Roma – O Papa Francisco acaba de fazer sua primeira viagem à Ásia. Foi o primeiro Pontífice a sobrevoar o território chinês com explícita autorização daquele regime comunista com quem o Vaticano não tem relações diplomáticas.
Como é de costume, ao sobrevoar o território de um país em viagem apostólica, o Papa enviou, na ida e na volta, telegramas de saudação ao presidente da China e ao povo chinês. E recebeu respostas e votos de boa viagem e missão. Pra se ter uma ideia, João Paulo II, quando precisou ir à Coréia do Sul, teve que fazer escala estratégica no Alasca, porque sua passagem sobre a China não foi autorizada.
Este sobrevoo foi tão significativo que o Papa foi à cabine do avião para ver a China de cima e rezar pelo seu povo, especialmente os cristãos ali perseguidos há anos. Quando jovem jesuita, Bergoglio desejava ser missionário na Ásia, como S. Francisco Xavier e Mateus Ricci. De fato, considera a Igreja daquele continente prioridade, tanto que suas próximas viagens internacionais previstas serão para as Filipinas e o Siri Lanka.
A viagem à Coréia do Sul foi um sucesso! Discursos oficiais e homilias em inglês, (diga-se muito melhor que o português que ele ensaiou no Brasil), visitas aos lugares do martírio dos santos coreanos que foram crucificados e mortos pela fé (o Papa rezou diante de uma “coroa de espinhos” feita de arame farpado que foi instrumento de tortura dos mártires), visita aos excluídos da sociedade coreana, ou seja, pessoas com diferentes tipos de problemas mentais e físicos e que são muito discriminados naquela região, missa para um milhão de pessoas, a maioria jovens que participavam da Jornada da Juventude Asiática, encontros com grupos inter-religiosos e os costumeiros com bispos, religiosos e autoridades.
Na ida e na volta, é também tradição que o Papa dê entrevista coletiva aos jornalistas que o acompanham no mesmo voo. As perguntas são as mais variadas possíveis e o Papa não costuma fugir das respostas. Interessante é que na viagem de volta o Papa tocou em assuntos muito delicados como a “guerra justa” em caso de genocídio como ocorre no momento com as minorias no Iraque e Síria, dizendo que é justo deter o inimigo, não com o uso da violência, mas é justo e imperativo proteger a vida dos indefesos.
Bastou que algum imbecil tirasse do contexto a frase sobre como a fama é efêmera e vimos hoje manchetes como: “ Papa disse que viverá apenas 3 anos!” Que em grandes veículos como Globo, Uol e algumas agências de notícias não se saiba mais escrever é óbvio e ululante, mas que agora também não saibam ler é tão grave quanto uma guerra mundial. E que não vença essa a burrice sensacionalista e mau agourenta!
Artigo escrito por Fr. Francisco Lopes, OFMCap , especialmente para o ANCORADOURO.