Integrante do grupo vocal MPB-4, o músico Antônio José Waghabi Filho, mais conhecido pelo apelido de Magro, faleceu na manhã desta quarta-feira (8) vítima de um câncer de próstata. O cantor já estava internado no CTI do Hospital Santa Catarina, em São Paulo, desde a última terça-feira (3) para tratar da doença, que ele havia descoberto há 10 anos e já estava diagnosticado com metástase. Segundo a família, após o velório na Beneficência Portuguesa de São Paulo, corpo será cremado hoje no Cemitério da Vila Alpina, na Zona Leste paulistana.

Nascido em Itaocara, região noroeste do Rio de Janeiro, em 14 de novembro de 1943, Magro formou o MPB-4 em 1963, quando se juntou ao trio Ruy, Aquiles e Miltinho, que dava suporte musical ao Centro Popular de Cultura da Universidade Federal Fluminense, em Niterói (na época eles se batizaram Quarteto do CPC). Antes, ele havia estudado piano com Pepita Machado e integrou, como clarinetista, a banda Sociedade Musical Patápio Silva. Em 1959, já morando em Niterói, ele estudou com outros grandes nomes da música brasileira como Eumir Deodato, Guerra Peixe, Isaac Karabtchewsky e Lindolpho Gaya. Profissionalmente, ele começou em 1960 tocando vibrafone no conjunto de bailes Praia Grande.

Junto do MPB-4, Magro Waghabi fez história, principalmente como um dos principais intérpretes da obra de Chico Buarque, que eles conheceram em 1965. O compositor carioca acabou ganhando uma cadeira cativa na discografia do grupo desde a estreia, em 1966. Só naquele ano foram quatro músicas de Chico – Juca, Sonho de um Carnaval, Olê Olá e Tereza tristeza. Em outubro do ano seguinte, a parceria voltaria a fazer história no palco do teatro Paramount, quando o MPB-4 acompanhou Chico no antológico Festival de Música Popular Brasileira. Junto, o quinteto apresentou Roda Viva e ficou em terceiro lugar.

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Foram 33 discos com o MPB-4, ao longo de 46 anos de carreira. O último deles foi Contigo Aprendi, uma coletânea de boleros clássicos, vertidos para o português, lançada este ano pela gravadora Biscoito Fino. Bem recebido pela crítica, o disco já chegou paralelo a outro projeto do quarteto, um show onde eles se apresentariam sozinhos no palco, sem uma banda de apoio. A proposta era reviver um formato de início de carreira. Aquiles lamentou a morte do parceiro numa curta nota publicada no site oficial do grupo. “Depois de longa luta pela vida, Antonio José Waghabi Filho, o Magro do MPB4, nos deixou. Com ele vai junto uma parte considerável do vocal brasileiro. Com ele foi a minha música”.

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Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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