Testemunho de Antonio Marcos, colaborador especial para o blog ANCORADOURO.

Antonio Marcos tinha seis anos de idade quando viu o papa

No ano de 1980 lembro bem que antes mesmo de começar a estudar, estando eu a morar em Fortaleza há poucos meses, criança com apenas 6 anos de idade, o Papa João Paulo II veio pela primeira vez ao Brasil. No dia 09 de julho desembarcou em Fortaleza para a inauguração do Congresso Eucarístico Nacional. Foi nesta ocasião – bem sabemos – que se deu o encontro do Moysés Azevedo – fundador da Comnidade Católica Shalom – com o Santo Padre, no estádio Castelão.

O Moysés ofertou sua vida e juventude pela evangelização e assim a Comunidade Shalom, sem ele saber, nascia ali aos pés de Pedro. Dois anos depois, 9 de julho de 1982, dava-se a fundação do primeiro Centro de Evangelização com a inauguração da lanchonete Shalom.

Pois é, neste mesmo dia, quando o papa voltava do estádio Castelão no papa-móvel, dirigindo-se ao Seminário da Prainha onde aconteceria o Congresso, as pessoas da minha família correram pra avenida e também me levaram. Para nossa felicidade no exato momento que lá chegamos, contemplamos o papa que ia passando.

Recordo-me bem que ele olhou para o lado em que eu estava e traçou o sinal da cruz abençoando. A distância era de apenas 5 metros e lembro que os olhos dele me pareceram olhar para baixo e fitar aquela criança, pois, naquele lugar eu era a única criança, embora muitos adultos estivessem ali.

 Claro, o gesto é comum e repetitivo quando o papa passa em qualquer lugar, mas Deus torna os acontecimentos únicos para nós porque ele nos olha individualmente. O fato é que eu e o papa nos olhamos e foi muito marcante, tanto que foram impressos na minha memória a imagem do rosto sorridente e o seu gesto.

No decorrer  de minha  adolescência e juventude, misteriosamente, sempre que vivia momentos fortes sejam de dores ou de alegrias, a lembrança daquela cena voltava. Embora amasse o papa, não entendia os motivos que me faziam tanto lembrar aquele encontro. Somente a experiência com a Pessoa de Jesus Cristo através da Crisma e do Seminário de Vida no Espírito Santo foi que Deus passou a me revelar o segredo “daquele olhar” entre eu e o papa.

Na verdade tratava-se do “olhar de Cristo” a mim como sinal do seu amor, de seu cuidado misericordioso, de sua predileção. Certamente para mim isso explica o meu profundo desejo por Deus e meu amor à Igreja já nos meus anos de adolescência a prolongar-se na juventude. Nas minhas procuras e encontros o meu coração se reportava sempre “àquele olhar”. Deus se antecipa a nós e se utiliza dos fatos e circunstâncias para manifestar os seus desígnios, exatamente como fez a Natanael: “Antes que Filipe te chamasse, eu te vi quanto estavas sob a figueira” (Jo 1,48). Nada é acidente, tudo é providência.

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Vanderlúcio Souza

Padre da Arquidiocese de Fortaleza. À busca de colaborar com a Verdade.

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