Em 2008, a gravadora Coqueiro Verde botou nas lojas uma bela homenagem ao clássico Álbum Branco. Gravado originalmente em 1968, o disco capta os Beatles no ápice da criatvidade retratada em porradas sonoras coo Yer blues e Helter Skelter e baladas singelas como Blackbird (embora fale de preconceito racial) e Julia. São 30 canções revelando 30 diferentes experiências sonoras e pirações assumidas, como é o caso de Revolution 9 e sua não melodia. Na versão tupiniquim, um time de artistas brasileiros, badalados ou não, dão sua cara para cada uma das músicas. Estão lá Zé Ramalho, Autoramas e Rogério Skylab, entre outros.

Ainda em 2008, a Coqueiro Verde lançou o mesmo Album Branco em versão Indie com participação de Caracóis Psicodélicos, Parafusa e Paula Marchesini. Enquanto a primeira homenagem repetia o mesmo set list do original, este segundo já trazia algumas outras músicas gravadas pelo Fab Four também em 68. Cmo a ideia desses tributos era que cda artista fizesse sua interpretação e mandasse para o produtor Marcelo Fróes, faltou música e sobrou gente querendo participar. Solução: mais um disco foi lançado. Como os dois primeiros eram duplos (e ótimos) este terceiro já tinha uma cara de raspa do tacho. Mas, ainda manteve a pose com a ajuda de Paulo Ricardo, Moska, Zélia Duncan e Fagner.

Em 2009, a novela continuou com o projeto Abbey Road Revisited Beatles’69 dividido em três volumes. Embora sejam todos belíssimos tanto na capa quanto no encarte (detalhado, com ficha técnica completa e endereços eletrônicos para cada participante), o conteúdo já se mostrava irregular. Embora cm algumas faixas bem interesantes como Her majesty, co Silvia Marchete, Come together, com Detonautas, e I lost my little girl, com Lafayette & Os Tremendões, o resulttado final é bem irregular.

E assim, nesse clima, que chega ao mercado o 5º capítulo da história. Intitulado Beatles’ 70, são dois volumes (mais uma vez) convidando um time de estrelas e várias grandezas para dar cara verde e amarela para as músicas dos quatro rapazes de Liverpool. Para confirmar o clima de saturação, nem todas as faixas são inéditas. Existe uma amplitude de dez anos entre algumas gravações e outras, entre ao vivos e em estúdio. Na sequencia ainda foi lançada a 6º parte, com o nome Beatles’67 – Sgt. Pepper’s Brazuca Club bands, também em dois volumes. Mas este fica para o próximo post. Vamos ao faixa a faixa do Beatles’70:

Volume 1:

1. Two of us – pescada do disco dOs Britos (2006), também dedicado aos Beatles, Zélia Duncan dueta com power quarteto brasileiro, mas acrescenta pouco ao orginal. Apenas correta.

2. Dig a pony – um dos hinos à liberdade beatleniana ganha versão do Dr. Sin dividida entre uma parte fiel à original e outra acelerada. Inédita.

3. Across the universe – essa versão é das antigas. Foi tirada do 2º Submarino Verde e Amarelo (2001). Como o projeto ao vivo, no esquema uma banda para muitas vozes, favorece pouco às inovações, Jane Duboc se mostra apenas correta.

4. I me mine – os Profiterolis buscam criatividade e reverência para sua versão inédita de I me mine. O destaque fica para  piano de Didimo. O resultado fica entre o jazz e o blues.

5. Dig it – meio música, meio vinheta, o Astronauta Pinguim dá uma cara pra lá de viajandona para Dig it. Inédita.

6. Let it be – um dos hinos do Fab Four, ganha um toque rural pelas mãos de Sá & Guarabira. Homenagem extensiva a Zé Rodrix gravada especialmente para ete projeto.

7. Maggie mae – também inédita. Márcio Biaso canta de forma clara e bem colocada este folk de 1856, gravado pelos Beatles no disco Let it be (1970). Empolgante e bela bateria de Stephan Drummond.

