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12. E vós, quem dizeis que eu sou?

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Vasco Arruda

Jesus foi um homem de uma extraordinária humanidade e acolhimento. Acolheu os pecadores para os converter, os doentes para os curar, os aflitos para os consolar, os endemoniados para os libertar, as crianças para as louvar, as mulheres para as honrar, os estrangeiros para os ajudar, as prostitutas para as salvar, os discípulos para os instruir, os inimigos para os perdoar. A todos considerou filhos de Deus e seus irmãos. O último ato de sua vida terrena foi o acolhimento em seu reino de um ladrão, seu companheiro de suplício: “Hoje, estarás comigo no paraíso” (Lc 23,43).
Angelo Amato
[Amato, Angelo. Verbete: Jesus Cristo. Em: Sodi, Manlio e Triacca, Achille M. (orgs.) com a colaboração de 195 peritos. Dicionário de Homilética. Apresentação de S. Emª. o Cardeal Silvano Piovanelli, Arcebispo de Florença; prefácio de Sergio Zavoli, Jornalista e escritor; tradução Orlando Soares Moreira e Silvana Cobucci Leite. São Paulo: Paulus: Loyola, 2010, p. 844.]

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Vasco Arruda

O caminho da história tende à divinização do homem; esta, preparada pela Encarnação de Deus, decretada desde o início como fundamento de todas as coisas e historicamente completada na plenitude dos tempos, terá como termo a restauração da semelhança divina no homem, a deificação do homem. Esta, atualizada com a caridade; de fato, por meio da caridade a vontade do homem se assimila à de Deus e faz uma só coisa com ela…
Ora, esta assimilação da vontade humana à vontade divina é antes de tudo realizada em Cristo. Nele as duas vontades existem distintamente; mas a vontade humana, fisicamente distinta da vontade divina, é inteiramente subordinada a esta até o ponto de fazer moralmente uma só coisa com ela…
São Máximo, o Confessor
[Citado em: Sgarbossa, Mario. Os santos e os beatos da Igreja do Ocidente e do Oriente: com uma antologia de escritos espirituais. Tradução Armando Braio Ara. – São Paulo: Paulinas, 2003, p. 360.]

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Vasco Arruda

Para o cristão, Jesus Cristo é o pleno comunicador do Pai. Sua comunicação do Pai assumia ares de autoridade, pois falava a partir de uma profunda experiência de conhecimento de Deus. O próprio Jesus diz isso a Felipe: “quem me vê, vê o Pai”. Em Jesus Cristo, o próprio Deus vem ao encontro do ser humano, revelando-se a ele numa ação carregada de carinho e compreensão. Ao mesmo tempo, ao revelar-se em Jesus, Deus também revelava ao homem a identidade mais profunda do ser humano, feito à imagem e semelhança Dele.
Entretanto, ao assumir um corpo para comunicar-se com os homens na sua própria história, Jesus Cristo aceitava as ambiguidades que compõem a condição humana. Podemos dizer que em Jesus se sintetizam os elementos fundamentais da comunicação humana: emissor, mensagem e receptor. Enquanto emissor, ele transmite aquilo que ouviu do Pai, anunciando a chegada do Reino de Deus. Ao mesmo tempo, ele é a mensagem de vida e salvação para o mundo. É ele o Caminho, a Verdade e a Vida. Ao mesmo tempo, ele só fala do que conhece e do que viu e recebeu do Pai. Como só faz a vontade do Pai, ele é o exemplo da pessoa aberta à mensagem transmitida. Como sabe adaptar a mensagem às circunstâncias das pessoas com quem fala, também relativiza as normas de acordo com as necessidades. Desse modo, a circularidade comunicacional, desejada para a superação da verticalidade do processo, realiza-se plenamente em Jesus Cristo. Modelo de comunicador, ele comunga profundamente com aqueles com os quais interage.
Pedro Gilberto Gomes
[Gomes, Pedro Gilberto. O Jesus da Comunicação e a Comunicação de Jesus. In: Aquino, Marcelo Fernandes de (organização de). Jesus de Nazaré, profeta da liberdade e da esperança. – São Leopoldo: Ed. UNISINOS, 1999, p. 322.]

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Vasco Arruda

Jesus é o Divino Mestre enviado pelo Pai à humanidade: o verdadeiro e único Mestre, porque é o Filho de Deus e a Verdade substancial. Ele é a Luz do mundo, o Caminho, a Verdade e a Vida. Quem segue a Jesus não anda em trevas, e quem crê n´Ele tem a vida eterna. O céu e a terra passarão, mas as suas palavras não hão de passar!
Luis Chiappetta
[Chiapetta, Luis. Jesus, meu Mestre. Primeiro volume: a Fé. São Paulo: Paulinas, 1960, p. 134.]

