ELA COMEÇOU A SUA PEREGRINAÇÃO AOS 12 ANOS ANDANDO A PÉ.

A força da fé não tem limites. Um exemplo dessa magnitude que ascende a alma, fortalece o espirito que gera a esperança e compromisso de vir a terra escolhida por São Francisco, é a dona Maria Gomes Rodrigues de 99 anos que vem a cidade desde os 12 anos, quando viajava a pé com seus pais. Natural da cidade de Piracuruca, hoje mora em Teresina e todos os anos vem para a romaria.

Acompanhada das duas filhas Maria Odete Rodrigues de 59 anos, enfermeira e Maria José Rodrigues de 66 anos, dona-de-casa, a romeira fala e escuta normal.

Ela participou do trânsito de São Francisco com uma velinha acessa para iluminar a vida. Usando uma cadeira de rodas, ela diz que é feliz pela vida que leva. ‘’Não tenho muito do que reclamar, porque vivo perto de São Francisco é meu melhor amigo. Quero comemorar meus 100 aqui ao lado dele’’, disse, quando assistiu a missa de encerramento da festa celebrada pelo Arcebispo da Arquidiocese de Fortaleza Dom José Antônio Marques Tosi na Quadra da Gruta de Nossa Senhora de Lurdes.

O Pároco e Guardião do Convento de Santo Antônio do Brasil Frei Jonaldo Adelino, classifica situações dessa natureza, como o caso de dona Maria Rodrigues, como o imaginário do sertanejo permeado por figuras que influenciam no individual e social mesmo sem ter necessariamente consciência de tal poder – uma miríade de ‘devotos’, mantém no seu cotidiano representativo de sua terra/identidade: a devoção e nunca quer deixar de cumprir o que acordou com o santo entre quatro paredes. Essa é a essência da fé, que inclui essa senhora de 99 anos’’, observa Frei Jonaldo.

Essa influência é presencial ou remota, repassada de geração a geração, de maneira que os filhos, os netos, enfim a família carrega na sua origem o imaginário religioso do sertanejo, e só deixa de cumprir as promessas, quando morrem.

Fotos e texto de Antônio Carlos Alves