O bispo de Guarulhos Dom Edmilson Caetano foi hostilizado durante audiência na Câmara Municipal. O pastor foi convidado para dizer uma palavra sobre ideologia do gênero, mas foi interrompido diversas vezes por um pequeno grupo. “Antes de falar e duas vezes no início da minha fala fui interrompido por vaias de um pequeno grupo favorável à inserção da chamada ideologia de gênero no plano de educação do nosso município. Acabei comparando o grupo que só gritava a um bando de cachorros. Não os chamei de cachorros”.
Confira o discurso na íntegra que Dom Edmilson faria na Câmara Municipal de Guarulhos:
Senhoras, Senhores, irmãos e irmãs.
Agradeço a oportunidade de poder falar nesta audiência pública.
Não tenho competência para falar de todos os pontos do PNE. Entretanto, aquilo que nos preocupa enquanto Igreja é a questão da chamada educação sexual. Não tive contato com o argumento próprio para o nosso município, mas como o PNE foi passado à responsabilidade dos Estados e municípios já com o conteúdo que vinha sendo proposto a nível federal, achamos por bem abrir um espaço para a reflexão. Esta audiência pública é uma boa oportunidade.
Primeiramente estou aqui por causa da minha fé em Jesus Cristo e a missão que Ele deixou à sua Igreja. A minha fé não está em contraste com a razão e a ciência. Na fé cristã acreditamos que Deus criou o homem à sua imagem, homem e mulher. O Criador não tem sexo, mas Deus é comunhão de pessoas (a Trindade). Assim a diferenciação dos sexos é para que o ser humano possa perfazer esta sua vocação de ser imagem de Deus: comunhão de amor. Uma das formas sublimes deste amor se manifestar, amor este que é espiritual, é na união sexual que não está voltada para si mesma, mas aberta à doação para o outro e aberta à vida que pode ser gerada. Na fé também acredito que esta obra maravilhosa de Deus foi danificada pelo pecado que inverte todas as coisas e é contrário ao amor.
Peço desculpas por usar certas categorias filosóficas que não fazem parte do nosso falar cotidiano. Por causa desta fé acredito que a essência precede a existência. Ser masculino ou feminino é algo essencial, seja do ponto de vista fisiológico, bioquímico e psicológico. Não há como ser neutro. Se aparece na existência algum acidente, ele é posterior à essência. Muda, sim, o concreto da existência, mas é posterior. Em alguns pontos da educação sexual pretende-se mudar esta ordem, de modo que caberia à pessoa escolher a sua orientação sexual. Por detrás desta configuração existe um aspecto da corrente do existencialismo ateu sartriano que propaga que a existência precede a essência.
Ser masculino ou feminino nos dá uma identidade. Ser masculino ou feminino não difere na dignidade. Como vivenciar o ser masculino ou feminino acarreta consequências morais e éticas.
Grande parte da natureza manifesta esta dupla de identidade de gênero, não como pobreza, mas como riqueza.
Ainda que a chamada ideologia de gênero não trate especifica e exclusivamente da questão da homossexualidade, quero inserir aqui uma breve reflexão. Acredito que nenhum de nós, aqui presente, tenha escolhido a própria orientação sexual. Acredito também que, não somente por questões culturais e sociais, as pessoas com orientação homossexual tenham se sentido angustiadas, mas na vivência da própria existência travaram e travam conflitos consigo mesmas. Este conflito existe exatamente porque não se trata de uma escolha pessoal, mas um ou vários acidentes tornaram assim a situação.
Quero também afirmar que a pessoa humana é muito, muito mais que a sua orientação sexual. Neste sentido é importante educar para a grandeza da dignidade da pessoa humana, que encontra sua plena realização no amor. Amor que significa ser para o outro, não buscando simplesmente a si mesmo. Compreender a orientação sexual como uma situação e não como uma opção ajuda e muito a respeitar o outro e desbaratar tantas atitudes chamadas homofóbicas que tem feito muitas pessoas sofrerem. Acredito que todos estamos concordes em não aceitar a violência contra as pessoas.
