Este foi o segundo ano seguido que passei o Carnaval em Fortaleza. Mesmo com direito a uma escapulida de uma noite para Guaramiranga, foi aqui pela cidade que curti os outros dias. Confesso que se mostrou como uma excelente pedida.

Fortaleza vem se sentindo em estado de graça no Carnaval. Em vários pontos da cidade, bandas, palcos, músicos e plateias se reuniram para cantar e dançar num clima de total tranquilidade. Claro, entendam tranquilidade como falta de tumultos, brigas e problemas. Quando o assunto é festa, a tranquilidade passou longe.

No palco montado pela Prefeitura no aterro da Praia de Iracema, diariamente pode ser conferido um verdadeiro espetáculo de boa música e animação. Apesar de pouco populares, as atrações que por lá passaram fizeram shows memoráveis e prestaram um merecido tributo ao homenageado deste ano, o compositor Fausto Nilo.

Como tem sido comum nos eventos da Prefeitura realizados no chamado “aterrinho”, o som estava ótimo e pra todo lado que se olhava o que mais se via eram famílias, crianças, gente se divertindo e nenhuma confusão. Importante também apontar a pontualidade dos Shows (o que já não é tão comum nos shows da PMF).

Sábado:

Sábado à noite, a atração principal ficou com o sambista Diogo Nogueira, filho do saudoso João Nogueira (1941-2000). Ainda em seu segundo disco, o cantor mostrou simpatia e soube usar bem sua fama de bonitão. Trajando calça, sapatos e blazer brancos e uma camiseta preta, Diogo cantou canções do pai, como “Poder da criação”, e canções dos seus discos solo, como “Nó na madeira” e “Fé em deus”. Para homenagear Fausto, Diogo cantou (bem), acompanhando a letra em um pedestal,”Pedras que cantam”, sucesso na voz de Fagner. Como destaque, “Água de chuva no mar”, gravada por Beth Carvalho no disco “Madrinha do samba”.

Domigo:

No domingo, Zeca Baleiro se esbaldou cantando o que bem quis e deixou a plateia contagiada. Em muitos momentos, seu som pendia mais para o Rock do que para o samba ou para o frevo. Parecia Ceará Music! Não importa. Todos adoraram. Embora em muiuto momentos a voz de Zeca ficasse emcoberta pelo som da banda (turbinada com naipe de metais), ele segurou bem o público que cantou junto “Alma não tem cor”, “Chão da praça” e “Toca Raul”.

Segunda-feira:

Na segunda-feira, boa parte do público arriscou ir à Praia de Iracema sem saber a que veio a Orquestra Imperial. Logo no início da apresentação, o espaço que parecia menos cheio que o dia anterior preencheu-se por um coro uníssono, ao som de grandes sambas, como “Fita Amarela” de Noel Rosa. A segunda surpresa da noite foi a participação do cantor e músico Wilson das Neves, o “baterista preferido” de Chico Buarque, dando notas de maturidade às interpretações joviais das cariocas Nina Becker e Thalma de Freitas. A satisfação, pode-se dizer, foi geral. (escrito pelo jornalista Richell Martins)

Terça-feira:

Com abertura acertada da Groovietown, terça-feira foi o dia da Nação Zumbi subir ao palco e mandar uma tonelada de mangue beat nos ouvidos do público. Talvez pelo peso da coisa, no começo o som estava embolado, mas logo a coisa foi melhorando. O público repondia e cantava junto cada uma que eles tocassem. Segurando o posto de uma das melhores bandas do Brasil, pelo menos no meu ranking, os recifenses não economizaram na mistura de rock, heavy, maracatu e samba. Lúcio Maia, como sempre, ensinou como é que se deve tocar guitarra e fez referências ao ídolo Jimmy Hendrix. E daí veio “Quando a maré encher”, “Blunt of Judah”, “Meu maracatu pesa uma tonelada”, “Manguetown” e muitas outras. Encerrado o show, encerrado o Carnaval. E agora? Quem virá no Carnaval 2011?

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

View All Articles