Mais uma vez acompanhado apenas de baixo, bateria e guitarra, Caetano voltou três anos depois com o disco Zii e Zie, onde a mistura o estilo rocker com o samba. O trabalho rendeu uma turnê, que passou por Fortaleza em 2009, e que agora se despede com o lançamento do CD/DVD MTV Ao Vivo Zii e Zie, dirigido por Hélio Eichbauer, Fernando Young Brasileiro (vídeo) e Moreno
Caetano nem pretendia gravar a nova turnê, mas mudou de ideia por conta da insistência do filho Zeca (16). O resultado é um trabalho bem semelhante ao anterior, Cê – Multishow Ao Vivo. Junto com o repertório do novo disco, ele adapta canções de épocas variadas à sonoridade da Banda Cê, formada por Pedro Sá (guitarra), Marcelo Callado (bateria) e Ricardo Dias Gomes (baixo). Com jovens músicos da cena independente (os dois últimos fazem parte da banda Do Amor), a banda se formou a partir de um encontro de Caetano com Pedro Sá, amigo de infância do filho Moreno Veloso.
O namoro de Caetano com a “emetevê” já vem de bastante tempo, com direito inclusive a crises, como quando o baiano passou um rela na produção do VMB, em 2004, diante dos problemas de som que prejudicaram sua apresentação ao lado de David Byrne. Ano passado inclusive, chegou a se anunciar que Caetano lançaria seu Acústico MTV, comemorando os 20 anos do canal. O acústico não saiu, mas o Ao Vivo saiu em três formatos: CD (17 músicas), DVD simples (23 músicas) e DVD duplo, que inclui um bônus com making of e trechos do show Ordem e Progresso, que deu início a toda essa brincadeira com o indie.
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=0Ex6LIugcpU[/youtube]Se, na metade dos anos 60, Bob Dylan quase foi apedrejado pelos fãs que não aceitaram o fato dele ter trocado o violão pela guitarra, para Caetano essas mudanças são bem mais esperadas. Afinal, ele já gravou com Mutantes, Beat Boys, Timbalada e Só Pra Contrariar. De forma rápida, ele mostra isso em seu MTV Ao Vivo quando começa com A voz do morto, uma crítica afiada aos defensores do purismo musical entregue no início dos 60 a Aracy de Almeida. “Eles querem salvar as glórias nacionais, coitados”, desdenha. Passa ainda por Beatles, Michael Jackson, João Bosco, Dorival Caymmi e explica a ligação da obra de Dylan com a do gaúcho Lupicínio Rodrigues. Para encerrar, a deliciosa Manjar de reis, quando puxa Jorge Mautner para o palco.
Totalmente à vontade com a experiência de dividir o palco com os jovens da banda Cê, que não eram nem nascidos quando parte do repertório foi criado, Caetano ainda pretende gravar mais um disco com o trio antes de partir para outra aventura. E aí pode vir o que vier. Com espírito de menino, ele prefere planejar o próximo passo, ao invés de pensar no que a idade não lhe permite mais.