“Ser capitã desse mundo/ Poder rodar sem fronteiras/ Viver um ano em segundos/ Não achar sonhos besteira”. Nos versos de Shimbalaiê, a paulistana Maria Gadú parece querer listar as normas que vem guiando sua vida nos últimos tempos. Com apenas um disco gravado, a cantora e compositora de 23 anos, completados no último 4 de dezembro, vem sendo apontada como uma das grandes promessas da música brasileira e já colheu elogios de artistas de quilate como Milton Nascimento e Caetano Veloso.

 

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Tamanho reconhecimento tem se convertido em muitos convites, gravações e uma agenda lotada que inclui duas noites no Centro de Convenções, neste sábado e domingo às 21h. Em Fortaleza, Gadú apresenta pela primeira vez o repertório do disco lançado em 2009 e batizado apenas com seu nome. Acompanhada de Gastão (baixo), Caneca (guitarra), Doga (percussão), Maycon (teclado), Cezinha (bateria) e do próprio violão, ela junta canções próprias com “Ne me quitte pas” e “A história de Lili Braun”, de Chico Buarque e Edu Lobo, pescada da trilha do espetáculo teatral O grande circo místico. Ela promete ainda algumas surpresas como “Lanterna dos afogados”, que ela havia cantado no programa Som Brasil em homenagem aos Paralamas do Sucesso, e uma inusitada versão acústica de “Baba”, da Kelly Key.

 

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Inclusive, foi depois de ouvir sua interpretação de “Ne me quitte pas” que o diretor Jayme Monjardim, apresentado a Gadú por um amigo, fez o convite para que ela fizesse uma pequena participação como atriz na minissérie “Maysa – Quando fala o coração”, sobre a cantora brasileira, mãe de Jayme, que encontrou nesta canção um de seus maiores sucessos. A versão ritmada que Maria Gadú deu para a canção francesa de Jacques Brel, bem diferente da trágica de Maysa, entrou, então para uma cena e para a trilha da minissérie.

 

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Apesar de rápida, a passagem pela TV gerou bons comentários e lhe rendeu o convite da Som Livre para a gravação do disco, o encontro com o futuro produtor Rodrigo Vidal e uma temporada de sucesso na casa carioca Cinemathèque, em Botafogo. Sendo esta gravadora o braço musical da rede Globo, não tardou para que ela visse uma canção sua como trilha de novela. A escolhida foi Shimbalaiê para a novela Viver a vida.

 

Com melodia doce como uma canção de ninar, Shimbalaiê foi composta por Gadú quando tinha apenas 10 anos. Se a pouca idade já parece curiosa, de fato, desde os 7 anos ela guarda o hábito de gravar os sons que cria ao violão. O talento precoce acabou também atraindo a atenção de outro bamba da MPB, o pianista João Donato que também começou a tocar na mesma idade. “Prevejo um caminho iluminado para ela”, comentou ela para O Globo. Com treze anos, Maria Gadú começou a frequentar o circuito de barzinhos de São Paulo, sempre acompanhada da mãe que pedia a quem estivesse no palco que desse um espaço para a filha. Em 2008, decidiu botar a mochila nas costas e partir pro Rio de Janeiro onde começou a tocar em bares da Barra da Tijuca. Daí foram menos de cinco meses até a participação em Maysa e a gravação do disco, que já recebeu disco de ouro e o Prêmio de Cultura do estado do Rio de Janeiro como melhor CD de MPB.

 

Apesar do pouco tempo de carreira, Maria Gadú já demonstra que sabe bem o que pretende fazer com sua música. Com sua voz rouca carregada com um leve acento soul, ela interpreta desde canções pop até o seu belo samba Altar particular, demonstrando suas variadas influências. Isso deixa claro que, apesar do jeito discreto, ela vem rapidamente conseguindo cada vez mais espaço para mostrar sua música. Agora é só deixá-la com seu violão e ver o que acontece.

 

Serviço:

Show com Maria Gadú, no Centro de Convenções (Av. Washington Soares, 1141). Nos dias 06 e 07 de março, às 21h (sáb) e 20h (dom). Valor dos Ingressos: R$35 (poltronas N a AB) e R$50 (poltronas A a M). Censura: 14 anos. Local de vendas: Lojas Skyler. Outras informações: (85) 7811.3528

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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