Estou cada vez mais convicto que o objetivo do presidente Jair Bolsonaro não é governar, mas continuar em campanha contra os moinhos de vento do “comunismo”, aprofundando o viés ideológico de seu governo em direção a uma gororoba ultradireitista, secundarizando os reais problemas do país. Escrevi recentemente ser ele é uma espécie de agente do caos, a anarquia é seu elemento natural. Suas recentes declarações – e a mudança que fez hoje (8/4/2019) no Ministério da Educação – indicam claramente que está se caminhando em direção à catástrofe.

– “Não nasci para ser presidente, e sim militar.” (Abstraia-se o fato que ele também não deu certo no Exército.)

– “Imagina ficar o tempo todo com esse abacaxi (a Presidência).

A demissão do ministro Vélez Rodríguez e sua substituição pelo economista Abraham Weintraub é mais um passo na fratura com os generais do governo. O nomeado ministro é um disciplinado aluno de Olavo de Carvalho, especializado em atacar os militares, incluindo o vice-presidente Hamilton Mourão, com palavras as mais depreciativas.

No Blog de Política O POVO, meu colega Henrique Araújo foi ao ponto: “Diante da crise no Ministério da Educação, que vive uma disputa entre olavistas e militares, Jair Bolsonaro tinha dois caminhos: indicar um nome que superasse a cisão entre setores ideológicos e técnicos. Ou pender para um dos lados da contenda. Deu a segunda opção. Abraham Weintraub, o escolhido para substituir o atrapalhado Ricardo Vélez na pasta, é uma espécie de ponta de lança do olavismo”.

Segundo o portal do jornal O Globo (8/4/2019), uma das primeiras providência do novo ministro será readmitir os alunos de Olavo de Carvalho e demitir militares que ocupam postos importantes no MEC

São muito os problemas que o Ministério da Educação – há três meses parado – terá de resolver. Mas, a se levar em conta o histórico de Weintraub, sua maior preocupação será “vencer o marxismo cultural nas universidades” e orientar seguidores a como responder a um partidário do comunismo: “Quanto um comunista chegar para você com papo nhoim, nhoim, xinga. Faz como Olavo de Carvalho diz pra fazer. E quando você for dialogar, não pode ter premissas racionais”. (Declarações registradas pelo jornal O Estado de S. Paulo, edição de 8/12/2018.)

Concluo com a palavras de Henrique Araújo: “O que pensam os militares sobre o fortalecimento do núcleo olavista no MEC? É o que saberemos em breve”. (O mais provável é que os militares engulam o sapo, mas a corda está se esticando cada vez mais.)