Paulinho Moska é homem de muiotas ideias, muitas analises, muitas divagações. Acompanhe abaixo alguns comentários seus sobre seu programa Zoombido, sua curiosidade, sua arte, seu trabalho.

> Zoombido

O mais interessante do Zoombido é o mapeamento da canção brasileira. Procuro sempre pegar um grande mestre e um desconhecido, ou um novo e um velho, experimentando cada um deles. Como o Juca Chaves e o Marcio Greyk. Procuro o que ta dentro de cada um, que nos singulariza. Ensina muito a questão da diversidade. Antes do programa tenho que pesquisar antes, preciso combinar as músicas, pegar as harmonias do número que fazemos juntos. As fotografias também são uma experiência fantástica. É muito abuso derrete-los. Fazer o programa é uma coisa que me dá prazer. Quanto mais você penetra, mais você vai entender sobre cada um deles. Eu os vejo além daquele corpo. É uma maneira de dizer o quanto os admiro. Sou um grande fã de todos eles.

> Mistura

Compor é justamente juntar coisas com um critério. Não sou ator, cantor, músico, sou um compositor. Não sei… pra mim é tudo junto. O mais importante é minha curiosidade de conhecer isso tudo. É optar por criar. Gosto de entrar nas coisas que me fazem salivar. Essa salivada é a liberdade humana. Quando eu faço isso, é porque eu sinto esse momento. E é interessante ver como as coisas estão conectadas. Uma foto feita num quarto de hotel no interior vira uma música feita em Montevidéu. (Essa mistura) é um exercício de diversão, de brincadeira. Eu levo a poesia pro cinema, a interpretação pro violão. O equilíbrio e a coerência são palavras que me norteiam.

> Filosofia

(Em 1995, Moska deu uma entrevista para a jornalista Patrícia Palumbo comentando seus estudos de filosofia com o filósofo carioca Cláudio Ulpiano, falecido em 1999) Eu tava encantado. Hoje, eu não leio tanto sobre filosofia. Sou incapaz de debater um conceito filosófico. Ela me ensinou a ter curiosidade, a ser mais curioso. Por conta disso, comecei a ler mais sobre, teatro, fotografia. (Que autor mais impressionou?) Deleuze é o grande. Foi onde encostei a mão. Em todos os cursos que frequentei, ele me contagiou.

> O artista Moska

Tenho certa vagabundagem. Vagabundear vem do verbo vagar. Sou um errante, um herdeiro de Baudelaire, do homem da rua. Mesmo que eu não seja um poeta da rua, tenho esse espírito. Minha filosofia tem muita superficialidade. Sou um delirante. Filosofia pra mim é música. Coloco pra público, pra poder me comunicar. Como não sou o melhor cantor, o melhor músico, o melhor compositor, minha saída seria juntar as coisas, uma vez que não era o melhor.

> Melancolia

Quando leio minhas letras, vejo um personagem mais melancólico do que de fato eu sou na vida. Me divirto muito, tenho uma sorte danada. (Compor) é uma maneira de me equilibrar. Há algo que tende à melancolia que há dentro de nós. Sou muito e pouco. (Já tentou soar menos melancólico na hora de compor?) Tento sempre. A música, depois, quando passa a ser um sucesso popular, é uma música que eu sinto alegria. Passei tanto tempo sem achar que tinha uma assinatura, depois busquei lapidar essa assinatura.

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> Influências

Sou como o Zelig, (personagem) do Woody Allen. Eu tenho um pouco disso. Eu gosto de ser o outro. Comecei com o Caetano, jogo de palavras, coisas que não tinham no dicionário. Depois caiu em Gil, Milton, Djavan, Chico, Ben Jor, Tom, João. Veio o rock dos Anos 80, Paralamas, Titãs, Cazuza. Eu ia me divertindo, escrevendo, chorando, rindo inspirado nesses poetas. Sou cria da mistura da música brasileira. Tem também a música nordestina, chegando em Fagner, Elba, Zé Ramalho. Sou de família baiana, passei minha adolescência na Bahia. Ainda Chalie Parker, Björk, Jimmy Hendrix, John Lennon. Sou misturado, um brasileiro.

> Literatura

Adoro Saramago. Eu tenho menos tempo do que tinha na minha vida. Raramente consigo parar e ver tudo, ler tudo. A seleção acaba sendo muito muita diluída. Não tem critério.

> Provavelmente você

(A canção Provavelmente você, já era tocada em shows, mas só foi gravada este ano, em Pouco) Algumas músicas cabem no show não podem fica esperando serem gravadas em disco. Sempre toquei Provavelmente você de voz e violão. É uma canção que eu adoro. Ousei gravar esse coral de vozes, que eu gravei 6 vezes. É uma canção nebulosa. Parecida com o Não (música de Pouco), que afirma dizendo “não”. Ta afirmando pela negação. É uma curtição com o formato, o sotaque do blues.

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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