMB, Florentino Cardoso, concedeu a CBN. Sei disso porque se assim tivesse feito, tenho certeza que não iria se posicionar diante de assunto tão delicado com argumentos tão pobres.
Plínio, entenda, não se trata de reserva de mercado. Trata-se não permitir que o Governo erre novamente, como vem fazendo todos os anos preferindo adotar medidas paliativas e desastrosas a longo prazo. É muita miopia política não enxergar que custa muito menos aos cofres públicos (e dos políticos) trazer médicos cubanos (que recebem R$ 200,00/mês em seu pais de origem) que promover uma reforma na atenção básica, investindo em programas de fixação de médicos no interior, com possibilidade de crescimento profissional, plano de carreira, educação continuada, provendo as unidades de saúde de equipamentos e insumos necessários para o atendimento adequando. Ou tu achas que o médico cubano tem visão de raio-x?
Há 3 anos tive a oportunidade de ter um breve bate-papo com você sobre a interiorização da Medicina na sua sala, onde fui muito bem recebido. Você pareceu gostar dos meus argumentos e entender o que eu disse. Pois bem, sou o mesmo médico daquele dia, talvez com mais vivência prática daquilo que dizia, e talvez eu esteja um pouco mais ácido e muito mais envelhecido e rancoroso, mas com o mesmo espírito de fazer a coisa certa que não me abandona jamais. Peço que tenha mais cuidado com as palavras, principalmente em assuntos polêmicos.
Caro Caio,
Agradeço os seus argumentos, com sinceridade. Mas não acho que as pessoas carentes de médico possam esperar a “reforma na atenção básica”; como os jovens que recorrem ao Prouni não podem esperar que haja vaga para todos na universidade pública; como os muito pobres que recebem o Bolsa Família não podriam esperar mais, pois a necessidade é urgente. Não vejo nada disso como contraditório com as medidas necessárias que têm de ser tomadas para superar o problema – como a reformulação no sistema de saúde, que v. cita.
E, tenha certeza de que aqui você será sempre bem recebido.
Abraço,
Plínio
Com relação e essa questão dos médicos cubanos penso que o artigo abaixo pode esclarecer muita coisa.
http://www.viomundo.com.br/politica/pedro-saraiva-sobre-a-vinda-dos-6-000-medicos-cubanos.html
Argumentos de Caio Maia são mais que suficientes. Porém contrariamente ao que fala o editor da matéria acima no seu ultimo comentário o povo realmente nao pode esperar por reformas demoradas, entretanto também nao pode correr risco de ser atendido e colocar a sua saude nas males de profissionais que nao se sabe qual o seu nível de conhecimento e perícia. Esse é o ponto chave que torna desastrosa essa medida eleitoreira do PT.
Elton,
E o que o leva a achar que os médicos cubanos são piores que os brasileiros?
Plínio
Queria apenas passar aos leitores e ao próprio Plinio que o que precisa para a saúde não são medidas a longo prazo, pois no papel temos um excelente SUS. Neste país precisamos é apenas de VERGONHA NA CARA, pois em poucos meses construímos vários estádios de futebol que custaram uma fortuna aos cofres públicos, tedo só o de Brasília, acreditem, custado 1,5 bilhões de reais, isso mesmo R$ 1,500.000.000 … Um verdadeiro crime contra um país onde a saúde precisa apenas de gestores para que façam uma verdadeira gestão na saúde, ou seja, façam valer cada centavo que é destinado para a saúde. A verdade é que vivemos em um país de governantes medíocres, corruptos e verdadeiros bandidos que formam grandes quadrilhas para assaltar o cofre público em todas as esferas, e quando este dinheiro chega às prefeituras do interior, após passar pelo prefeito, secretario e vereadores, sobra alguns centavos para aquele hospital onde tem verdadeiros guerreiros da saude, fazendo milagre para salvar vidas. Sou médico cirurgião digestivo, fiz 6 anos de faculdade e mais 5 de residência, e como alguns outros vários colegas nasci no interior, em Aracati, e ,como eles, tenho um sonho de voltar para casa e praticar uma medicina de qualidade. Apenas sonho, pois não tenho