Dra Silvana diz que não quer sair do PMDB (Foto: Divulgação / AL-CE)

Um dia depois de ser notificada sobre abertura de processo de expulsão do PMDB, a deputada  Dra. Silvana foi à tribuna da Assembleia Legislativa defender sua permanência na sigla na manhã desta sexta-feira, 18. Ela e outros dois deputados peemedebistas, Agenor Neto e Audic Mota, são alvos de processo no Conselho de Ética do partido após votarem pela extinção do Tribunal de Contas dos Municípios do Ceará (TCM) e atuarem como base do governador Camilo Santana (PT) na Casa.

“Vocês querem me expulsar do PMDB? Pois expulsem primeiro o Michel Temer”, afirmou a parlamentar, que adotou discurso crítico ao presidente da República nos últimos meses, desde que assumiu a liderança da bancada PMDB-PMB-PSD, alinhando-se ao Governo do Estado. “Quando eu entrei no PMDB não tinha presidente que persegue órfão, viúva e necessitado. É coisa do cão, do demônio”, acusou, em referência à Reforma da Previdência proposta por Temer.

Em discurso inflamado e com direito a choro, Silvana disse diversas vezes que não quer sair do PMDB e que vai lutar pela permanência. “Eu quero transformar o PMDB. Vocês querem me expulsar, mas primeiro vão ter de conversar comigo. (…) Eu vou dar trabalho, vou até os últimos tribunais (recorrer)”.

Conselho de Ética

Gaudêncio Lucena, presidente interino do PMDB, nega que houve “um pedido de expulsão”. Segundo ele, “um processo foi aberto pela Comissão de Ética do partido para avaliação do descumprimento por parte dos deputados da recomendação com fechamento de questão contra a extinção do TCM”.

Ele explica que, “depois de permitir e analisar a ampla defesa e o contraditório”, a Comissão pode aplicar uma penalidade aos deputados, que vai desde uma simples advertência até a expulsão e perda de mandato, aplicada somente se “constatada infração ética-disciplinar”.

O PMDB tem cinco representantes na Casa, dos quais apenas Danniel Oliveira e Leonardo Araújo acompanharam a decisão da legenda contra o fim do Tribunal. A maioria do partido na Casa está, atualmente, alinhada com Camilo.

No seu pronunciamento, Silvana chegou a ensaiar uma explicação sobre seu voto contra o TCM, mesmo após ter votado favoravelmente ao órgão na primeira PEC, mas não entrou em detalhes. “Vocês querem saber por que eu votei contra o TCM? Vocês não sabem o que o TCM fez comigo, não, mas não vou dizer para não ser perseguida. Mas tem muita história no Tauá”, disse a deputada.

Já Audic, que disse que não recebeu a notificação do partido, disse que o processo “é sem fundamento”. O deputado mostrou uma deliberação da bancada que liberava a votação do TCM. “Pelo estatuto do PMDB, só existe fechamento de questão se a bancada da Casa Legislativa, isoladamente, deliberar por maioria. Isso não aconteceu. A Executiva, sem ter apoio da bancada, quis impor sua vontade”, argumentou.

Acusações

Ainda no seu discurso na tribuna, Silvana acusou Gaudêncio de ter ameaçado suspender seu mandato caso ela não renunciasse ao seu cargo na liderança da bancada. “Mas ele recuou quando eu disse que estava gravando a ligação”, continuou.

O aliado de Eunício Oliveira negou o ocorrido. Ele reiterou as penalidade decorrentes das “infrações ético-disciplinares no PMDB” e completou: “Ameaça? Não! É o que consta nos estatutos do partido, que todo filiado tem por obrigação saber”.

Sobre a suposta ligação à deputada, ele disse que se tratava de “mentira e calúnia”. “O que será julgado é o descumprimento de uma decisão colegiada, da Executiva Estadual do partido, não tem nada a ver com liderança”, explicou.

O Blog Política não conseguiu, até o momento, conversar com Agenor Neto. Ele está em viagem, mas informou por meio de assessoria de imprensa que recebeu a notificação do PMDB.

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Letícia Alves

Repórter de política do jornal O POVO. Política local e nacional, bastidores e reportagens investigativas. Para sugestão de pautas, entrar em contato pelo e-mail: leticiaalves@opovo.com.br

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