1. DISCOGRAFIA – Como nasceu a sonoridade no seu novo disco, Samba Jazz & Outras Bossas?

Joyce – É uma coisa que já vem da nossa adolescência. O (baterista, marido de Joyce e co-autor do disco) Tutty Moreno é baiano e participou de trabalhos clássicos de Gil e Caetano, mas ele também ouuvia muito essas músicas de samba jazz, que vem lá dos anos 60. Além disso, dentro do meu trabalho sempre existiu uma facilidade com o jazz, a bossa, o samba-jazz. Quando pintou essa chance de fazer esse trabalho, resolvemos fazer assim. Mas, essa concepção já está presente desde lá.

2. DISCOGRAFIA – Você falou em muitas entrevistas na época sobre o estouro de sua música nas pistas de dança inglesas nos anos 90. Como anda sua carreira internacional?

Joyce – Isso foi na segunda metade dos anos 90 e primeira dos anos 2000. É uma coisa muito bacana, um público bacana. Hoje, esse sucesso continua, mas pra uma plateia mais jazzística. Mas, interessante é que as pessoas que conheceram pelas pistas agora vão pelo jazz. Na Inglaterra, um pai com duas crianças falou pra mim num show que havia conhecido meu trabalho naquela época e agora quer apresentar aos filhos.

3. DISCOGRAFIA – O que mais se escuta de música brasileira pelo exterior?

Joyce – A Bossa nova é o top. É a música que o mundo consome ininterruptamente há 50 anos. É uma coisa impressionante por que não tem prazo de validade. Agora tem uma onda na Europa que muita gente nova ta regravando coisas ou compondo, mas usando a batida da Bossa Nova.

4. DISCOGRAFIA – Estado nesse circuito de jazz, como você vê a pirataria?

Joyce – É uma realidade que a gente não pode negar, mas tem que haver uma forma de criar mecanismos para o criador ser reconhecido como um profissional. Tem que se achar uma forma de fazer isso sem penalizar ninguém. O Brasil tem uma legislação boa, mas que tem que ser melhor aplicada. Esses suportes novos, e até a falta de suporte, são coisas que se renovam a cada dia.

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5. DISCOGRAFIA – Ano passado o disco Feminina completou seus 30 anos. Trata-se do disco mais conhecido da sua discografia. O que ele teve de especial pra você?

Joyce – Você acredita que não existia o CD no Brasil até o ano passado? Foi primeira vez que saiu completo. Foi o disco que me botou mais presente diante do público. Algumas músicas eram conhecidas, mas com outras pessoas como o Milton (Mistérios) ou a Elis (Essa mulher). Como artista foi bacana, por que antes tinha muita interferência do produtor. Dessa vez foi o meu controle sobre o meu próprio trabalho. Tudo que está do jeito que eu pensei. É também o primeiro disco meu que o Tutty toca direto. Ficou sendo uma marca muito forte do meu trabalho.

6. DISCOGRAFIA – É o seu disco preferido?

Joyce – Eu gosto de todos, mas eu diria que foi o que marcou mais. Nada foi feito à toa. Ainda sou do tempo do disco conceitual.

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7. DISCOGRAFIA – Além de compositora, você também é uma exímia instrumentista e cantora. É possível dizer o que lhe dá mais prazer entre essas funções?

Joyce – Eu acho que é o pensamento musical. São formas diferentes de eu me expressar.

8. DISCOGRAFIA – Como é a compositora Joyce?

Joyce – Geralmente, é a música que vem direto. A letra já é uma coisa mais trabalhosa. Até eu ficar satisfeita com a letra demora um tempo. Já a música, ela vem muito rápida.

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Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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