a mínima condição de trabalho, pois a cidade tem 2 hospitais, um fechou, não por falta de medico, mas por falta de gestão e de investimentos, o outro está funcionando apenas como ponte para encaminhar os pacientes, em sua maioria, para o hospital da capital. Agora me digam, uma cidade como Aracati que recebi milhões por mês e que possuem apenas 70 mil habitantes, como pode não ter uma saude digna, transferindo até apendicite para Fortaleza … O problema não é médico, é sim falta de gestão, falta de VERGONHA NA CARA. Tenho apenas que olhar para a saúde como prioridade. Eu quero ir morar no interior, na minha cidade, mas preciso de estrutura para trabalhar. Não podemos fazer uma medicina para os pobres, com médicos que ficarão sendo mudados a cada 3 anos, vindo de Cuba ou de nde seja, e medicina para ricos … Não precisa nem dizer com quais estes políticos safados irão se consultar, com nós ou com os Cubanos sem revalidação. E vc Plinio ? Vai se consultar com os Cubanos, espanhóis , etc …, sem revalida o diploma …. Vamos deixar de demagogia barata e cobrar que estes safados destes políticos façam reais investimentos para que a maquina do SUS possa funcionar e PRONTO !
Caro Xavier,
Agradeço o seu comentário, mas essa não é uma questão pessoal, se eu vou ou não consultar-me com médicos cubanos. Se fosse uma questão pessoal, eu poderia dizer-lhe: volte para a sua cidade e lute lá mesmo pela melhoria das condições de atendimento da população. Imagine se milhares de médicos resolvesse fazer isso, você não acha que a situação melhoraria? Poderia dizer-lhe: dê o exemplo.
Ok, mas se você não quer fazer isso, não quer trabalhar nessas condições – o que é um direito seu -, assim como outros milhares de médicos brasileiros. Então, por favor, deixem em paz quer quer trabalhar nesses locais. Aceitar os médicos cubanos trabalhando no interior, não é contraditória com a luta pela melhoria das condições de saúde. Se, para tudo, formos esperar a situação ideal, nada, nunca será feito.
Abraço,
Plínio
Então o pensamento é o seguinte: já que o povo não tem comida e não pode esperar, daremos comida estragada, para que ninguém morra de fome. Ficarão doentes? Sim, mas pelo menos poderemos dizer que, de fome, ninguém morreu. Se não têm casas, faremos algumas com sobras de materiais. Há o risco que desabem e matem seus ocupantes? Sim, mas ninguém dormirá mais ao relento. Vamos presentear a todos com carros baratos, assim todos poderão se locomover! Pouco importa que os freios não funcionem, o PT poderá propagandear que deu esses e muitos outros benefícios! Assim é essa medida politiqueira: dar ao povo qualquer coisa, MAS QUALQUER COISA MESMO para que a opinião pública arrefeça. O nosso governo pode atestar a qualidade de suas escolas médicas públicas, já que as mantém e zela por elas. Mas pode dizer o mesmo daquelas de um outro país tão ou mais subdesenvolvido do que nós mesmos? Eu me consultaria com um médico de outro país, sem problemas. Desde que eu soubesse que ele passou por uma rigorosa avaliação técnica.
Quanto preconceito, Miguel,
Porque os médicos cubanos seriam piores que os brasileiros? A mais, ninguém está propondo essas barbaridades que você sugere em seu texto.
Abraço,
Plínio
Uma pena voce ter contra- argumentado plinio, so expos o quanto o sey conhecimento sobre o assunto é simplório e que, como nosso atual governo, prefere resolver a situaçao temporariamente sem pensar nos riscos de tal medida. Seria sensato da sua parte ler novamente o texto do caio, e refletisse sobre o que se segue: “trata-se de não permitir que o governo erre novamente, como vem fazendo todos os anos preferindo adotar medidas paliativas e desastrosas a longo prazo”
Caro Levi,
Medidas paliativas não são contraditórias com as de longo prazo.
Abraço,
Plínio
Caio Maia, meus parabéns! Li e reli seu comentário com muito orgulho! Ao Plínio: esse seu comentário está superficial, Plínio, por que não uma “encorpada” nesse texto agora que você está mais preenchido de informações? Abraço!