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Vasco Arruda

Nossa pergunta fundamental para Jesus – “Quem é você?” – ricocheteia nele e bate em cheio em nosso rosto. Ele não responde a nossa pergunta: “Quem é você?”, até que respondamos à pergunta Dele: “Quem são vocês? O que vocês querem?” Vamos a Ele com a esperança de que seja a resposta para nossa pergunta e O encontramos nos perguntando se somos a pergunta para a resposta Dele.
Peter Kreet
[Kreet, Peter. Jesus, o maior filósofo que já existiu. Tradução de Lena Aranha. – PocketOuro: Ediouro Publicações Ltda, s/d, p. 47.]

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Vasco Arruda

Ó Jesus, trespassaram vosso lado para nos abrir uma porta; feriram vosso coração para nos abrir nessa sagrada vinha, um asilo seguro de toda perturbação externa. O verdadeiro, o grande motivo para a ferida de vosso coração foi fazer-nos compreender, por meio dessa chaga visível, a chaga invisível de vosso coração… A lança que não traspassou apenas o corpo, mas também golpeou o coração, atesta a chama ardente de vosso amor, e não há nada que valha um tal testemunho.
São Boaventura
[São Boaventura. Vitis mystica, III. Em: Sgarbossa, Mario. Os santos e os beatos da Igreja do Ocidente e do Oriente: com uma antologia de escritos espirituais. Tradução Armando Braio Ara. – São Paulo: Paulinas, 2003, p. 137.]

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Vasco Arruda

Uma síntese das escatologias Daniélica e Profética é realizada por Jesus somente na medida em que Ele identifica o Filho do Homem com o Messias da linhagem de Davi. Ele, que é ele mesmo um descendente de Davi, espera ser transformado no Messias Filho do Homem na vinda do reino. Deste modo, Ele soluciona o problema criado pela transcendentalinidade da Escatologia – como o Governador dos Tempos do Fim pode ter uma origem humana, e ao mesmo tempo ser um ser sobrenatural. No Templo de Jerusalém Ele propõe isto para os Escribas como um enigma, perguntando-lhes como é possível para Davi chamar seu descendente de ‘ Senhor’.
Albert Schweitzer
[Schweitzer, Albert. O misticismo de Paulo, o apóstolo. Com uma Nota de Prefácio por F. C. Burkitt, F.B.A., D.D. Tradução de Paulo e Judith Arantes; Revisão de Cláudio J. A. Rodrigues. São Paulo: Fonte Editorial Ltda., 2006, p. 122.]

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Vasco Arruda

Jesus não morreu de morte natural nem por estranha enfermidade. Ele morreu derramando Seu sangue na cruz, oferecendo a essência da vida, presente no sangue. Daí a religião cristã ser única. É a religião do sangue que dá nova vida. É a transfusão espiritual da vida de Deus no coração do cristão.
Talvez impressione e espante essa ideia do sangue. Mas o Senhor quer que o derramamento de Seu sangue por amor produza efetivamente uma impressão tão forte em nossa vida que terminemos amando-O ao compreender que Ele sangrou para nos dar vida eterna. Assim se expressou o discípulo Pedro: “fostes resgatados […] pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo” (1 Pedro 1:18-19). E João destaca o mesmo conceito, ao dizer que o sangue de Jesus “nos purifica de todo pecado” (1 João 1:7).
Não falta quem se pergunte: “Por que Jesus teve que morrer na cruz? Não teria bastado nos ensinar um elevado código moral, para viver com integridade e correção?” Certamente não! O que o homem pecador necessitava não era apenas uma melhora moral, mas uma vida nova, engendrada por Deus por meio da oferta de Cristo. A verdadeira necessidade humana – de ontem, de hoje e de sempre – não é a de um código superior, mas a vida de Cristo implantada no coração. Precisamos da vida que Ele nos deu quando a entregou na cruz.
Qualquer tentativa humanista ou moralista de mudar o ser humano sempre será um esforço limitado e falido. Somente uma dependência do poder divino, com a aceitação da morte redentora de Cristo, pode assegurar vida eterna para “todo o que nEle crê” (João 3:16).
Você já aceitou pela fé o sacrifício de Cristo para a redenção de sua vida? Não poderia ter tomado decisão melhor! Conserve no coração essa decisão pelo resto de seus dias.
Enrique Chaij
[Chaij, Enrique. Ainda existe esperança: a solução para os problemas da vida. Tradução Fernanda Caroline de Andrade Souza. – Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2010, p. 82.]

