Ele viveu do alimento corporalmente e do que leu, espiritualmente, e foi assim que se tornou o que é. Mas, da mesma maneira que o corpo assimila o que lhe é homogêneo, o espírito guarda o que lhe interessa, ou seja, o que diz respeito a seu sistema de pensamentos ou o que se adapta a suas finalidades.

Arthur Schopenhauer

[Schopenhauer, Arthur. A arte de escrever. Tradução, organização, prefácio e notas de Pedro Süssenkind. – Porto Alegre: L&PM, 2009, p. 135].

Quem escreve, escreve para ser lido. Alguém já afirmou que, mesmo quem escreve um diário, o faz com a secreta intenção de que, algum dia, alguém possa se interessar por sua leitura. Quem se dedica ao mister da escrita, portanto, parte do princípio de que aquilo que escreve há de ser objeto de interesse de pelo menos um possível leitor. A capacidade de despertar interesse nesse possível leitor, porém, esteia-se em uma série de fatores, não sendo o menor deles a empatia estabelecida entre o leitor e o escritor mediada pelo assunto abordado. Isso vale especialmente, suponho, para escritos de natureza não-ficcional.

Quando comecei a desenvolver este blog, a principal questão que me coloquei foi quanto aos temas de que trataria. Inicialmente defini sete categorias, mantendo, porém, o propósito de, em seis meses, ter definidas um total de 21 categorias dentro das quais estivessem incluídos todos os assuntos do meu interesse e sobre os quais eu pudesse escrever.

Ao longo dos seis meses foram muitas idas e vindas, na tentativa de delimitar as 21 categorias. Experimentei, refleti, ponderei, anotei idéias, examinei bibliografia e autores, fiz um retrospecto da minha caminhada pelo mundo dos livros até aqui, tudo com o objetivo de realizar o meu propósito. Minha data limite era o dia 31 de janeiro de 2010, de forma que, neste dia 1º de fevereiro de 2010 (1.2.2010) eu pudesse escrever um texto que falasse, exatamente, da consolidação das 21 almejadas categorias. Ao redigir, neste momento, este texto, posso dizer que cumpri a minha meta.

Escrever para este blog ao longo destes seis meses me proporcionou a oportunidade de rever toda minha trajetória, uma trajetória feita principalmente ancorada em livros. Fiz uma verdadeira retrospectiva, durante a qual revi autores, assuntos e interesses que, só então, percebi que eu não havia abandonado, mas apenas os tinha deixado adormecidos por algum tempo, para que, oportunamente, voltasse a abordá-los. Percebo, agora, que, sem que o buscasse intencionalmente, a oportunidade bateu à minha porta. Todas as reflexões que tenho feito me levaram a essa conclusão. Estou bastante satisfeito com o resultado.

O que se lerá neste blog, portanto, serão textos em que tratarei de temas que, desde muito tempo, me interessam. Sobre alguns li mais, sobre outros um pouco menos. Alguns demandaram de mim muito tempo de estudo e pesquisas, outros, nem tanto. De todos, porém, posso dizer que foram temas que provocaram e ainda provocam mudanças na minha maneira de ser e pensar. Nenhum dos assuntos tratados foi ainda por mim esgotado, e talvez nunca o venham a ser, o que é bom, pois mantém acesa em mim aquela chama que não pode se apagar porque é ela que me mantém vivo.

Neste blog, portanto, continuarei falando principalmente de livros, autores, idéias, mas também de pessoas que encontrei e, certamente, continuarei encontrando nessa jornada que é, mais que qualquer coisa, uma busca incessante. Incessante sim, porém jamais cansativa, mas, acima de tudo, prazerosa. Almejo apenas que os textos aqui postados consigam despertar a necessária empatia naquele possível leitor que entrará comigo em comunhão ao constatar que, aqui, trato de assuntos que também o movem e comovem tanto quanto a mim. Reconheço que sou muito pessoal no que escrevo – e isso é um grande risco -, mas não poderia ser diferente: eu só sei falar do que me apaixona.

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Vasco Arruda

Psicólogo, professor de História das Religiões e Psicologia da Religião.

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