1Natural de Belo Horizonte, Lorena Chaves conseguiu alguma exposição midiática quando participou do programa Ídolos, na Rede Record, em 2008. No entanto, curiosamente, é pela Som Livre, braço musical da Rede Globo, que a mineira lança seu disco de estreia, batizado apenas com seu nome. Com 26 anos e dona de uma voz grave, afinada e ainda em construção, Lorena reuniu 12 composições próprias, todas com forte acento pop e folk. Despretenciosa como compositora, ela aposta num clima ensolarado ao abordar temas variados, como amor, comportamento, cotidiano e a modernidade. Por si só, tal variedade já dá alguns créditos à artista, se comparada às suas colegas de geração. Se é de se fazer alguma comparação, é possível encontrar no disco Lorena Chaves algo do duo Agridoce, de Pitty e Martin Mendonça. Embora não seja de todo ousada, a cantora também busca algumas soluções criativas para suas melodias. Um bom exemplo disso é a delicada balada Na contramão. Única parceria do disco, Cartão-Postal é dividida com Marcos Almeida, do grupo Palavrantiga, e Marcela Vale, e trata com leveza do antigo hábito, apagado pelos emails, de se enviar cartas. Amor que eu quero também se destaca ao falar do cotidiano banal de um casal comum, algo bem no estilo Los Hermanos. Apesar do erro gramatical do título, Aonde está o seu amor? mostra a inquietação de Lorena sobre a indiferença dos novos tempos (“Como se acostumar com a dor e a miséria sem se comover”), assim como Memórias de um Narciso (“Estou preso em meio a um labirinto cheio de espelhos”). Buscando algum diferencial, Lorena Chaves deixa boas impressões na estreia e expectativa de alguns passos adiante num próximo disco.

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Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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