Por George Pedrosa (georgepedrosa@opovo.com.br)

Um dos destaques da bossa nova e do jazz nas noites paulistanas, Bira e o Quarteto do Jô apresentam-se hoje, às 22 horas, no clube Náutico Atlético Cearense. O show conta com participação especial dos cantores Nereu Rivera e Ana Canário. Famoso tanto pelo talento musical quanto pelo bom humor, Ubirajara Penacho dos Reis, vulgo Bira, maestro do Programa do Jô, marcou os telespectadores com sua risada extravagante e reações bem humoradas aos comentários do apresentador.

Baiano de 77 anos, pai de três filhos, Bira é um baixista respeitadíssimo pelos brasileiros aficionados por música instrumental. Iniciou sua carreira como cantor em 1957, quando fazia parte do coral da Universidade Federal da Bahia. Em 1969, passou a trabalhar na televisão como contrabaixista do Programa do Chacrinha. No ano seguinte, entrou na orquestra do programa Silvio Santos, onde trabalhou por quase vinte anos.

Começou a trabalhar com Jô Soares em 1988. Já na primeira aparição, numa entrevista com o ex-presidente Fernando Collor, então governador de Alagoas, sua risada histriônica em reação aos comentários do apresentador e dos convidados ganhou destaque. Desde então, é praticamente um coadjuvante do programa.

Estudioso incansável da música brasileira, principalmente da bossa nova, Bira relembra grandes artistas que conheceu em mais de 50 anos de carreira, como Wilson Simonal, que considera um ídolo pessoal, e Raul Seixas. Em seus comentários, faz questão de salientar o talento de músicos desconhecidos do grande público, como Emilio Santiago e José Augusto Vasconcelos.

Com as apresentações do Quarteto, Bira espera abrir espaço e trazer atenção para novos artistas da bossa nova. “Quero mostrar que esse ritmo brasileiro é um dos melhores ritmos do mundo”. Criticando a falta de prestígio à música erudita nacional, ele cita o exemplo de Rosa Passos, que trabalha com grandes artistas internacionais, como Ron Carter, mas é pouco conhecida no Brasil. Segundo Bira, Quincy Jones, famoso produtor musical americano que trabalhou com Michael Jackson, uma vez disse que Wilson Simonal seria bilionário se trabalhasse nos Estados Unidos. Ele afirma que, no período da ditadura militar, a bossa nova era desprezada pelos locutores e apresentadores de rádio, pois era vista como um ritmo rebuscado, apreciado somente por estudiosos da música, impressão que ainda hoje persiste.

Nos intervalos entre as apresentações de canções no Náutico, Bira vai contar piadas e recordar episódios curiosos de sua carreira. Ele promete um espetáculo simultaneamente sofisticado e divertido, regado a jazz tradicional, bossa nova e MPB. Acima de tudo, quer fazer sua parte para popularizar um dos ritmos mais tradicionais do País e quebrar a imagem de música “elitista” da bossa nova. “Música, acima de tudo, é alegria”, afirma, pontuando a declaração com sua risada característica.

SERVIÇO
Quando:
Hoje, às 22h.
Onde: Náutico Atlético Cearense. Av. Abolição, nº 2727, Meireles.
Venda de mesas no próprio clube.
Informações: 3242.4310 ou 32439300

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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