Foto: Rômulo Lima Jr.

Foto: Rômulo Lima Jr. (blog Ceará & Rock)

Espetáculo! É dessa forma que defino a passagem do Scorpions por Fortaleza. Me permito usar o termo espetáculo também como adjetivo, nesse caso, não apenas como substantivo, como diz o dicionário. O show, que ocorreu na noite desta quinta-feira, 8, na Arena do Centro de Formação Olímpica, contou com um público de cerca de 12 mil fãs, que lotaram o espaço e foram fundamentais para tornar a noite histórica.

Restando poucos segundos para as 22 horas, apagam-se as luzes das arquibancadas, o som do ambiente é desligado e, como nos melhores espetáculos, uma cortina cai e os grandes atores surgem simetricamente distribuídos no palco. Da esquerda para a direita: Pawel Maciwoda (baixo), Rudolf Schenker (guitarra), Klaus Meine (voz) e Matthias Jabs (guitarra). Além do baterista Mikkey Dee (ex-King Diamond, Motörhead e Helloween), posicionado mais atrás, num espaço elevado do palco.

Já levantando o público, a primeira música do setlist foi “Going Out With a Bang”, do mais recente lançamento da banda, o “Return to Forever” (2015). A segunda canção foi “Make It Real”, que abria o disco “Animal Magnetism” (1980); durante a execução, os telões de led estamparam a bandeira do Brasil, deixando o cenário do palco inteiramente verde e amarelo. Ao final, Meine se dirigiu ao público pela primeira vez, e em português: “Boa noite, Fortaleza! Tudo bem?”

Foto: Rômulo Lima Jr. (blog Ceará & Rock)

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O repertório seguiu levantando o público com “The Zoo” (Animal Magnetism), onde o guitarrista Matthias Jabs fez um belo solo utilizando o talk box, o instrumental “Coast to Coast” (Lovedrive, de 1979), em que Klaus Meine também tocou guitarra, e o medley com as canções “Top of the Bill” (In Trance, 1975), Steamrock Fever (Taken by Force, 1977), Speedy’s Coming (Fly to the Rainbow, 1974) e Catch Your Train (Virgin Killer, 1976). Durante o medley, uma bandeira do Brasil foi jogada no palco, Meine a pegou e enrolou em seu corpo.

Na sequência, mais uma do novo disco: a forte “We Built This House” (Return to Forever), que tem um refrão marcante e onde o público cantou forte os trechos de “Ooooooooo…”; depois, um novo instrumental, com “Delicate Dance” (MTV Unplugged in Athens, 2013), com destaque para o solo de Matthias e a presença de um outro guitarrista de apoio. A música serviu como um momento mais dançante para o público e para que o vocalista Klaus Meine se preparasse para o que viria a seguir.

Retornando ao palco, Klaus Meine caminha pela passarela localizada no centro do palco e vai até a ponta dela; Matthias Jabs e Rudolf Schenker trocam suas guitarras por violões e se juntam ao vocalista, assim como o baixista Pawel Maciwoda e o baterista Mikkey Dee, substituindo as baquetas, ferragens e pratos por um Cajon. Chega um dos momentos mais marcantes da noite: a sessão acústica, que incluiu as canções Always Somewhere (Lovedrive), Eye of the Storm (Return to Forever) e Send Me an Angel (Crazy World, 1990), ficou ainda mais incrível com a participação de todo o público, que, com a iluminação de palco apagada, acendeu as luzes dos celulares e criou um cenário espetacular em toda a arena.

Foto: Rômulo Lima Jr. (blog Ceará & Rock)

Foto: Rômulo Lima Jr. (blog Ceará & Rock)

A emoção permanece no show, pois a música seguinte é um dos maiores sucessos e bastou um pequeno assobio, para que todos os presentes reconhecessem a clássica “Wind of Change” (Crazy World), mais um belo momento para que os casais presentes explicitassem o amor; os refrãos finais da canção foram cantados a capela pelo público. Após as baladas, chega a hora de fazer os fãs saírem do chão novamente, com “Rock ‘n’ Roll Band” (MTV Unplugged in Athens) e o clássico “Dynamite” (Blackout, 1982).

Chega então mais um momento muito marcante do show. Klaus Meine apresenta o baterista Mikkey Dee, relembrando que ele fez parte do Motörhead, banda liderada pelo lendário Lemmy Kilmister, que morreu no final de 2015. Meine falou sobre o Lemmy, a quem ele chamou de grande amigo, e ouviu todo o público gritar “Lemmy, Lemmy…”. Ele, então, anunciou uma homenagem, que seria um grande clássico do Motörhead: “Overkill”, do disco que recebe o mesmo nome, lançado em 1979. Durante toda a execução da música, imagens de Lemmy eram reproduzidas no telão. O público delirou com a homenagem.

Foto: Rômulo Lima Jr. (blog Ceará & Rock)

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O show seguiu com um momento mais voltado aos ex-membros do Motörhead, mas dessa vez o destaque seria o próprio Mikkey Dee, com um super solo de bateria, que durou alguns bons minutos e, já no final, a cada batida no bumbo, uma capa de disco do Scorpions aparecia no telão. Na volta do resto da banda ao palco, destaque para a guitarra de Schenker, que tinha uma espécie de escapamento de moto, saindo fumaça. E a banda retornou com mais um clássico, a faixa-título do disco “Blackout”, levantando os fãs.

O show seguiu bastante agitado com mais uma canção no estilo rock clássico, “No One Like You” (Blackout), que foi seguida da ótima “Big City Nights” (Love at First Sting, 1984), que explodiu o público na Arena, principalmente em seu final, quando todos os instrumentos pararam, deixando apenas a bateria e o público cantando “Big city, big city nights”. O relógio marcava 23h30min, quando toda banda se reuniu e despediu-se do público cearense. Os fãs, com muita energia e animação, não se mexeram e aguardaram um bis, aos gritos de “Scorpions, Scorpions…”

Foto: Rômulo Lima Jr. (blog Ceará & Rock)

Foto: Rômulo Lima Jr. (blog Ceará & Rock)

Poucos minutos depois, o Scorpions volta ao palco e apenas duas notas tocadas na guitarra levam os fãs ao delírio. Era a introdução de “Still Loving You” (Love at First Sting), mais uma das principais baladas da banda. Era mais um momento oportuno para os mais apaixonados, que cantaram os refrãos com muita intensidade. O momento mais calmo logo acabaria para dar espaço àquela que seria a última música da noite. E é obvio que um show do Scorpions não poderia acabar sem “Rock You Like a Hurricane” (Love at First Sting), que fez o Centro de Formação Olímpica tremer e deixando mais um refrão forte para o público cantar. Eram 23h45min. Era hora de se despedir.

Uma das melhores bandas de rock do mundo, com 50 anos de trajetória e se comportando como jovens no palco; uma super organização, oferecendo boa estrutura para banda, público e imprensa; e um público memorável, que praticamente lotou a Arena do Centro de Formação Olímpica e participou efetivamente da apresentação, deixando o espetáculo ainda melhor! Esses são alguns dos ingredientes de mais uma noite marcante para os roqueiros cearenses, que apenas em 2016 já puderam ver shows de Iron Maiden, Anthrax, Megadeth e Scorpions. Além da banda de pop rock Maroon 5. Podem mandar o Metallica, Slayer, Black Sabbath… O Ceará tem capacidade pra receber essas bandas e quaisquer outras bandas.

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Ronnald Casemiro

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