Já está no ar, no canal pago Multishow o novo trabalho dos Paralamas do Sucesso. Aliás, por que que esse tipo de show só passa em canal fechado?! Bom, deixa pra lá… Voltando ao trio, o programa é o registro da turnê Brasil Afora e será lançado em CD e DVD (EMI) gravados ao vivo no Espaço Tom Jobim, no Rio de Janeiro. A turnê parte do ensolarado disco homônimo lançado pela banda em 2009 e que trouxe boas canções como A lhe esperar e Quanto ao tempo. Apesar disso, a sensação que fica é que os Paralamas hoje são reféns de sucessos dos lançados na década de 80. Músicos de altíssima qualidade e com uma veia autoral correndo sangue sempre quente, eles parecem apostar pouco numa ousadia na hora de montar seu novo registro ao vivo. Começa que, para fazer jus ao nome da turnê, o show poderia ser gravado em qualquer lugar, menos no já tão usado Rio de Janeiro. “Mas é que lá é mais fácil porque todo mundo já está lá”, diriam muitos, mas eis a falta de ousadia aí. Ver só o trio desfilando suas dezenas de pérolas no Marco Zero de Recife ou no Mercado dos Pinhões em Fortaleza já seria uma graça divina. No entanto, eles preferiram começar a apresentação carioca com a nova Sem mais adeus e partir para o conforto de Dos margaritas, O beco, Ela disse adeus e Cuide bem do seu amor, todas já registradas no DVD anterior, (o excelente) Uns Dias Ao Vivo. Pitty entra em cena pra dividir Tendo a lua (também presente no trabalho anterior), como fez aqui em Fortaleza no último Ceará Music. A música foi escolha da própria baiana que exibe seu lado mais doce. Outro convidado é o paraibano Zé Ramalho chamado ao palco pelo conterrâneo Herbert Vianna para cantar a boa parceria Mormaço. Zé entra durante um set acústico que inclui ainda O rio severino, Caleidoscópio e Uns dias. A banda (que bom) se mantém a mesma, reforçada pelos teclados de João Fera (que assume o violão no set acústico) e os sopros de Monteiro Jr (sax tenor) e Bidu Cordeiro (trombone). Mas ainda faz falta o terceiro elemento fechando o trio de metais, ora formado com Demétrio Bezerra, que saiu da banda após o acidente de Herbert em 2001. Nos últimos momentos do show, o trio resolve pisar no acelerador e engatar de forma bem empolgante Sonífera ilha, Ska, Óculos e e, pra encerrar, Vital e sua moto. Curiosamente, esta última música foi uma das primeiras que apresentou a banda ao grande público num já distante 1982. No ano que vem, então, os Paralamas do Sucesso completam seus 30 anos de carreira e a expectativa é que eles resolvam tirar do baú aquela velha vontade de surpreender os fãs.

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Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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