bossacucanovaUm efeito positivo da importância que a Bossa Nova adquiriu para a música brasileira, tanto dentro do Brasil como no exterior, é constante curiosidade das novas gerações sobre o assunto. Por conta disso, são muitas as publicações e releituras que lançam novos olhares sobre o estilo sessentão. É o caso de Bebel Gilberto, Fernanda Porto e do trio carioca Bossacucanova.

Formado há 15 anos pelos músicos e produtores Alex Moreira, Marcelinho Da Lua e Marcio Menescal, o Bossacucanova trouxe a velha bossa para uma juventude pouco íntima de Tom Jobim, Carlos Lyra e Jorge Ben. Para facilitar esse acesso, eles misturaram a batida da bossa com sons eletrônicos, modernos e dançantes. O resultado é um molho tipo exportação que chega ao seu melhor ponto agora, no disco Nossa onda é essa.

Sexto trabalho do trio, Nossa onda é essa, lançado pela Coqueiro Verde, tomou seis anos de apuração e se aproxima mais do samba-rock, sem perder a Bossa Nova de vista. Entre preciosidades revisitadas e (poucas) canções inéditas, as 11 faixas do disco proporcionam um baile suingado, vitaminado pela presença de convidados ilustres. Wilson Simoninha bota mais ginga em Waldomiro Pena (Jorge Ben) e Adeus América (Geraldo Jacques/ Haroldo Barbosa), essa última com o reforço grandioso dos Cariocas. Em arranjos espaciais, Deixa a menina (Chico Buarque) ganha a voz de Maria Rita, enquanto A pedida é samba (Roberto Martins/ Jair Amorim) traz a sempre necessária Elza Soares. Mas o grande destaque fica para Emílio Santiago no arranjo lisérgico de É preciso perdoar (Alcyvando Luz/ Carlos Coqueijo).

Quando o assunto é produção autoral, o Bossacucanova também não faz feio. Balança é um samba-rock acelerado cantado por Cris Delano. Sublinhada pelo violoncelo de Jacques Morelenbaum, Ficar tem letra de Ronaldo Bastos e voz de Marcela Mangabeira. Já Rio de inspiração, tem (boa) letra e voz de Paulinho Moska. No entanto, é bem verdade que o grupo se sai melhor em regravações e na escolha seleta dos seus convidados. Embora essa nova geração de bossanovistas pareça ter um prazo de validade, é fato que eles ajudado a manter uma chama acesa.

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Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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