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Heloisa Seixas

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Vasco Arruda

Certa vez, ao final de um show no bistrô que ficava dentro da loja Modern Sound, em Copacabana, fiquei escutando enquanto uma repórter entrevistava a grande cantora da bossa nova Leny Andrade. A repórter fez uma daquelas perguntas de praxe sobre se a cantora sentia algum nervosismo em dia de estreia etc., e Leny nem esperou que ela terminasse. Foi logo dizendo: “No instante em que piso no palco, estou segura. É como chegar em casa.”
Ao ouvir isso, lembrei-me de uma frase parecida que já ouvi de Ruy Castro, ao falar sobre como se sente dentro de uma livraria: “Tenho a sensação de que, ali dentro, nada de mal pode me acontecer. Eu me sinto cercado de amor.” Segundo ele, há uma explicação para isso: é que as pessoas que se envolvem com livros – escritores, editores, livreiros, compradores – são, em 90% dos casos, apaixonadas por leitura. Donde, os livros transpiram esse amor.
Heloisa Seixas
[Seixas, Heloisa. O prazer de ler. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2011, Capítulo: Um lugar de amor, p. 37. – (Prazeres).]