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Com shows marcantes registrados na história do rock cearense, o Biquíni Cavadão se prepara para mais uma apresentação em Fortaleza, dessa vez na festa “Porque Hoje É Rock”, que acontecerá na noite de hoje, no Colosso Stage e contará ainda com a presença de outra grande atração nacional, o Capital Inicial.

O grupo, que celebra 30 anos de carreira e acaba de lançar o DVD “Me Leve Sem Destino”, é formado por Carlos Coelho, Miguel Flores e Álvaro Birita, além do vocalista Bruno Gouveia, que conversou com o Ceará & Rock, onde falou sobre o rock nacional, indústria fonográfica, família, política, projetos para o futuro, Capital Inicial e expectativa para o show na capital cearense.

Ceará & Rock: Este ano o Biquíni comemora 30 anos de carreira com o DVD ‘Me leve sem destino’. Como foi revisitar o repertório destas três décadas? As canções vêm com alguma novidade?

Bruno Gouveia: Sempre vem com novidades. Se você comparar com os arranjos que fizemos para o DVD que gravamos em Fortaleza, verá que muita coisa foi mexida, embora a alegria e essência não envelheçam. Foi um trabalho e tanto escolher as músicas, mas acho que conseguimos resumir bem os 30 anos nestas canções escolhidas. Ali estão passado, presente e alguns palpites para o futuro.

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C&R: Essa semana foi uma data marcante para os roqueiros, pois aconteceu o Dia Mundial do Rock. Qual a importância dessa data para você e como você enxerga o atual momento do gênero do País? Acha que há uma crise no Rock nacional

BG: O dia mundial do rock é na verdade comemorado só no Brasil (rs), mas é algo valido e louvável de se celebrar. Ainda mais num país em que o modismo de outros estilos tem predominado. O rock hoje é minoria, não por falta de talentos, e certamente por falta de espaço. Gente boa é o que não falta. 😉

C&R: Da atual geração do rock nacional, quais bandas você destaca?

BG: Los Porongas (AC), Mafalda Morfina (CE) Seu Zé (RN), Locomotrom (SP) Donica (RJ) Scalene (DF) Versalle (RO) Reverse (RJ) Dudy Cardoso (SP) são alguns dos nomes que me vem à cabeça, mas tem muito mais.

C&R: Mês passado vocês abriram um concurso para que bandas de Uberlândia abrissem um show de vocês em agosto. Como se dá essa aproximação com outros grupos e quais são os principais frutos de um encontro como este?

BG: Sempre aprendemos alguma coisa com as novas gerações. E vice-versa. É um bom intercâmbio. Boa música não escolhe lugar. Estamos sempre ouvindo novos trabalhos.

C&R: O Biquíni Cavadão é uma das mais importantes bandas brasileiras desde o início dos anos 80. De lá pra cá, a indústria fonográfica passou por diversas mudanças. Qual o segredo pra sobreviver a tudo isso?

BG: Acho que, em uma palavra, é o respeito. Respeito é o que temos entre nós, é o que temos com nosso público, é o que temos com quem nos contrata e mesmo com quem nos entrevista. Já vi muita gente aparecer e sumir por simplesmente desrespeitar esta regra básica.

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C&R: Hoje você está casado com a Izabela Brant, que também é cantora, mas de uma banda de forró. Aqui no Ceará, existe uma rivalidade enorme entre Rock e Forró, são basicamente os opostos. Como vocês lidam com essas diferenças? Costuma acompanhá-la nos shows da banda Menina do Céu?

BG: Claro que acompanho! Adoro o forró de Luis Gonzaga, Elba, Dominguinhos, Falamansa e Menina do Céu. Cantei com ela no disco Festa No Céu uma versão bem legal de Vento Ventania. Eu não sou contra nenhum estilo em particular, apenas contra aquilo que é feito com mau gosto. Aprendemos muito com nossas diferenças musicais, por sinal. Gostamos muito de compor juntos e já fizemos algumas músicas bem legais: resta saber apenas se entrarão no disco do Biquini Cavadão ou no dela.

C&R: O que significou o nascimento da Letícia, em sua vida? A Lelê lhe deu um novo impulso? Já escreveu alguma canção pra ela?

BG: O nascimento de Letícia foi o meu renascimento também. Tenho curtido muito esta paternidade novamente e ela vive me enchendo de alegria. Ainda não fiz uma canção pra ela, mas estou mergulhado em projetos infantis como, por exemplo, o “Rock Your Babies”, que sairá no segundo semestre com 12 discos de música instrumental para bebês homenageando bandas de rock nacionais. Tem dedicatória a ela em todos!