8. I’ve got a feeling – Tinta Preta inova mais do que deve e ransforma I’ve gotta feeling num rockão quadrado. Érika Demovsek canta bem, mas a canção perdeu sua intensidade.

9. One after 909 – tão boa quanto sempre foi, a versão inédita de One after 909 se mantém turbinada com o quarteto Big Trep. Mais uma bela bateria, agora de Fernando Oliveira.

10. The long and winding road – só o quarteto de Liverpool para fazer Zé Ramalho soar tão doce nesta belíssima baladada também de 1970, do disco Let it be. Gravada entre 1999 e 2000, Zé recebe um belo apoio do sanfona de Dodô de Moraes e a percussão de Zé Gomes.

11. For you blue – blues da melhor safra dos Beatles, Marília Bessy solta a voz o quanto pode sustentada pelos barões Rodrigo Santos, Fernando Magalhães e Guto Goffi. Ótima e inédita.

12. Get back – chupada do póstumo 10 de Dezembro (2002), Cássia Eller deita Get back no berço explêndido blues com a a juda de Zélia Duncan nos vocais. Excelente.

13. Don’t let me down – Versão reggae, meio sem graça, feita pelo Planta & Raiz para o hino dor de cotovelo de Lennon e McCartney. De 2006.

14. Isn’t it a pity – Zé Ramalho mantém o tom doce neste pela canção de George Harrison. Fundamental. De 1999.

Volume 2:

1. Instant karma – tirada do maravilhoso tributo Give peace a chance, lançado pelo selo Geléia Geral, Lobão mostra o que sabe fazer com uma boa música. Agressivo e intenso, à altura do original. Tecladeira de Jorjão Barreto faz a diferença. Nas palmas e nos créditos, Arnaldo Baptista. Precisa dizer mais?

2. Maybe I’m amazed – semelhante ao original. A excelente voz de Taryn Szpillman mantém o valor de uma das mais belas composições de Paul. Tem que ser ouvida.

3. Junk – fazendo o contraponto com a canção anterior, Paula Marchesini se acompanha somente do próprio violão. Bonita e delicada.

4. Mother – Mais uma de Give peace a chance. Zeca Baleiro acalma o recado de John para sua mãe e faz uma versão cortante acompanhado de dois violões, bandolim, violoncelo e vocais. Obrigatória.

5. Isolation – uma das belas surpresas do projeto. A voz rouca da cantora Twiggy traz intensidade e beleza para esta maravilhosa balada de Lennon sobre seus medos.

6. Love – um jazz da melhor qualidade composto por John Lennon e interpretado por Ivan Lins e um time de ótimos músicos. Faixa tirada do disco Love Songs – A quem me faz feliz (2002).

7. Beware the darkness – Mais uma vez, Zé Ramalho soa mais Zé Ramalho em versão com acústica para o alerta de George Harrison. Beware the darkness!!

8. My sweet lord – o grupo Roupa Nova, formado por excelentes músicos (apesar do fraco repertório), se mostra medroso (ou reverente) e repete o mesmo Sweet lord que já conhecemos. Ainda assim, valeu a participação.

9. What is life – versão pouco inspirada de Lia Sabugosa (!) e Márcio Biaso.Bem tocada, mas encanta pouco.

10. Don’t come easy – Zé Ramalho (mais uma vez) leva os Beatles para uma passeio pelo nordeste e faz da composição de Ringo um forró digno de figurar no próximo São João.

1. Get back – mais uma do Submarino Verde e amarelo. Branco Mello não traz muita coisa para uma ótima música dos Beatles. Versão acelerada para uma música marcada pelo ótimo ritmo. Fazer o que…

12. Don’t let me down – Arnaldo Antunes tem uma ótima voz, mas não pra cantar um blues conhecido por grandes berros. O resultado é muito abaixo da qualidade do que ele sabe fazer. Também do Submarino.

13. Let it be – mais uma do Submarino. Rosa Maria é uma ótima cantora brasileira de jazz, embora pouco conhecida do público. A escolha da música foi perfeita e permite a ela brincar com a voz e dar alguma particularidade pra uma música já bem batida dos ingleses.

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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