Esta semana encerra nas bancas a coleção Chico Buarque, que encartou 20 títulos do compositor carioca numa luxuosa embalagem contendo uma mini-biografia do disco. Dessa forma, quem adiquiriu todos os volumes, tem nas mãos um documento sobre um dos nomes mais importantes da cultura brasileira. Na ponta da pena dessa mini-biografia, está jornalista José Ruy Gandra. Lançados numa parceria da Gandra Editorial com a Abril Coleções, ele foi o responsável pelos livrinhos que trazem informações biográficas, depoimentos de amigos e parentes e uma boa contextualização de cada disco com a sua época. Leia abaixo um pouco de como se deu essa pesquisa.

DISCOGRAFIA – Queria começar com você falando sobre a pesquisa que você fez para esta coleção. Quanto tempo durou, quantas pessoas ouviu, como aconteceram as entrevistas, as fontes. O Chico foi ouvido?

José Ruy Gandra – Fiquei dois meses pesquisando arquivos como os da Editora Abril e do Estado atrás de todas as matérias publicadas ao logo de sua carreira. Também li a bibliografia existente sobre o Chico. Mais de 20 pessoas foram entrevistadas. O Chico não foi ouvido.

DISCOGRAFIA – A coleção não segue a ordem cronológica dos discos pra chegar às bancas. Por que? Como isso foi pensado?

José Ruy Gandra – As coleções possuem uma curva de vendas diferente e as obras de maior ou menor sucesso foram adaptadas a ela. Mas, no final, juntos na caixa, os CDs formam uma ordem cronológica.

DISCOGRAFIA – Das fontes que você ouviu, qual foi a mais marcante?

José Ruy Gandra – Nenhuma se destaca particularmente.

DISCOGRAFIA – Qual o seu disco preferido nessa coleção? Por que?

José Ruy Gandra – O Chico Buarque 1978 – aliás, o primeiro volume da Coleção. Suas músicas lembram a minha juventude e a militância contra a ditadura, as coisas aos poucos se abrindo.

DISCOGRAFIA – Boa parte dos seus textos fala sobre o contexto político brasileiro. É possível desvincular a obra do Chico desse contexto? Ele continua tendo a mesma influência que tinha décadas atrás?

José Ruy Gandra – Não. Durante um certo período (até o final da ditadura) é possível contar a história do Brasil através da poesia do Chico. Depois, o seu lado político se recolhe, dá lugar a uma crítica mais sutil e de natureza mais social e menos política.

DISCOGRAFIA – A pergunta não é nova, mas queria saber sua opinião. Boa parte das críticas políticas do Chico na década de 70 vinham ou cifradas ou escritas de forma rebuscada. Quem tinha acesso a essa obra e quem compreendia essas críticas?

José Ruy Gandra – O Chico era venerado e politicamente ressonante para uma elite – classes média e alta, profissionais liberais, universitários. Para esses segmentos as críticas do Chico eram muito claras.

DISCOGRAFIA – O que é o mais importante da obra do Chico Buarque?

José Ruy Gandra – O seu conjunto, que conta a história do Brasil na segunda metade do século 20.

# Após Chico Buarque, o próximo a chegara às bancas é Tim Maia, já a venda em poucos lojas de Fortaleza, como a Livraria Cultura.

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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