C&R: E sobre o momento político. Como você enxerga esse momento turbulento em nosso País? Como cidadão, como você se posiciona? E como frontman do Biquíni Cavadão, como você sente que pode contribuir, já que o Rock sempre foi importante em momentos como esse?

BG: Acho que o governo está pagando por tudo aquilo que tentou acobertar no ano passado para que pudesse ser reeleito. De certa forma acho até que a vitória foi merecida. Injusto seria se o abacaxi sobrasse para o outro candidato e a ele fosse colocada a culpa de tudo que está acontecendo agora, não é mesmo? Neste momento, é importante que as pessoas entendam que temos de cobrar, e muito, de cada pessoa eleita. E não podemos cair na armadilha de transformar este debate em briga de torcida. É necessário que tenhamos imparcialidade vendo onde o governo acerta e onde erra. O que é bom, aplaudiremos; o que for ruim, atacaremos. E torço para que as investigações esclareçam e punam os culpados sumariamente de todos os absurdos que estamos vivendo. Estou cansado de ver tanta injustiça. Porque será que tais crimes de desvio de verba – crimes que enriquecem corruptos e matam silenciosamente inocentes por falta de remédios, saneamento e cuidados básicos – não são considerados hediondos? Eu os considero verdadeiros genocídios! E a impunidade apenas nos mostra como tais crimes não assustam seus articuladores. Até quando?
Quanto ao Biquíni Cavadão contribuir, estamos sempre compondo e manifestando-nos nos shows. Nossa mais recente música, “LIVRE”, fala sobre a liberdade que perdemos e as opiniões que temos medo de dar. Foi composta durante as manifestações de 2013.

C&R: Sobre o show na capital cearense, vocês dividirão o palco com o Capital Inicial. Imagino que isso já tenha ocorrido em outras ocasiões, mas gostaria de saber como é fazer um show com outro grande nome do Rock nacional? Podemos esperar que vocês dividam também o palco?

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BG: O Capital é uma grande banda e tem no Dinho um excelente frontman. Já tocamos muitas vezes juntos e o clima é sempre legal. Inclusive no dia da gravação do nosso DVD de Fortaleza, foi o Dinho que quebrou aquele nervosismo nosso, antes de entrar no palco. Ficou no camarim contando histórias hilárias e, quando vimos, já era hora de entrar. Nosso DVD ficou gravado com uma ótima vibe, graças a esta ajudinha dele também. Quem sabe não rola uma jam sexta à noite? Como vamos abrir, o mais provável, se acontecer, será uma participação minha no show deles, mas nada foi combinado ainda. Acho legal quando isto ocorre. Dá para o público a chance de testemunhar um momento único. Torço para acontecer, pois temos muitas histórias (e alguns encontros) juntos no palco.

C&R: Existem bandas cearenses que você gostaria que fizesse parte dessa noite?

BG: Com certeza a Mafalda Morfina. Além de adorar o pique da Luciana [Lívia], poderíamos, pela primeira vez, cantar “Poderosa Imperfeição”, que eu dividi os vocais com ela em seu primeiro CD.

C&R: O Biquíni sempre teve uma relação muito especial com Fortaleza, desde aquele clássico show ao amanhecer no Ceará Music. O que vocês esperam de mais essa apresentação e o que os fãs podem esperar desse show? Aproveite e envie os recados para os fãs cearenses do Biquíni Cavadão?

BG: Já terão se passado 13 anos desde aquela manhã em 2002.Te digo que, depois dele,todos os shows que fizemos na cidade (e no estado do Ceará) desde então, nos marcaram profundamente. O Biquíni Cavadão é a banda carioca mais cearense que existe (ou o contrário). E temos orgulho de termos gravado nosso primeiro DVD aqui na cidade. Foi um marco na nossa carreira. Portanto, não importa quantas vezes a gente toque, sinto que sempre estaremos em uma enorme dívida de gratidão com este povo. Nesta sexta entraremos no palco dispostos mais uma vez a saldar esta dívida, mas acho que ao final do show, ela aumentará ainda mais. E a gente agradece por isso.
Só posso agradecer a cada um por todas as boas energias, nos bons momentos e nas tempestades vividas. Não foi tarefa fácil gravar um DVD novo. Nossa cobrança interna era: “Tem que, no mínimo, ser tão bom quanto o que fizemos em Fortaleza”. O resultado? Ficou muito legal. Qual o melhor? Não sei dizer. Estes trabalhos são como filhos e não os faço distinção. Apenas recomendo a todos assistirem. Fato é que nestes últimos 15 anos nossa relação com Fortaleza tem sido das mais intensas e queremos que saibam que nosso carinho por esta terra só aumenta. Obrigado por todas as alegrias que nos deram. O melhor ainda está por vir.

Colaborou Elisa Parente.

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Ronnald Casemiro

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