ROSA PASSOS Crédito Vitor Sá 2

Abrindo a etapa fortalezense do Festival de Jazz & Blues de Guaramiranga, a cantora baiana Rosa Passos se apresentou na noite da quarta-feira (14) no palco do teatro Via Sul. Afastada da capital cearense há cerca de 20 anos, sua presença foi aguardada com muita expectativa por um público ansioso por rever sua técnica impecável e sua voz peculiar. Com cadeira cativa nos principais festivais de jazz do mundo, a cantora e violonista veio apresentar seu disco É luxo só, lançado em 2012 pela Biscoito Fino, em homenagem à saudosa Elizeth Cardoso. Limitando-se ao microfone, a intérprete foi acompanhada por uma banda experiente de violão, baixo, bateria e piano. Mesmo que seja reconhecida pelo violão certeiro, foi Lula Galvão quem assumiu o instrumento, exibindo igual maestria. Indo profundo nas interpretações, a baiana de tons suaves escolheu um repertório certeiro e quase populista para seu retorno ao Ceará. Cantando o disco novo praticamente na íntegra, ela emocionou o público com pérolas certeiras como As rosas não falam (Cartola), É luxo só (Ary Barroso/ Luiz Peixoto) e Palhaçada (Haroldo Barbosa/ Luis Reis). Reiterando repetidas vezes e emoção de voltar ao Ceará, Rosa Passos não perdia a chance de elogiar a boa resposta da plateia. Ao lado do filho, o baixista Paulo Paulelli, ela ainda abriu uma sessão de improviso quente para Só danço samba (Tom Jobim/ Vinicius de Moraes) transformando a bossa num be bop. Entre tantas conhecidas, um ponto alto do show ficou para a sinuosa Verão, composição própria ao lado de Fernando Oliveira, pescada do disco Pano pra manga (1996). No show de Fortaleza, a cantora aproveitou para adiantar o disco que pretende lançar este ano somente com canções de Djavan. Compositor frequente ao longo da carreira de Rosa, o alagoano teve, entre outras, Dupla traição e A ilha recriadas em cores ainda mais passionais. Se, para um público saudoso, a ausência do violão de uma das musicistas brasileiras mais respeitadas no exterior é um prejuízo, por outro lado ela buscou compensar com uma simpatia contagiante. Fica o convite para um retorno imediato.

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Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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