Caro Plínio, não é retirando os mecanismos regulatórios que iremos melhorar a saúde no Brasil. Muito pelo contrário, devemos lutar por mais fiscalização nas instituições formadoras, e até fechar algumas. Devemos lutar por maior rigor na fiscalização dos Hospitais do interior e por condições que permitam uma verdadeira assistência, e não apenas “ambulancioterapia”, transferindo qualquer coisa mais séria do que uma gripe! É muito fácil resolver a interiorização dos médicos: concurso público pagando bem e condições de exercer a medicina, só falta querer. Que venham os cubanos, os americanos, os portugueses…. É fácil, é só cumprir a legislação regulatória que é exigida em qualquer país: uma prova. É pedir demais?
Caro Daniel,
E o que isso contradita com a possibilidade de médicos cubanos (ou espanhóis ou portugueses) trabalharem no interior?
Abraço,
Plínio
Sou contra a vinda de qualquer profissional sem a realização de uma prova que avalie seus conhecimentos, além da prova de conhecimento da língua local, igual e feito em qualquer pais serio no mundo!
Se os cubanos fizerem essas provas e passarem que sejam bem vindos, pois estarão saindo de um pais que parou no tempo!
Agora o que o governo brasileiro quer fazer e justamente liberar geral e de forma populista trazer qualquer profissional para cuidar da mãe e dos filhos da população mais carente do Brasil , criando uma medicina de segunda classe e segregando a população pobre !
Transformando esse pais em uma republica bolivariana!!!
Caro Hélio,
Mas o seu problema é com a vinda dos médicos cubanos ou porque eles são pretensamente “comunistas”?
Abraço,
Plínio
Caro Plínio,
Sou médico também, e faço minhas as palavras do colega Caio Maia.
Não estamos fechando a portas para estrangeiros.
Não temos medo de concorrência.
Apenas não consideramos justo trazer médicos de qualquer que seja seu país, religião, idioma, que apresentem qualificação duvidosa. Isso ocorre pois currículos de algumas escolas médicas estão ultrapassados. Para isso, existe o revalida, que não é nenhum bicho de sete cabeças como costumam tachar a prova da OAB. E o curioso é que o índice de aprovação na OAB , que já é considerado baixo,o consegue ser mais que o dobro da do revalida.
Não é justo com o sertanejo ou ao morador da periferia uma “medicina de pobre”.
Muito fácil para a cúpula do governo tais medidas pois quando adoecem vão ao Sírio-libanês.
Outros argumentam: “melhor médico ruim que médico nenhum”.
Considerando a quantidade de médicos em atuação no país, trata-se de incompetência dos gestores em contratá-los.
Sobre a qualidade dos médicos nativos, atribuo isso ao aumento do número de escolas médicas no Brasil e notadamente no Ceará. Isso obviamente tende a cair a qualidade do ensino.
Mais ideias virão e poderei voltar a dar uma outra opinião em breve.
Atenciosamente.
Caro George,
Fique a vontade para comentar quando quiser. Até agora ninguém me provou que os médicos cubanos são piores do que os brasileiros, portanto, não se trata de um dilema entre o “ruim” e nenhuma assistência. O exame da OAB, você me desculpe, é outra forma corporativa de reserva de mercado. Por que, qualquer profissional, depois de formado, pode exercer a profissão – inclusive médicos – e os bacharelados em Direito têm de fazer uma prova para se tornarem advogados? O cara pode ser defensor público, procurador, mas não pode ser advogado? Exame parecido deveria valer para todos ou cursos ou para nenhum. Quando à prova de competência não acho que o Revalida seja a única maneira de comprovar se alguém – formado em uma faculdade regular e reconhecida – esteja apto a exercer a medicina. Um médico de família, precisa ser especialista em cirurgia do coração, por exemplo?, ou necessita de habilidades diferentes das de um cirurgião? Outra coisa é o seguinte: se os médicos brasileiros não querem ir para os interiores – respeitadas os argumentos que apresentam – por que não deixar que tentem aqueles que querem fazer alguma coisa?
