São 445 mil católicos entre 126 milhões de habitantes, mas os números em si não expressam a força do catolicismo japonês. Apesar dos números reduzidos, não se pode dizer que a Igreja seja insignificante no Japão. Hoje, os católicos são tantos quantos eram no fim de 1500, quando a pregação de Francisco Xavier e dos jesuítas implantou a Igreja. Infelizmente, a política ocidental daqueles tempos e outras suspeitas levaram à perseguição e proscrição do cristianismo até 1853, quando a marinha militar norte-americana obrigou o Japão a reabrir-se ao mundo ocidental.

A Igreja japonesa tem características particulares. Nunca foi acusada de colonialismo e nem de proselitismo, visto que os católicos viviam escondidos, com perigo de morte, até que foram reencontrados, no fim do século passado, por missionários que voltaram para o Japão, depois de mais de dois séculos. Esses cristãos souberam esconder sua identidade, mantendo em segredo seus ritos e sua fé, mas agora que podem praticá-la em liberdade, olham com desconfiança a renovação do Concílio.

Logo após a guerra, a Igreja japonesa recebeu muitos missionários estrangeiros, provenientes, sobretudo, da China de Mao, que se dedicaram, diante da desconfiança e indiferença religiosa, ao serviço do povo japonês que estava se refazendo do conflito e do trauma das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki.

Hoje, a presença missionária estrangeira diminuiu e é o Japão que, apesar do minguado número de católicos, envia seus sacerdotes e missionários para outros países e têm uma autoridade, baseada na experiência local, nos temas da inculturação e do diálogo inter-religioso. Apesar de uma sensível diminuição do progresso e inesperada pobreza, o Japão aumentou sua sensibilidade social e ampliou a abertura diante dos problemas do mundo, realizando inclusive uma campanha para diminuir a dívida dos países pobres que contou com o apoio e sustento do arcebispo de Tóquio, dom Shirayanagi Seiichi.

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Vanderlúcio Souza

Padre da Arquidiocese de Fortaleza. À busca de colaborar com a Verdade.

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