Crédito: Kleber Gonçalves

Uma das marcas registradas do violonista Nonato Luiz durante o exercício do seu trabalho é um sorriso constante estampado no rosto. Esteja ele fazendo a peripécia que for no instrumento, em momento nenhum ele perde o semblante de felicidade. O motivo para tal não é segredo pra ninguém. Natural de Lavras da Mangabeira, ele correu o mundo, fez amigos, compôs parcerias e viveu a vida ao lado do violão. Logo não seria de se estranhar que ficasse satisfeito sempre que ele se juntasse ao seu companheiro de seis cordas.

Essa história de Nonato com o violão começou há 35 anos e, por isso, mereceu uma comemoração à altura realizada na noite da última sexta-feira (30). No palco do Theatro José de Alencar, o músico cearense que beira seus 60 anos (completados no próximo 3 de agosto) convidou uma série de amigos músicos e não-músicos para a gravação de seu novo DVD, previsto de chegar à lojas no mês do seu aniversário.

Além da idade e da carreira, Nonato Luiz tem muito o que celebrar. Com mais de 600 composições no currículo e acompanhou gente do quilate de Nara Leão, Luiz Gonzaga, Fagner, Túlio Mourão, Mercedes Sosa e Chico Buarque. Com uma carreira consolidada no circuito internacional, ele tem trabalhos lançados na Europa, como o livro de partituras Suíte sexta em Ré para guitarra, e turnês freqüentes para vários outros países.

Mas é no Ceará que ele resolveu comemorar sua história. Para um TJA lotado, o músico subiu ao palco com cerca de meia hora de atraso, já com o público impaciente. Sozinho em meio a um cenário minimalista, cheio de referências ao nordeste brasileiro e ao próprio músico, Nonato caminhou por composições de várias épocas, recebendo sempre as palmas de plateia. Em homenagem ao Rio de Janeiro, onde foi morar em 1978, ele tocou Carioca, emendada com um trecho de Tem Dó (Vinicius de Moraes/ Baden Powell).

Precedido por muitos elogios do anfitrião, o primeiro convidado da noite foi o percussionista Anderson Silva, de apenas 15 anos. Ao lado o veterano, ele demonstrou intimidade com o pandeiro em Samba-choro, e, em seguida, na clássica Choro Acadêmico. Esta última contou ainda com a destreza de Jorge Cardoso no bandolim, que também dividiu com Nonato um emaranhado divino de cordas em Viola Violada. Outras três referências cearenses do violão marcaram presença na noite. Cainã Cavalcante fez duas canções, entre elas Baião cigano. Em seguida, o maestro Tarcísio Sardinha em Choro dos Arcos. Por fim, um xote ao lado de Zivaldo Maia. O último convidado foi o poeta Fausto Nilo, cantando na parceria Espelho.

Mesmo se tratando de uma gravação de DVD, a apresentação correu sem muitas interrupções. Poucos números precisaram ser repetidos. Ao fim de duas horas apresentação, Nonato Luiz se despediu da plateia com Saudades do Baden. Como já passava das 23 horas e não havia segurança na Praça José de Alencar, uma parte do público preferiu não insistir pelo bis, que acabou não acontecendo. O que não foi problema, já que Nonato Luiz tinha dado ao público uma dose de boa música.

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Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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