Abraço,
Plínio
Eu de novo.
Ainda não temos amostragem para dizer que médicos estrangeiros são melhores ou piores.
O fato é que existe o revalida, como existe em todos os outros países (corrija-me se errado estiver).
No revalida, não se cobra o rodapé do livro, o detalhe. São perguntas sobre assuntos básicos (casos corriqueiros como tuberculose, assistência ao parto numa unidade básica de saúde, diagnóstico de uma apendicite, pneumonia em criança), nada de outro planeta. Sem cricris de neurocirurgia ou qualquer outra especialidade.
E ainda assim o índice de aprovação é sofrível. Isso, se não prova, atesta que há um despreparo, uma lacuna no aprendizado desses estudantes.
Quando o médico revalida seu diploma, pouco importa onde se formou. Agora pode gerar outro problema. Os pacientes , antes de dizerem seus sintomas, vão indagar ao médico a faculdade onde se formou. Imagina?
Sobre a OAB, acredito que o exame foi uma “necessidade” que a ordem encontrou pela má qualidade na formação dos bacharéis. Isso deveria ser resolvido com melhora das faculdades existentes, por parte do ministério da educação.
Certamente, muita faculdade montada em sobrado de padaria seria fechada.
Entendo seus argumentos, mas no presente momento defendo também uma “exame da ordem” para os médicos recém-formados. Pelos motivos que falei sobre a OAB.
A meu ver houve abertura indiscriminada de escolas médicas. Foi uma tentativa frustra de interiorizar o médico. Como este se viu sem condições de trabalho, levando calote, preferiu ficar próximo de seus familiares, ganhando menos, inchando as metrópoles.
Distrito Federal tem o maior índice de médicos por habitante (três vezes mais que o Ceará). E a assistência à saúde de lá dispensa comentários.
Eu mesmo, Plínio, estou nesse momento no interior. No hospital que estou está sem anestesista, não tem ultrassom, sem traumatologista no plantão de ontem e de hoje.
Em Aracoiaba, trabalhei lá desde 2011 no hospital dando um plantão 24h por semana. Na última sexta-feira, dei meu último plantão pois o diretor do hospital disse que teria que desmontar algumas equipes pois os recursos são insuficientes.
O governo do estado contribui com módicos R$90000,00.
O hospital de lá atende todo o Maciço de Baturité ,cobrindo oito cidades. Em três ou quatro dias por semana, ficarão sem cirurgião. NO dia que tiver cirurgião, não terá ortopedista.
Em outras palavras, os pacientes “terão que escolher o dia de ficar doente”. Quando não tiver o médico para aquela especialidade, terá que ser transferido para os já sobrecarregados hospitais da capital. Triste, não?
Contratando médicos do estrangeiro, de onde quer que sejam, vai resolver a saúde do interior? Portugueses e espanhóis submeter-se-ão a essas agruras por mais de três meses?
Cordialmente.
Resumindo, “sejam bem-vindos médicos revalidados”!
Caro George,
Agradeço muito pelo seus comentários, como sempre digo, é conversando que a gente se (des)entende. : ) Envio para você opinião do médico Henrique Prata, diretor do Hospital de Câncer de Barretos. Estou pondo o link aqui e tomando a liberdade de enviar o texto pelo seu e-mail, caso v. não consiga abri-lo: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/06/1288542-mais-facil-achar-ouro-que-medico-diz-chefe-de-hospital-do-cancer.shtml.
Abraço,
Plínio
Caro Plínio Bortolotti,
Associo-me ao Caio Maia na decepção sofrida ao ler este seu comentário acerca de assunto tão relevante. A minha frustração prende-se ao fato de achar que seu comentário não corresponde à altura do profissional que você sempre demonstrou ser. Seu comentário está raso. Desisti de ler os seus comentários que sucederam àqueles que se opuseram à você, por que percebi que você tangenciava os pontos principais contra argumentados. Para perguntas objetivas que você fez, do tipo: ” E o que o leva a achar que os médicos cubanos são piores que os brasileiros?” Vejo respostas, igualmente objetivas e claras no comentário do Caio Maia – reprovação em torno de 90% na prova de revalidação. Contra fatos não há argumentos.Ademais, não se trata de não querer impedir o ingresso de médicos estrangeiros, mas, de impedir o ingresso de médicos estrangeiros que não consigam revalidar seus diplomas médicos, conquistados em qualquer País que profece qualquer religião e que tenha qualquer ideologia política.
