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Muita gente comentou negativamente o especial do Roberto Carlos transmitido dia 25 de dezembro pela Rede Globo. O show foi gravado ao vivo na Praia de Copacabana e transmitido com um atraso de meia hora para quem estava em casa. Começa que acho esse modelo de transmissão bem legal. A TV fica com tempo de escolher o melhor enquadramento e o telespectador não perde a sensação do ao vivo. O palco era enorme e o público maior ainda. Deu, inclusive, muitas saudades do show que o rei fez em Fortaleza em 2008. Acontece que Roberto, certamente, não estava em seu melhor momento neste último sábado. Logo no começo do show, ele, sentado num banco alto (branco), comentou um acidente que lhe provocou um problema no ligamento do joelho. “Você andar de moto depois dos 35 causa isso”, comentou Roberto sem deixar claro se era uma brincadeira ou não que se tratava de acidente de moto. Claro que a falta de mobilidade no palco prejudicou em muito a empolgação do show, mas não é aí realmente que reside a temperatura morna (quase fria) da apresentação. Já faz tempo que Roberto não vasculha seu baú em busca de novidades nem dá uma remexida na forma de interpretar os sucessos de sempre. No máximo, ele cantou Copacabana, de Braguinha, em homenagem à praia que estava recebendo aquele espetáculo. Fora essa, ele cantou a belíssima e inesperada Na paz do seu sorriso e algumas menos conhecidas que entraram no pot-pourri que dividiu com a sertaneja Paula Fernandes. Por falar nela, Paula foi a única convidada a merecer nota. Bonita de se ver e com uma voz grave gostosa de se ouvir, Paula é uma boa surpresa na música sertaneja que, embora não seja autêntica de verdade, é muito bem feita. Bruno e Marrone, também convidados na noite, tiraram toda a sutileza de Desabafo numa versão que berrada que poderia ter a participação de Max Cavalera. E isso depois de cantarem a dispensável Dormi na Praça. O Exaltasamba é um bom grupo (não mais que bom), mas também não se adequaram àquele espaço. Pra fechar o grupo populista de convidados, a bateria da Beija-Flor apresentou seu samba enredo de 2011 Roberto Carlos – A Simplicidade de um Rei, composta por Erasmo Carlos, Eduardo Lages e Paulo Sérgio Valle, mas não empolgou muito. Enfim, o melhor do especial do RC é mesmo o próprio RC. Educado, fino e cantando sempre muito bem ele é e sempre será um nome único na história da música brasileira. Compositor de mão cheia e intérprete eficiente, nada tira seu posto de Rei. Nem um acidente de percurso. Vale esperar o que ele nos guarda para o próximo ano.

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Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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