Pensei um pouco antes de escrever este pôst. Coloquei-me no lugar dos familiares. Tenho sobrinhos, conheço crianças em fase colegial semelhante às da tragédia de Realengo.  É impossível não se comover com a história que resultou em uma tragédia sem prescedentes no país. A capa do Diário de Pernambuco, do dia 8, sintetiza o fato, “12 mortos e 190 milhões de feridos”.

Entretanto, este blog propõe-se a refletir temas do cotidiano à luz dos valores e princípios do Evangelho. Com o caso do massacre acontecido no Rio de Janeiro não poderia ser diferente.

A história da Igreja Católica está cheia de relatos de pessoas que perdoaram seus algozes. Cristo é o modelo por excelência. No alto da cruz proclamou seu perdão na frase que ultrapassa gerações, “Pai, perdoa-lhes pois não sabem o que fazem”.

Com os primeiros mártires o feito se repetiu. Nas arenas do coliseu os carrascos admiravam-se ao verem os corpos  de cristãos dilacerados por feras com um semblante de serenidade.  A história de santos como Maria Goreti renovam a experiência do perdão. A jovem fora esfaqueada por não ceder ao estuprador e antes de morrer concedeu-lhe o perdão. Já o papa João Paulo II concedeu a absorvição ao atirador que lhe acertou em atentado na Praça de são Pedro, em um gesto eloquente e emocionante de perdão.

Anterior à chacina de Realengo um caso dramático consumiu muitos minutos de cobertura televisiva e muita tinta de jornal. Duas irmãs adolescentes foram assassinadas por um conhecido da família, em São Paulo. O pai, José Benedito, chocou os brasileiros, ele perdoou o matador de suas duas filhas. “Eu perdôo de todo coração”, disse. E ainda deseja a conversão do malfeitor.

O agricultor disse que o ensinamento do perdão recebeu nas palestras de mons. Jonas Abib, sacerdote fundador da TV Canção Nova. As palavras do homem de tez queimada pelo sol refulgiu uma luz inaudita, avassaladora. Uma luz que pode lançar raios para o caso de Realengo.

Claro, o perdão é um processo. Para alguns mais fácil; para outros, impossível, classificam. No entanto,quem tem fé pode ir mais longe, encontrar forças e respostas onde se pensa inimaginável encontrar.

Como disse no início do pôst, o objetivo não é forjar uma resposta de imediato e sim uma reflexão duradoura e madura. A verdade se diga, quem perdoa respira mais aliviado, consegue um equilíbrio jamais obtido de outra forma. Coisa que a vingança e o rancor não podem oferecer. 

E já que o atentando de Realengo não atingiu somente os familiares das vítimas e sim  uma nação inteira, cabe neste final de reflexão uma pergunta: você perdoa Wellington?

About the Author

Vanderlúcio Souza

Padre da Arquidiocese de Fortaleza. À busca de colaborar com a Verdade.

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