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Vasco Arruda

É em Cristo que vemos a origem de nossa aflição: nosso afastamento de Deus. É em Cristo que vemos a nossa culpa: a estulta ambição de nos tornarmos iguais a Deus. Quando em Deus vemos a razão de nossa aflição e a origem de nossa culpa, achamos também a nossa fortaleza em Deus; então o sol se deterá em Gibeon e a luz no vale de Ajalom; o mar se abrirá para garantir uma via enxuta e segura; as águas do Jordão estagnarão; a criatura velha, egocêntrica, se transformará em Cristocêntrica e o Homem NOVO buscará e invocará a Deus: Aba, Pai! Já não será riscado do Livro da Vida o nome ali inscrito desde a eternidade.
Lindolfo K. Anders
[Comentário de Lindolfo K. Anders em: Barth, Karl. Carta aos Romanos. Segundo a quinta edição alemã (impressão 1967). Tradução e comentários: Lindolfo K. Anders. São Paulo: Fonte Editorial Ltda., 2005, p. 611.]

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Vasco Arruda

Transcrevo, abaixo, o texto escrito pelo Prof. Carlo Tursi a propósito do 1º Colóquio Teológico.

Repercussão promissora do 1º Colóquio Teológico
“Quem dizeis que eu sou?”
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O auditório José Albano, do Centro de Humanidades da UFC, com 112 lugares, estava lotado no dia 28 de maio – em pleno sábado de manhã: É que o Movimento por uma Formação Cristã Libertadora havia convidado para um debate aberto e gratuito acerca de “Aspectos cristológicos do imaginário de Jesus”, questionando até que ponto o “Cristo da Fé” do povo crente reflete as características históricas da figura e do projeto de Jesus de Nazaré. Polêmica garantida!
Moderadora Valdicélia Cavalcante acolheu o público em nome do MFCL e chamou os dois palestrantes a compor a mesa (um outro convidado, Pe. Marco Passerini, fora impossibilitado de participar por motivo de doença): Prof. Michael Kosubek (“O que a pesquisa histórico-crítica hodierna nos permite saber acerca do Jesus histórico?”) e Prof. Vasco Arruda (“Até que ponto desejos e projeções infantis participam da construção do imaginário acerca do Cristo milagreiro e salvador?”). Suas colocações, ricas em conteúdo e complementares em sua respectiva ótica, provocaram um envolvimento extraordinário da platéia (22 intervenções, entre perguntas e comentários). Eis algumas das inquietações:
Por que a história do cristianismo é marcada muito mais por prece e louvor do que por seguimento a Jesus? – Como a exegese moderna, com seu interesse histórico-crítico, pode evitar que a figura de Jesus se transforme em apenas um personagem proeminente do passado, perdendo assim a relevância como o “Vivente e Presente” em fé e vida das pessoas hoje? – Será que a fórmula da devoção popular “Entrego minha vida a Jesus!” contém algo mais do que uma recusa infantil da responsabilidade pelo próprio destino? – Poderia existir uma religiosidade/espiritualidade que não fosse marcada pela sensação infantil de desamparo e necessidade de proteção por um Pai Todo-poderoso que “quebra todos os meus galhos”? – Será que o papa Bento XVI, em seu livro sobre Jesus de Nazaré, estava bem-intencionado quando, já logo no início, não se ateve aos pressupostos metodológicos da exegese científica e exigiu o reconhecimento a priori da divindade do Jesus histórico? – Qual a imagem de Jesus Cristo que devemos apresentar ao povo cristão em catequese, ensino religioso e homilia? – Qual a importância de um determinado referencial cristológico para o (não-) engajamento social e político de cristãos e cristãs?
Embora as perguntas recebessem tratamento competente e aprofundamento significativo pelos palestrantes, o tempo se revelou curto para esgotar a riqueza de perspectivas e problemas que foi trazida à tona. O Movimento, desde já, estuda a possibilidade de oferecer um segundo colóquio para clarificações (e problematizações!) ulteriores. – Antonieta Bezerra, em nome do MFCL, agradeceu a tod@s e encerrou os trabalhos daquela memorável manhã. Que venha mais! Outro Cristianismo é possível!
Carlo Tursi