Dono de clássicos que atravessaram oceanos, o jazz nem agoniza nem morre nunca. Popular na escência, mas tido como sofisticado, ela já serviu como carimbo de qualidade para gente como Rod Stewart e Diana Ross. Esses e tantos outros aproveitaram momentos de vacas magras para lançarem seus discos de jazz e tiveram bons resultados. Até atores de TV e cinema já se aventuraram nesse repertório. No fim das contas, essa grande procura pelo jazz tem um lado bom e um ruim. O bom é que trata-se de um baú de pérolas tão bom quanto é a nossa Bossa Nova. O lado ruim é por que, via de regra, as pérolas que tiram desse baú são sempre as mesmas (assim como costumam fazer com a nossa Bossa Nova). Mesmo novos artistas que resolvem se lançar no gênero ousam pouco na seleção de canções. Esse é o caso, por exemplo, do primeiro disco do cantor Ian Calamaro. Escolado em bares noturnos da noite paulistana, ele acaba de lançar Standards, A Fine American Songbook Selection pela Tratore onde lança sua voz cheia de personalidade sobre 12 daquelas pérolas que eu havia falado. A seu favor, ele traz a produção competente de Hector Costita, que já trabalhou com Elis Regina, Tony Bennett e Hermeto Paschoal, e uma banda bem ao estilo tradicional do jazz que supera as expectativas. Seu cuidado nessa estreia á se destaca de cara no belíssimo projeto gráfico, inspirado nos discos da Columbia. Mas aí chegamos ao repertório. Nesse ponto, sejamos sinceros, não existe muita vontade de ousar. Principalmente quando se ouve aquela puxada para a Bossa Nova que tanto agrada aqueles que gostam de um jazz mais Diana Krall, menos Miles Davis. Assim têm-se They can’t take that away from me, All the way, Cry me a river, Fever, A foggy day e tantas outras músicas maravilhosas que já ganharam dezenas de regravações. O ouvinte menos exigente vai perceber que gosta de jazz e nem sabia, dado o fato de serem canções tão populares. Como de costume, os irmãos Gershwin e Cole Porter, algo como o Olimpo da canção internacional, são presenças obrigatórias. Já o ouvinte que é tarado em jazz vai achar que Ian Calamaro está chovendo no molhado. Ainda, assim, não sejamos tão chatos. O cara canta em estúdio com o frescor e a leveza de quem está no palco e passa longe de qualquer tipo de pedantismo, característica comum de outros aventureiros do jazz. Com personalidade e um timbre único, ele conseguiu fazer um disco bonito, apesar de óbvio. Vale a pena aguardar uma segunda chance.
Fico contente em saber que os Standards de Jazz estão sendo revisitados aqui no Brasil por um cantor jovem. Música boa não tem idade e vários são os artistas que ainda hoje regravam essas canções (Michael Bublé, Diana Krall, Rod Stewart, Harry Connick Jr, etc.) e, convenhamos, sem fazer grandes alterações nos arranjos originais. Se eles podem, por que um artista novo não pode?
Eu ainda não conheço o trabalho do Ian Calamaro, mas quero muito ouvir, ainda mais depois de saber sobre a sua qualidade.
Parabéns ao Ian e ao Marcos Sampaio por fazer, falar e manter viva a boa música no meio de tanta bobagem que se grava atualmente no Brasil.
um abraço,
Evandro
Fico contente em saber que os Standards de Jazz estão sendo revisitados aqui no Brasil por um cantor jovem. Música boa não tem idade e vários são os artistas que ainda hoje regravam essas canções (Michael Bublé, Diana Krall, Rod Stewart, Harry Connick Jr, etc.) e, convenhamos, sem fazer grandes alterações nos arranjos originais. Se eles podem, por que um artista novo não pode?
Eu ainda não conheço o trabalho do Ian Calamaro, mas com certeza vou ouvir, ainda mais depois de saber sobre a sua quailidade.
Parabéns ao Ian e ao Marcos Sampaio por fazer, falar e manter viva a boa música no meio de tanta bobagem que se grava atualmente no Brasil.
Concordo com o Evandro, e com certeza também vou ouvir o trabalho do Ian Calamaro, já dá para ver que o cara tem bom gosto na escolha do repertório, e depois de tudo que o Marcos Sampaio escreveu sobre o frescor e leveza da voz dele, o estilo pessoal, o bom gosto na escolha da capa, o cara tem de ser bom. Para o Marcos digo (como o Evandro também disse) que todo mundo regrava os evergreens, por isso se chamam evergreens, e só porque o cara é brasileiro não pode? Além do mais, eu pessoalmente, e muita gente que conheço só gosta de ouvir essas músicas conhecidas mesmo, a gente se sente bem ouvindo músicas assim, em vez de experiências vanguardísticas muitas vezes insuportáveis. Ian, já gostei do seu CD, parabéns!!!