Peço que o PNE em nosso município saiba encontrar estruturas que eduquem não só para o respeito, mas principalmente para amor-doação. A nossa sexualidade é dom de Deus e o sermos seres sexuados é que nos faz capazes de amar. Educar para virtude da castidade também é importante, pois esta virtude libera o amor de manifestações egoístas. Peço que se tenha cuidado para não reduzir a educação sexual a educação genital. A nossa sexualidade é muito mais que genitalidade.
Obrigado pela atenção.
+Edmilson Amador Caetano, O.Cist.
Ha uma coisa interessante a se complementar no seu raciocínio, o senhor se esqueceu de questionar uma coisa que pode parecer até blasfêmia para você, mas existe uma incógnita que está sendo deixada de lado, talvez por falta de compreensão dos planos de Deus.
O homem foi feito a imagem (o que representa características por vezes biológicas ou físicas) e semelhança( o que respresenta igualdade seja ela qual for), logo, se o homem foi feito a imagem de deus, não seria possível afirmar que a imagem de deus é masculina? É porque seria impossível afirmar? Quem possue propriedade de sabedoria para afirmar que deus não possui sexo? Apenas porque deus e espírito e espírito não se reproduz, espírito não nescessita de possuir sexualidade pois este é um ser único, e quando entra a sexualidade de gêneros no contexto? Entra na mecânica perfeita criada por deus para o funcionamento do planeta capacitando o ciclo da cadeia alimentar que sustenta a evolução das espécies que foram criadas unicamente para a possibilidade de vida do homem, uma criação única, sem rótulo sexual, Adão observando a diferença existente entre as espécies animais, questionou a seu criador do porque todos os animais viviam em pares e ele vivia sozinho, deus vendo a insatisfação de Adão o perguntou, se acaso não lhe era suficiente ter todos os frutos, e todas as maravilhas do jardim, imagino eu que deus atendendo ao pedido do seu filho criou a mulher de uma de suas costelas, aí que está?! Porque deus não criou a mulher a sua imagem e semelhança como fez com o homem? Porque deus não possui gêneros, deus não se reproduz, seria então impossível criar outro ser a sua imagem com uma diferença sexual ( com outras características ) a representação da criatura chamada mulher constitui o desejo do homem de ter outro ser de sua espécie que ele pudesse partilhar algum sentimento ( em nenhum momento a bíblia afirma que a mulher foi criada para procriar enquanto eles estavam no jardim, Eva foi criada para suprir a solidão de Adão, ( aí entra o egoísmo do homem) deus na sua onisciência criou Eva para a reprodução humana, mas isso só acontecerá após Eva ser tentada a comer o fruto proibido, e porque o diabo não tentou a Adão? Porque Adão ainda se mantinha em santidade sendo ele a imagem e semelhança do criador, a mulher representando a fraqueza e dependência do homem, foi enganado pelo diabo e pecou? Gostaria também de saber o porque de a ciência dada ao homem do pecado os fez sentir Vergonha de seu corpo ( alusão ao sexo/sexualidade)? Entendo eu que o pecado original sucede a escarnacao dos desejos sexuais, condenado assim os decendentes de Adão e Eva a viver condenados ao pecado, provando do bem e do mal, assim nasceu a diferença entre os sexos e suas funções, apenas biológicas, pois quando exercida sob função carnal se torna abominação, a mulher foi criada para o homem, mas o homem foi criado para deus, de maneira nenhuma quero discriminar as mulheres, apenas venho através deste esboçar minha opinião sobre sexualidade sob a ótica cristã, pra finalizar, Jesus não morreu na cruz para limpar os pecados daqueles que exercem relações homossexuais, ele sequer citou isto, Jesus pregou o amor dado através do Espírito Santo de deus pelos seus mandamentos, e mais, mostrou que é onipresente é ao contrário do que muitos alo-religiosos acreditam, não fundou nenhuma denominação, Igreja, templo ou religião, ele disse que está em cada um de nos, não importando sexualidade, característica física, nacionalidade, idade, gênero, ou cultura, o que importa pra deus é o coração! O criador não tem sexo, eu tampouco serei pecador por exercer o amor para com meu próximo, seja ele homem mulher, bicho ou planta.