O desligamento da ex-candidata ao Senado pelo Ceará, Mayra Pinheiro (PSDB), do Hospital Geral de Fortaleza (HGF) dominou o início da primeira sessão da Assembleia Legislativa (AL) após as eleições. Heitor Férrer (SD) disse repudiar o pedido de afastamento enviado à cooperativa de médicos prestadora de serviço à unidade. Carlos Matos (PSDB) afirmou ainda que o Governo do Estado foi “intolerante” e “covarde”. “Não é o primeiro caso de perseguição política. Agora, quer calar uma profissional médica porque tem críticas à Saúde”, atacou o tucano.

Mayra Pinheiro ex-candidata ao Senado Federal. (Foto: Alex Gomes/O Povo)

Na última quinta-feira, 25, a médica disse ter recebido ligação da Cooperativa de Pediatras, contratada pelo Governo do Estado do Ceará, anunciando sua saída imediata. Ela prestou serviços à unidade hospitalar por mais de 15 anos. Contudo, teria usado a profissão para filmar e tecer críticas às condições na área da Saúde no Estado.

Férrer defendeu que a colega de profissão não descumpriu normas internas do HGF. Segundo ele, os profissionais estão convocando paralisação geral em protesto contra a ação. Para o deputado, houve retaliação política. “Ela foi punida por conduta política pela direção do Hospital”, disse.

Intimidação

Em entrevista ao Blog Política, Mayra afirmou que sua saída caracteriza abuso de autoridade e de poder político, além de representar tentativa de intimidação. “Faz cinco anos que eu denuncio as mortes em hospitais e essa coisa indigna que se chama ‘corredor de hospital’”, diz a médica. Segundo Mayra, este comportamento custou sua saída.

Mesmo assim, ela disse que continuará falando sobre precariedades em hospitais, sejam públicos ou privados. “Não vai haver nenhum tipo de poder que vai me coagir a não me manifestar”.

A ex-presidente da entidade denunciou superlotação em hospitais durante a corrida eleitoral, enfatizando que era preciso mudar este contexto. “Para você ter uma ideia, quando fui candidata me afastei dos hospitais. Ainda recebi a orientação da Justiça Eleitoral que poderíamos denunciar isso”.

O Blog Política chegou a procurar o HGF, mas a administração da unidade disse que não se pronunciará sobre o assunto, já que não tem vínculo empregatício com a médica. A unidade hospitalar compra as horas dos médicos com a cooperativa responsável, disse a assessoria.

Tagged in: