Você pediram e a nossa psicóloga, colunista do iMãe, Raisa Arruda, escreveu! Vem ler esse texto que está demais!

Início do ano letivo e a adaptação escolar, como lidar?
Por Raisa Arruda

As duas últimas semanas foram marcadas pelo início das aulas em muitas escolas, e sabendo que o período de adaptação não se resume a um mês, mas é um processo que cada criança tem seu tempo para assimilar, acostumar-se, e encarar o novo, hoje vai um texto sobre adaptação escolar!

Foto: Site da Revista Crescer

Foto: Site da Revista Crescer

A adaptação pode ser entendida como o esforço que a criança realiza para ficar, e bem, no espaço coletivo, povoado de pessoas grandes e pequenas desconhecidas. Onde as relações, regras e limites são diferentes daqueles do espaço doméstico a que ela está acostumada. Há de fato um grande esforço por parte da criança que chega e que está conhecendo o ambiente da instituição, mas ao contrário do que o termo sugere não depende exclusivamente dela adaptar-se ou não à nova situação. Depende também da forma como é acolhida (ORTIZ, Revista Avisa Lá)

Quando penso no processo de adaptação escolar, a primeira coisa que me vem a cabeça é a questão da criança: “por que me botaram aqui?” O período de adaptação escolar é longo, todo início de ano é um novo processo de adaptação, desde o ingresso da criança no mundo da escola, claro que as necessidades mudam em cada etapa, mas não deixam de existir. Não é porque o filho já é uma adolescente que ele não vai precisar de um tempo para se acostumar com a nova série, a nova turma, as mudanças que aconteceram durante as férias… E para que a adaptação seja tranquila é um momento que deve fazer par com a segurança, e esta vem dos pais/responsáveis. Quanto mais seguros os pais estão, mais seguros as crianças estarão diante do novo.

Um exercício de memória ajuda bastante nesse momento, para compreender um pouco, como seu filho se sente neste momento… Imagina seu primeiro dia no seu primeiro emprego? Lembra do medo, da insegurança, da ansiedade? E como você se sente quando todos perguntam como foi, como é, o que aconteceu, e você nem teve tempo ainda de assimilar todas as novidades? Agora, imagina que você estava bem num emprego e precisou mudar, seja de empresa, de cargo, de cidade, mas precisou mudar… Como você se sentiu? Bom, você é adulto, e entende que é normal ficar inseguro diante do novo, e vai tentar encontrar alguma maneira de lidar com isso, mas e a criança? Tenhamos em mente sempre que a história de vida da criança e seu passado é tudo o que ela tem, e muitas vezes ela ainda não passou por experiências a ponto de ter bagagem e repertório para se adaptar com facilidade às novidades. Tudo requer tempo.

Quando falamos de crianças, seja no seu primeiro ano escolar, ou mudança de série, ou mudança de escola, é fundamental que os pais estejam presentes, frequentem a escola, conversem com os profissionais, e conheçam os professores. Não precisa ser o tempo inteiro, mas até perceber que a criança está segura naquele ambiente. Claro que é imprescindível que os pais participem ativamente na educação escolar dos filhos, para que esta não se torne indesejada, e um fardo para eles, mas que aprender seja algo prazeroso. Todos querem que os filhos gostem de estudar e aprender, mas nem todos participam ativamente deste processo, e a criança vai tomar gosto por aquilo que ela vê que a família aprova, e que faz parte da cultura familiar. Então, se a família não tem costume de ler, estudar, e ter atividades culturais, ela não vai ver sentido e vai se sentir obrigada a estar na escola, e vai estudar para se livrar, e não por prazer.

Outro ponto importante, os pais não devem mentir, enganar, ou sair escondido da escola; essas posturas só aumentam a ansiedade, insegurança e angústia da criança. Explicar a razões pelas quais ela está na escola é essencial, pois com o tempo ela terá mais segurança, pois sabe o que irá acontecer no seu dia, mesmo que haja algum imprevisto. Combinar os horários também é bastante importante, pois a criança não terá medo de ser esquecida. Um dos maiores medos da criança é o do abandono, muitas crianças ficam bastante abaladas quando os pais se atrasam, mesmo que sejam cinco minutos, para a criança é uma eternidade, por isso combinar horários e explicar que há possibilidade de atraso é importante.

Conversar com a professora ajuda muito nesse processo, mas sempre com cuidado para não expor a criança diante da turma, e isso dificultar sua socialização. A escola é o segundo núcleo socializante da criança, e lá ela vai exercer socialmente o que aprendeu na cultura familiar, e a relação da criança com a escola, vai ser um reflexo da relação da criança com a família. Na escola ela vai poder testar os lugares que ocupa no grupo familiar, ocupar outros espaços, experimentar. Quanto mais a família der espaço para a criança desenvolver sua autonomia com segurança e apoio, mais essa adaptação escolar vai ser permeada de segurança e curiosidade. Às vezes, o medo da criança é o medo dos pais, e por isso, vale pensar, como era sua vida na escola, será que a dificuldade da criança de se adaptar à escola não está relacionada à experiência de vida escolar dos pais?

Quanto mais leve for essa experiência para os pais, mais leve será para os filhos. Presença, apoio, segurança, e espaço, mas manter a calma, e não deixar que a ansiedade de proteção familiar atropele o tempo de cada criança no seu processo de assimilar o novo.

Por fim, ter sempre em mente que não existe a escola perfeita, mas é melhor buscar escolas que estejam de acordo com os valores e crenças da família, para que as regras e os objetivos não sejam tão destoantes, e confusos para os filhos.

Raisa Arruda
Psicóloga – CRP 11/07646
(85) 9922 1192
raisaarrudapsi@gmail.com
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About the Author

Carol Bedê

Jornalista. Mãe da Laís e do Vinícius. Já quis ser muita coisa...depois de terminar a faculdade de letras, uma especialização e a faculdade de comunicação social (jornalismo), de uma coisa tive certeza: o que eu quero mesmo é escrever. Já escrevi sobre muitos assuntos. Tentei até fazer poesia, mas nunca achava que conseguia. Depois de ser mãe resolvi escrever sobre ser mãe, sobre bebês, sobre crianças e sobre esse mundo. E só agora acho que consigo fazer poesia.

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