Do UOL
O fim do Simply Red, em dezembro do ano passado, não significou o fim de Mick Hucknall, a voz e o rosto à frente da banda por 25 anos. O cantor revelou que a despedida do grupo é mesmo definitiva e que ele já tem um novo estilo musical para seguir em carreira solo.
 
“É fácil ser cínico e pensar ‘ah sim, a turnê de retorno vai começar logo’. Eu acho que eles não sabem o que me estimula se é isso que pensam que vou fazer. [A turnê] não vai acontecer. Eu já segui em frente, já compus em um novo estilo. Tenho quase 12 músicas e não se parecem nada com Simply Red. Sou esquizofrênico, agora estou em um lugar diferente”, disse Hucknall em entrevista divulgada pela gravadora EMI.
 
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Ao falar sobre a relação com a música, Hucknall lembrou de uma conversa que teve com o ex-jogador Pelé. “Eu me lembro do Pelé, grande jogador, comentando quando nos conhecemos – eu acho que foi no Rio, há alguns anos – quantas coisas em comum o futebol tinha com a música. Ela aproxima as pessoas e as conduz naturalmente a um sentimento. Pessoas completamente estranhas podem ficar uma ao lado da outra cantando a mesma música, e de repente se tornam amigas. Ou se [o time de futebol] Manchester United marca um gol, do nada você está beijando esse cara barbudo do seu lado e você nem o conhece. E essa é a mágica da coisa”, descreveu.
Ainda que a música promova essa magia, o agora ex-líder do Simply Red não esquece que há dinheiro por trás disso tudo. “Eu sempre tenho o maior respeito pelo fato de alguém se dar ao trabalho de comprar um ingresso para ir a um show. Então você quer ter certeza de que vai fazer uma performance à altura das expectativas dessas pessoas”, ele disse.
 
Apesar das canções românticas e não exatamente animadas, Hucknall aponta defeitos no esquema de plateia sentada. “Eu não sou Frank Sinatra, não quero que as pessoas fiquem sentadas como se estivessem em um concerto de música clássica. Ou pior, ficarem sentadas olhando para você como se estivessem vendo TV. Este é um dos problemas de estarem sentadas, as pessoas acham que estão vendo um DVD”, ressalta.
 
“Bem, o que eu posso fazer? Você quer inspiração. Então, é só uma questão de saber encontrar o equilíbrio certo entre fazê-los sentir que o dinheiro gasto está valendo a pena e depois trazê-los para a festa da metade para o final [do show]. E definitivamente há uma arte nisso, em encontrar o seu ritmo, como saber e fazer algumas coisas reagirem. É como um comediante com uma piada na manga, quando você precisa usá-la, é hora de mudar as coisas”, ensina.
 
O Simply Red se despediu dos palcos, no dia 19 de dezembro do ano passado, com um enorme concerto na O2 Arena de Londres, que encerrou uma carreira de 25 anos e mais de 50 milhões de discos vendidos. O vocalista era o único integrante original do grupo formado em 1984 na cidade de Manchester, que realizou uma longa Farewell Tour para se despedir dos fãs do Brasil à Nova Zelândia, passando por Espanha e Japão.
 
Em maio deste ano, a banda lançou seu último registro ao vivo, o CD e DVD Simply Red Farewell – Live In Concert at Sydney Opera House gravado em outubro de 2010 na Austrália.

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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