Releia este trecho:
“Plínio, as portas do Brasil estão abertas para qualquer médico do mundo que queira trabalhar aqui, inclusive cubanos. Basta ser aprovado no teste de revalidação, que é prerrogativa universal em todo e qualquer país. Plínio, entenda, o Governo não quer fazer uma prova de qualificação como você erradamente desinforma. A tal “prova” já existe e se chama Revalida, um processo bem menos rigoroso que em outros países. Anda assim o índice de reprovacao gira em torno de 90%. “
Eu trabalho como médico de emergência em capital, numa UPA.
Na capital, eu enfrento todo plantão dificuldades absurdas para encontrar vagas de UTI para pacientes gravíssimos, vagas de internamento para pacientes que precisem de tratamento, e vagas de ambulatório para os que necessitam ser acompanhados. NÃO TEM OXIGÊNIO em boas partes dos hospitais terciários!
Faltam medicamentos ou exames que o SUS não consegue cobrir ou repor. Faltam condições à população de lidar com os custos dos remédios que prescrevo, já que geralmente não há medicações necessárias nas unidades de atenção básica.
Atendemos diariamente em torno de 500 pacientes, e mais seriam atendidos se espaço houvesse.
Diante de toda essa carência, de toda essa luta, ainda conseguimos salvar vidas e ajudar pessoas a lutarem contra doenças e aflições.
E aí eu sento à noite, descansando, para a nova luta de amanhã, e leio que estamos brigando pelo corporativismo…
Não, meu caro Plínio. Estamos lutando para que a população, principalmente a massa de intelectuais cegados pelo brilho dessa visão medíocre de corporativismo, percebam que o SUS está um caos. Que estamos gritando que precisamos que o governo faça mais do que fingir que encher de médico vai ajudar a salvar alguém. Precisamos de estrutura! Precisamos de espaço para abraçar toda essa quantidade de pessoas que pedem socorro, e não têm lugar ou material para ser ajudadas.
Caro Elton,
Não discordo do que v. escreveu; só não vejo contradição entre o que v. argumenta e a possibilidade de médicos estrangeiros trabalharem no Brasil.
Agradeço sua leitura e comentário.
Abraço,
Plínio
Caso eu tenha tido a compreensão correta do que argumentaram os médicos que aqui se manifestaram, há um contra-senso na medida proposta pela Presidente Dilma de contratar médicos estrangeiros, vez que, salvo engano, médicos o Brasil tem. Precisamos de infra-estrutura para que os profissionais de saúde médicos, enfermeiros e etc, tenham condições de bem exercer os seus misteres. É contraditório elevar os gastos do erário público com a contratação desses médicos em vez de investir na infra-estrutura e na qualificação profissional dos profisionais brasileiros? Não sei… Penso, que é, no mínimo, contrário à boa lógica, s.m.j. .
Caro Iúna,
Pelo que estou entendendo até agora (e também pelo que sei) não falta estrutura para exercer a medicina apenas nos interiores, mas também nas capitais, onde não faltam médicos. Portanto, minha argumentação de que uma coisa (a contratação de médicos estrangeiros) não é contraditória com outra (a luta para melhorar o serviço da medicina pública), não parece tão ilógica assim.
Agradeço pelo comentário,
Plínio
Isso mesmo, caro Plinio. Falta estrutura no interior e na capital. Há médicos no Brasil em número suficiente para atender no interior dos estados e nas capitais, desde que o governo desse condições de exercerem a medicina com dignidade. Investimento na infraestrutura, inclusive nos grotões, seria a medida mais lógica.
Plinio,
não precisa de muitas palavras, voce fez um resumo… Maravilhoso…..
que venga los cubanos e todos que queiram ajudar a súde….
..fora preconceito!!!!