O cantor paulista Fábio Jorge tem DNA meio brasileiro e meio francês. Herdados respectivamente do pai e da mãe, é dessa mistura de histórias que ele faz música desde os primeiros anos de vida. Estreando nos palcos em 2004, por incentivo do produtor e pianista Thiago Marques Luiz, o cantor de sotaque impecável lançou quatro anos depois Chanson Fraçaise, onde gravava canções originais e versões na língua de Sarkozy. E é repetindo essa fórmula que ele lança este ano Chanson Française 2, mais uma vez pela Lua Music. Vestido em arranjos econômicos, o cantor une continentes ao passear por uma repertório variado. Por exemplo, Grito de alerta, um dos maiores sucessos de Gonzaguinha, vira Jeu de blâme, em versão curiosa do próprio cantor. Em melhor situação, Ternura antiga (Dolores Duran e José Ribamar) ficou bem em leitura bilíngue ao lado da espetacular Cida Moreira. Cauby Peixoto também brilha ao lado do anfitrião ao dividir Adieu, versão francesa do próprio Cauby para Pra dizer adeus (Edu Lobo/ Torquato Neto). Mesmo sem ser tão popular no Brasil, os franceses também tem seus hits por aqui. Non, je ne regrette rien, popularizada em 2001 com a voz pulsante de Cássia Eller, ganha aqui nova leitura bem mais contida. Parole, parole, que já foi regravada até pelo Kid Abelha, fica na próxima do original quando cai nas mãos de Fábio. Já Comment te dire adieu, conhecida mas nem tanto, cai na breguice ao fazer uso das velhas programações. Entre os bons destaques, está o dueto de Fábio com a recém redescoberta Sílvia Maria em Je n’attendais que toi, de Charles Aznavour e Francis Lai. Com ares operísticos, a canção ganha arranjo sóbrio e um belo encontro de vozes que comprova o quanto o Brasil perdeu tempo até voltar a ouvir esta ótima cantora. Encerrando Chanson Française 2, Fábio Jorge recebe o pianista João Carlos Assis Brasil na triste L’ete 42. Com mais acertos do que erros, o disco poderia trazer encarte com letras traduzidas, para que os leigos pudessem entender o que estão ouvindo. Fica a dica pra quando vier o terceiro volume.

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Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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