Faltam poucos dias para 2011 ir embora e é chegado o momento dos balanços. Pra começar, gostaria de apontar o papelão do ano. Ninguém merece tanto esse prêmio quanto João Gilberto e a produção da tão esperada turnê 80 Anos Bossa Nova. Aquela que deveria comemorar a longevidade pessoal e musical de um dos maiores criadores da música popular brasileira, acabou virando um barraco envolvendo a produção, as casas de show, o médico de João (Jorge Jamili) e o Procon. Motivo: a turnê foi cancelada por conta de uma suposta doença do cantor.

O médico jura por Deus que João está tão mal que nem deveria siar de casa. No entanto é certo que os preços dos ingressos estavam tão altos que, faltando quatro dias para a estreia em São Paulo, programada para o início de novembro, era super fácil comprar um, ou dois ou três. Uma sucessão de problemas aconteceu em seguida. Segundo as casas de show que estavam com datas reservadas para as apresentações, ninguém foi avisado do cancelamento. Logo, nem sabiam se ou como deveriam fazer pra devolver o dinheiro de quem comprou.

O Via Funchal, casa que receberia a estreia da 80 Anos Bossa Nova chegou inclusive a divulgar uma nota absurda de que os ingressos salgados seriam devolvidos de três vezes. E ainda que a “taxa” de R$120 para entrega em domicílio não seria devolvida. Quem havia comprado ingresso (como é o caso deste que vos fala) só soube do cancelamento dois dias antes e acabou tendo prejuízos com cancelamento de passagens ou reserva de hotel. Muita gente ainda não sabe como ou quando vai receber o ingresso. Foi nesse momento que o Procon exigindo explicações.

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No entanto, o mais curioso é a postura do João Gilberto diante disso tudo. Ou seja, nenhuma. Ele não falou nada, absolutamente nada. Simples: estando alguns metros acima da terra, ele definitivamente não se sente na obrigação de dizer nada. Talvez até nem tenha mesmo. Ainda assim, para aqueles que tiveram seus prejuízos (como eu), seria bem interessante ouvi-lo dizer alguma coisa. Nem que fosse reclamar do ar-condicionado.

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Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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