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Eu li um pequeno trecho de uma entrevista com o grande poeta Ferreira Gullar que me fez refletir sobre algo que está em falta a muito tempo neste nosso país ainda tão medíocre, a sensibilidade artística.

Olha, publicar um poema é como ter na mão o original de um pintor. A crítica sobre um quadro é uma coisa, mas você já imaginou ter nas mãos o próprio quadro? A diferença é que o quadro reproduzido no suplemento se resume a uma cópia fotográfica, enquanto um poema é uma obra de arte original.

Se você publica em seu suplemento um poema, você está publicando o original de uma obra. Então é preciso valorizar culturalmente os suplementos. Chega de entrevistas, de resenhas que às vezes não dizem nada. Eu gostaria de reafirmar tudo isso aqui porque estamos vivendo uma época em que os valores culturais vêm sendo substituídos pelo entretenimento. A mídia transforma tudo em entretenimento. O único valor que existe é a notícia, a novidade sob a forma de notícia.

E isso é uma ameaça ao ser humano, porque esse pessoal jovem que está sendo manipulado pela mídia não se preocupa, em sua formação literária, com a experiência do que seja a obra de arte, que não é uma realização gratuita, mas uma necessidade profunda do ser humano.

E o que acontece? Acontece que, quando se esgota o mito da juventude e o sujeito não tem mais como pular o rock na praia de Ipanema, quando acaba tudo isso e ele começa a ‘bater pino’, não tem para onde se voltar porque lhe falta a verdadeira experiência da arte”.

Eu fiquei encantado com as palavras acima. Sabe qual é o nome desse sentimento? Sensibilidade. Nós estamos vivendo em uma sociedade que já não sabe mais o que é sensibilidade artística e se contenta com os lixos culturais que estão a disposição. Você consegue se encantar com uma poesia? Com um belo quadro? Com uma escultura? Com objetos artesanais? Com músicas clássicas? Com uma apresentação de danças? Ou uma apresentação circense? Com uma ópera? Com uma peça de teatro? Com corais de crianças? É disso que eu estou falando. Eu sou fascinado pela arte e meus olhos brilham como os de uma criança sempre que vou a uma orquestra, ou a uma exposição de quadros, ou vejo objetos artesanais etc. Nós precisamos resgatar esse olhar sensível, que enxerga a beleza destas coisas maravilhosas.

Mas eu sei por que isso acontece. Porque nós vivemos dentro de uma sociedade que só visa o lucro, o dinheiro. Tudo é dominado pelo dinheiro, e ele é um veneno para a nossa alma artística. Eu gosto sempre de dizer. Olhe para os poetas, para os pintores, para os atores de teatro, para os músicos que não são estrelas da TV etc. Você sabe muito bem que eles ganham muito mal pelo seu trabalho, mas observe a satisfação e alegria deles! Eles esbanjam alegria porque AMAM o que fazem. Trabalham por amor ao que fazem, e o resultado não poderia ser diferente, uma obra de arte que não é valorizada. Nós precisamos aprender que existem milhares de coisas nessa vida que não se medem com dinheiro. A arte não se mede com dinheiro, mas com a sensibilidade do olhar. Vou deixar um link de um texto em que falo sobre esse nosso mundo medíocre, que é dominado pelo dinheiro e, por causa disso, vive em desarmonia. Quero deixar claro que não sou contra o dinheiro. Não! O dinheiro é de suma importância, o que não concordo é que ele seja a maior prioridade, porque definitivamente não é. O que deveria ser a prioridade número um é a nossa felicidade e realização como seres humanos.

Um mundo governado pelo dinheiro

Para concluir, quero falar sobre a importância da sensibilidade. Ela nos torna mais felizes, mais atenciosos, mais criativos, nos desperta para um maior convívio com os amigos etc. Se isso não bastasse, ela nos ajuda a despertar sentimentos mais nobres, como a humildade, a compaixão, a ternura etc. Veja o exemplo do mestre da sensibilidade, Jesus Cristo. Sua sensibilidade era extremamente aguçada, e ele conseguia se encantar apenas com o canto dos passarinhos, com uma brisa suave em seu rosto, com as plantas de um jardim.

Com certeza você já leu a passagem em que o mestre Jesus fala sobre os lírios do campo, essa é uma das passagens mais poéticas da bíblia sagrada.

Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas?

Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham nem fiam; e eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles.

Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe, e amanhã é lançada no forno, não vos vestirá muito mais a vós, homens de pouca fé?”

Perceba quando Jesus fala sobre o rei Salomão. Ele é como as pessoas medíocres da nossa sociedade atual, que tem muito dinheiro, poder e fama, mas não têm sensibilidade. Eu quero e farei todo o possível para sempre apreciar a beleza da arte, pois sei que isso faz e fará toda a diferença na minha vida, me levará a sempre ver o que é essencial e o que não é.

Pense sobre isso! E a próxima peça de teatro, exposição de quadros, feira da música, orquestra, ópera, apresentação musical, danças… que você souber, marque sua presença e crie este hábito tão positivo de ver Arte com A maiúsculo…

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Isaias Costa

Isaias Costa. Sou Bacharel em Física, Mestre em Engenharia Mecânica e Psicanalista Clínico. Descobri o meu amor pela escrita nas dificuldades que passei no meu caminho, aliado ao prazer de ler sobre Filosofia, Psicologia e Autoconhecimento. Este blog trata de assuntos em sua maioria voltados para o autoconhecimento, com o objetivo de nos fazer pensar e se questionar sobre as grandes questões da vida. Também escrevo nos blogs "Para além do agora" e "Universo de Raul Seixas". www.paralemdoagora.wordpress.com www.universoderaulseixas.wordpress.com Além disso também atendo online como psicanalista. Aos interessados basta entrar em contato comigo por mensagem pelo whatsapp (85) 98610-6688 Sejam todos bem-vindos ao "Artesanato da mente"...

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